Dilma admitiu “erro na dosagem”, mas quem sofre os efeitos colaterais com alta dos preços, desemprego, perda do poder de compra são os brasileiros.
Nos últimos meses, o brasileiro tem convivido com a divulgação de números que refletem o período de recessão que o País está enfrentando. A cada mês, os índices mostram as consequências político-econômicas da presidente Dilma Rousseff. Nesta semana, mais uma vez, a população se depara com um dos piores fantasmas que assombram a crise: o desemprego. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram que o Brasil, em abril, fechou 97,8 mil vagas com carteira assinada, a primeira vez, desde 1992, quando começou a série histórica, que o mês termina com resultado negativo. Na comparação com março, houve queda de 0,24% no número de trabalhadores com registro em carteira. Na média nacional, a indústria de transformação foi a responsável pelo maior número de encerramento de empregos formais, com fechamento de 53.850 postos no setor.
Em Mato Grosso do Sul, os números seguem a tendência. Em abril, no total, foram criados 1.313 postos de trabalho, 83% a menos que o saldo de igual período do ano passado, que totalizou 7.713 empregos. Construção civil foi responsável por 10.307 desligamentos contra 8.925 admissões; comércio, o segundo no ranking, teve 26.392 demissões contra 25.298 contratações. A indústria de transformação fechou 654 vagas. O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, justificou que o País foi afetado por momento de ajuste e culpou embate político como causador de parte do resultado negativo. Mesmo com as desculpas, admitiu que o Caged do mês passado foi pior do que o esperado.
O que o governo federal demorou, mas, enfim, está admitindo, é que teve vários erros nos últimos anos. Até a presidente disse que pode ter cometido “algum erro de dosagem” nas medidas econômicas, em pronunciamento feito em março deste ano.
O problema é que, a esta altura do campeonato, está difícil vislumbrar uma saída no fim do túnel. O endividamento do setor público disparou no governo petista, gastando, em 2014, R$ 32,5 bilhões a mais do que arrecadou em tributos. A dívida pública líquida subiu pela primeira vez, desde 2009; a redução dos preços da energia em 2012 e o do transporte público em São Paulo, após as manifestações, foram artifícios que funcionaram momentaneamente, mas, em algum momento teriam que ser repassados: a inflação foi galopante, passando de 5,91% em 2013 para os 8,13% dos últimos doze meses.
Como não poderia deixar de acontecer, o elo mais fraco da cadeia é a população. E os números do Caged são a prova disso. Especialistas avaliam que o resultado do cadastro geral este mês é bastante negativo, mas que o desemprego pode ajudar no processo de correção do desequilíbrio da inflação. Embora o governo não admita, explicitamente, reduzir o mercado de trabalho tem como reflexo a desaceleração no consumo e, com isso, influencia diretamente no índice inflacionário. Ou seja, mais uma vez, o brasileiro paga pela ingerência petista. Dilma admitiu “erro na dosagem”, mas quem sofre os efeitos colaterais com alta dos preços, desemprego, perda do poder de compra são os brasileiros.