Os impasses transformaram-se em uma bola de neve, pela reação em cadeia dos aumentos de produtos, do aumento dos índices de desemprego e, inevitavelmente, da redução do consumo
Funcionários públicos e governantes preocupados com as finanças. Foi o que acompanhamos nessa semana, diante de números apresentados pelo governo estadual e pela Prefeitura de Campo Grande, sobre as quedas na arrecadação. A redução mais significativa foi no Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), a principal receita das administrações. Entretanto, os repasses federais também diminuíram e estão impactando nas contas. Estamos todos sofrendo os efeitos da crise, que parece não dar trégua. Os impasses transformaram-se em uma bola de neve, pela reação em cadeia dos aumentos de produtos, dos cortes promovidos por indústrias, do aumento dos índices de desemprego e, inevitavelmente, da redução do consumo.
O desgaste político à presidente Dilma Rousseff era inevitável e ficou evidente nos protestos que ganharam as ruas do País ou nas pesquisas que apontaram os índices negativos de avaliação.
Pesquisa Datafolha divulgada em março apontou que 62% consideram o Governo como ruim ou péssimo. Já o Ibope apontou reprovação de 64%. O Governo do PT não conseguiu manter o equilíbrio financeiro e vê seus correligionários envolvidos em escândalos de corrupção que desfalcaram os cofres públicos. O reflexo da desordem, agora, também acabará atingindo gestores municipais e estaduais que sofrem com os efeitos deletérios da política econômica equivocada. A consequência será inevitável em decorrência das dificuldades de caixa para colocar em prática as promessas de campanha, lançar novos investimentos ou atender os apelos por reajuste salarial, demanda mais urgente nesse momento.
A prefeitura da Capital quer economizar R$ 20 milhões na folha de pagamento do Município promovendo cortes em gratificações de todas as secretarias. A medida é inevitável para que o Município não sofra consequências ainda mais severas, caso ultrapasse o limite prudencial de 51,3% de comprometimento dos gastos com pessoal, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Hoje os dispêndios já alcançam 49%.
Nem assim, é possível precisar ainda como ficará o reajuste dos funcionários. A queda na receita também afeta de forma drástica os cofres estaduais, permanecendo também a incerteza sobre os aumentos que são concedidos sempre no mês de maio.
Desde a campanha eleitoral falava-se da necessidade de recuperar a credibilidade ante investidores, que estavam desacreditados na política econômica brasileira. A presidente Dilma Rousseff e demais petistas insistiam na tese de que tais afirmações tinham cunho eleitoral e que não retratavam a realidade brasileira. No cenário atual, a situação inverteu-se e percebemos que, na verdade, as declarações não passavam de utopia. Agora, está fragilizada a credibilidade diante de todos os brasileiros, que enfrentam as mazelas das finanças e a enorme distância em relação ao que foi prometido. A “bola de neve” que atingiu o setor econômico avança sobre a política e não deve parar tão cedo. Com menos dinheiro no bolso, o servidor terá de consumir menos, os gestores precisarão controlar gastos e todos os setores - do comércio às indústrias - acabam sofrendo as consequências.