Há expectativa que, aos poucos, esse cenário nebuloso fique no passado. Começamos o ano com sinais de fôlego na economia.
A estagnação de investimentos é um dos fardos mais pesados que carregamos como herança nefasta de 2016. Crise econômica, desemprego e instabilidade política foram os fatores que culminaram no descrédito e na desconfiança de quem, outrora, pensava em investir. Planos acabaram adiados até que as finanças melhorassem. Há dificuldade para vender imóveis e poucos arriscam-se a lançar novos empreendimentos. Consequentemente, oportunidades de emprego deixam de ser criadas. Representantes do setores da construção e imobiliário classificam o último ano como um dos piores da década. Quem arriscava-se a comprar esbarrava no excesso de burocracia nos bancos, justificada até pela escassez de dinheiro e inadimplência batendo recordes.
A paradeira também atingiu o setor público, tendo efeitos ainda mais deletérios em Campo Grande. A crise política específica e os graves equívocos de gestão deixaram atraso, que precisa ser recuperado. Projetos elaborados há mais de quatro anos continuam no papel, sem perspectivas de que as obras sejam, de fato, iniciadas. A informação oficial aponta para existência de dinheiro do Governo Federal para as construções. Mas, esbarra-se em entraves semelhantes ao que ocorre na área privada. As exigências são necessárias para garantir qualidade da obra, mas não podem chegar ao ponto de inviabilizar a execução do empreendimento. Teme-se, inclusive, que a real justificativa esteja na falta de recursos para liberar o que foi “garantido” numa época em que as finanças do País estavam bem mais estáveis.
Permanece a insegurança se os 57 projetos que ainda não começaram a ser executados na Capital serão mesmo transformados em benefícios à população. Na lista, estão obras aguardadas e extremamente necessárias, a exemplo da pavimentação no Bairro Nova Lima, na saída para Cuiabá, onde várias ruas estão tomadas por crateras e tornaram-se praticamente intransitáveis. Preocupa ainda os prejuízos e desperdício de dinheiro público com as dezenas de construções inacabadas espalhadas pela cidade. Projetos terão de ser refeitos e valores corrigidos tamanha defasagem imposto pelo tempo de paralisação.
Há expectativa que, aos poucos, esse cenário nebuloso fique no passado. Começamos o ano com sinais de fôlego na economia. A inflação apresentou leve queda, no comparativo de 2016 com 2015, e houve redução de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic). Essa redução já refletiu nas linhas de crédito de bancos e, assim, abre-se a possibilidade de que investimentos possam ser retomados. Terão de ser pesados, obviamente, os obstáculos para obter o escasso dinheiro diante do temor da inadimplência. Por isso, a cautela certamente será mantida.
O flagelo da economia agrava-se por crise de confiança e, por isso, a necessidade de interferências do poder público para retomar essa credibilidade. Em Campo Grande, esse caminho começa a ser delineado, mas ainda será tortuoso e longo. Há é um alento saber que os primeiros sinais demonstram para mudanças em relação ao desastre de 2016.