O resultado da avaliação do governador é oportunidade de se rever condutas e questionar os motivos da mudança do pensamento do eleitor sul-mato-grossense.
Há nove meses, Reinaldo Azambuja assumiu o governo em Mato Grosso do Sul. Para muitos, o perfil de gestão ainda é incógnita, o que pode explicar a queda no índice de aprovação da administração tucana no Estado, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul (Ipems). O estilo discreto e comedido pode estar o prejudicando, além de ações polêmicas e que mexem no bolso da população. O resultado da avaliação do governador é oportunidade de se rever condutas e questionar os motivos da mudança do pensamento do eleitor sul-mato-grossense.
A edição de hoje do Correio do Estado mostra a oscilação do desempenho de Azambuja, segundo a população ouvida em Campo Grande. A expectativa inicial, em dezembro de 2014, era de que o governo tucano seria ótimo ou bom para 67,48% dos entrevistados, na primeira pesquisa feita pelo Ipems. O índice não se concretizou depois da posse.
A aprovação despencou em apenas dois meses, chegando a 35,69% em fevereiro de 2015. A recuperação veio em maio e julho, com percentuais de 48,75% e 46%, respectivamente. Em agosto, nova queda, 34,25% e, agora, uma leve melhora - 39,5% - mas que não chega nem perto do patamar inicial, baseado no que esperavam os eleitores da nova gestão.
O ano de 2015, infelizmente, está sendo marcado mais pelos escândalos desencadeados com as operações Lama Asfáltica e Coffee Break, do que pelas ações positivas da nova gestão. Embora haja feitos louváveis, como a Caravana da Saúde, com números expressivos de atendimentos à população pelo interior de Mato Grosso do Sul, ainda há muitas dúvidas nos rumos que a administração está tomando.
A própria caravana, modelo copiado dos estados de Goiás, São Paulo e Paraná, custa R$ 18 milhões aos cofres públicos, recursos que são repassados ao Instituto Fábio Vieira, responsável pelas cirurgias de catarata, o carro chefe do projeto. Está sendo projeto eficaz na solução em curto prazo de problemas pontuais e, por mais que deixe na cidade equipamentos e aporte de recursos, no geral, a estrutura continua praticamente a mesma, sem mudanças significativas no modus operandi via SUS.
A “terceirização” de serviços, aliás, é assunto polêmico e que ainda será tema de acalorados debates com Assembleia Legislativa. A pretensão de fazer parceira público-privada de R$ 1,7 bilhão na Sanesul já tem opositor entre os deputados: Barbosinha (PSB), que foi presidente da Sanesul até dezembro do ano passado. Justificando eficiência é que este e outras propostas semelhantes estão em andamento, como a locação de viaturas e a regulamentação das Organizações Sociais de Saúde para gestão hospitalar.
Porém, o que está ganhando no quesito de impopularidade é o pacote de tarifas preparado pelo Executivo. A ampliação da cobrança do IPVA foi aprovada, mas o aumento das taxas de produtos considerados supérfluos e do ITCD (Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação) ainda estão rendendo debates e críticas de parlamentares. Aumentar impostos nunca é considerada melhor opção pela população; caso não mostrem a eficiência desejada para desenvolvimento do Estado, é certo que irão contribuir negativamente para o desempenho de Azambuja nos próximos meses.