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Trânsito e poluição nas cidades: soluções alternativas

*Fernanda dos Santos Okida: Acadêmica de Administração UFMS de Três Lagoas ([email protected]) *Isabelle Dias Carneiro Santos: Docente do curso de Direito da UFMS de Três Lagoas

Redação

01/04/2015 - 00h00
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Quando pensamos em poluição ambiental, um dos principais causadores que nos vêm à cabeça são os automóveis, cujos gases poluentes emitidos pelos escapamentos desses veículos que circulam por todo o país, contribuem ainda mais para acabar com a nossa já tão abalada camada de ozônio. Além disso, quando se pensa em sair de casa, especialmente em cidades grandes, a primeira preocupação dos cidadãos, sejam eles pedestres ou motoristas, é com o trânsito. E qual a razão disso? A mesma: o excesso de veículos nas ruas.

Mas o que fazer para melhorar essa situação quando o transporte público brasileiro deixa tanto a desejar em vários aspectos, fazendo que milhares de cidadãos prefiram andar de carro (e que aqueles que não o possuem acabem comprando um, por mais difícil que seja ou por mais endividados que fiquem) a ter de enfrentar um ônibus lotado, muitas vezes atrasado, para chegar até seu emprego, seu colégio ou faculdade?

Além de enfrentar situações como essas, atualmente se corre o risco de embarcar em um ônibus e ele acabar sendo queimado por bandidos, que dão a desculpa de estarem protestando por algo – e esse algo, muitas vezes, acaba por ser a melhoria do próprio transporte público... Mas por que protestar pela melhoria dos ônibus queimando-os, se a reclamação mais frequente da população é a falta deles em circulação, causando os atrasos e excessos de lotação que tanto presenciamos ou de que tanto ouvimos falar nos jornais? Com esta atitude, quem acaba perdendo é a própria população, pois serão menos ônibus circulando.

No Brasil, uma alternativa muito utilizada pelas pessoas para evitar os atrasos e o trânsito caótico de cidades grandes é o uso dos metrôs, que, após a Copa do Mundo que ocorreu no país em julho do ano passado, melhoraram bastante. Agora é possível ir até lugares que antes só poderiam ser acessados de ônibus ou carro, o que facilitou muito a vida dos brasileiros que vivem nessas cidades.

Apesar de os metrôs terem melhorado bastante nesses últimos tempos, eles precisam melhorar ainda mais para que nosso sistema metroviário possa ser comparado ao dos países desenvolvidos ou ser reconhecido internacionalmente pela boa qualidade no serviço e, assim como na Europa, por exemplo, possa haver pessoas de classe alta deixando seus carros na garagem e utilizando esse tipo de transporte público. 

Outra opção que se está espalhando pelo Brasil é o uso das bicicletas como meio de transporte alternativo. Na capital do estado de São Paulo, por exemplo, o governo municipal vem incentivando cada vez mais o uso delas por meio da construção de quilômetros de ciclovias pelas ruas, para assim tentar evitar o caos do congestionamento e da poluição. Essa iniciativa vem tendo, no entanto, uma resposta muito negativa da população, tanto no que diz respeito à aceitação quanto no que tange ao elevado número de mortes. Muitos motoristas estacionam seus carros nas ciclovias impedindo a passagem das bicicletas ou até mesmo cortam caminho através delas; pedestres caminham, sem medo, por essas passagens e comerciantes reclamam que a ciclovia impede o estacionamento de carros de fornecedores e de clientes, prejudicando as vendas de seus estabelecimentos comerciais.

Portanto vemos que há maneiras alternativas de se evitar o aumento do congestionamento, o estresse do trânsito e o agravamento da poluição do ar, porém parte da própria população não tem o interesse de contribuir utilizando esses meios, aceitando-os como transporte viável e apoiando o seu uso.

editorial

Depurar a polícia para fortalecer a lei

Policiais que se corrompem colocam em risco mais do que suas próprias carreiras, comprometem a integridade de todo o sistema de segurança pública

04/12/2025 08h30

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A investigação conduzida pela Polícia Federal envolvendo dois policiais de Mato Grosso do Sul – um militar e outro civil – suspeitos de ligação com o contrabando é mais do que necessária: é fundamental para a saúde institucional do País. A depuração interna, especialmente quando atinge aqueles que deveriam zelar pela lei, é um dos pilares de qualquer sistema de segurança pública que pretenda inspirar confiança. Porque, para que a polícia funcione a contento, não basta treinar, equipar ou ampliar efetivos, é preciso oxigenar constantemente suas estruturas, renovar práticas e reafirmar o compromisso ético de seus integrantes.

Uma polícia não pode ser guiada por convicções pessoais, crenças particulares ou simpatias ideológicas. Sua atuação deve ser ancorada em fatos, provas e legalidade. A independência funcional não é luxo, é condição indispensável para que a instituição cumpra seu papel de proteger a sociedade e manter o funcionamento correto das instituições democráticas. Quando um policial se afasta desse caminho, toda a corporação sente o impacto. Quando dois, três ou mais o fazem, instala-se o risco de corrosão da credibilidade – e confiança perdida é difícil de recuperar.

Policiais que se corrompem colocam em risco mais do que suas próprias carreiras, comprometem a integridade de todo o sistema. Um agente que hoje se alia ao contrabando – atividade historicamente ligada ao crime organizado e ao financiamento de facções – pode amanhã se associar a delitos ainda mais graves. E quando essas “maçãs podres” não são identificadas e afastadas rapidamente, o prejuízo institucional se amplia: a população passa a desconfiar da capacidade do Estado de se proteger de dentro para fora. A sensação de impunidade alimenta a descrença no sistema de Justiça e fragiliza o combate ao crime.

O combate sério à criminalidade começa dentro da própria polícia. Antes de enfrentar quadrilhas nas ruas, é necessário ter a certeza de que ninguém dentro da corporação atua em sentido contrário, prestando serviço clandestino às mesmas organizações que se pretende combater. A depuração interna, quando bem conduzida, eleva o padrão ético da instituição, fortalece o controle e envia à sociedade a mensagem de que corrupção não será tolerada, venha de onde vier.

Em Mato Grosso do Sul, essa necessidade é ainda mais urgente. O Estado, que faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai, é um dos principais corredores logísticos de organizações criminosas brasileiras. Do tráfico de drogas ao contrabando, passando pela circulação de armas e mercadorias ilegais, a pressão do crime organizado sobre servidores públicos é permanente. Isso exige das forças de segurança um trabalho redobrado de investigação interna, monitoramento de condutas, treinamento contínuo e políticas firmes de integridade.

É assim que se constrói segurança pública de verdade: com instituições que têm coragem de olhar para dentro, admitir falhas, responsabilizar culpados e preservar quem trabalha corretamente. A Polícia Federal, ao investigar policiais suspeitos de envolvimento com crimes de fronteira, reafirma esse compromisso. O caminho da depuração é duro, mas é o único capaz de garantir que as forças de segurança continuem sendo o que a sociedade espera delas: guardiãs da lei, e não cúmplices de quem a viola.

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ARTIGOS

Multar no trânsito é o suficiente?

Dados corroboram o pensamento de que dirigir pode ser estressante e até mesmo desafiador, principalmente se observarmos um contexto em que muitos buscam vantagem sobre o próximo

03/12/2025 07h45

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Dirigir é um ato de responsabilidade. Ter atenção ao volante e cuidados antes de pegar a estrada – como não ingerir bebidas alcoólicas, por exemplo – são parte do papel do motorista dentro da sociedade, apesar de extremamente necessárias.

Para além disso, a cordialidade e o respeito com os demais condutores são pilares para o cotidiano saudável nas vias. No entanto, o que se percebe é bem diferente.

Uma pesquisa divulgada em 2024 pelo Instituto Real Time Big Data, que analisou o comportamento dos brasileiros no trânsito, revelou que mais de 80% dos entrevistados já xingaram outros motoristas, enquanto quase 70% já realizaram gestos obscenos.

Os dados corroboram o pensamento de que dirigir pode ser estressante e até mesmo desafiador, principalmente se observarmos um contexto em que muitos buscam vantagem sobre o próximo.

Entre ofensas e irresponsabilidades, uma pergunta surge: multar é o suficiente? Para levantar o debate, o olhar deve ser direcionado primeiramente para o ponto de origem. Formar condutores não deve se limitar a preparar para o exame da CNH.

É essencial que o processo estimule a compreensão de que a melhor direção é a defensiva, fundamental para garantir segurança e respeito no dia a dia.

Somado a isso, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) garante que “o maior protege o menor”, de acordo com o artigo 29, parágrafo 2°. A base é precisa e ainda estabelece um limite entre os motoristas, que optam por ignorar a norma a fim de economizar segundos no tempo do trajeto. É em casos como esse que acidentes são flagrados diariamente e o egoísmo nas estradas fica escancarado.

Conectada ao individualismo, a imprudência recebe destaque. É comum telejornais noticiarem tragédias provocadas pela falta de responsabilidade, como acidentes envolvendo pessoas alcoolizadas ao volante e avanços do sinal vermelho.

O cenário, por mais que seja um forte exemplo de condutas que não devem ser seguidas, é rotineiro e, muitas vezes, fatal.

Levar a educação ao trânsito vai além da aplicação de simples multas. É preciso que o condutor compreenda seu papel dentro do convívio social e estabeleça o respeito pelo próximo mesmo que não esteja dirigindo – uma vez que um bom pedestre precede um motorista consciente.

A aplicação de multas nesse contexto é importante, mas corre o risco de ser apenas um paliativo dentro de tantas mudanças a serem feitas.

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