Distribuir oportunidades traria mais segurança, repartição de renda e propiciaria crescimento mais igualitário.
Os indicadores de empregos em Mato Grosso do Sul sinalizam possíveis melhorias, mas seria prematuro antecipar qualquer comemoração. O Estado fechou o mês passado ainda com saldo de 466 postos de trabalho extintos, resultado que preocupa, mas ameniza a catástrofe de julho, quando 1,8 mil vagas foram fechadas. Há, ainda, um prejuízo abissal a ser superado, considerando que o País conta com 13 milhões de desempregados.
Desafio que se torna ainda mais preocupante diante da crise política, resultado dos sucessivos escândalos de corrupção e das revelações decepcionantes sobre crimes cometidos para desviar dinheiro público. O crescimento dependerá da iniciativa privada, que também se ampara na credibilidade do governo para alçar a retomada de confiança e assegurar investimentos. É preciso obter garantias mais contundentes de que a possibilidade de alcançar a solidez não será evanescente, ao ser desconstruída por irresponsabilidade política.
Último relatório do Banco Central indica sinais compatíveis com a recuperação gradual da atividade econômica, ao contemplar na análise a trajetória dos principais indicadores financeiros. Corrobora-se, assim, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), incluindo a revisão feita pelo IBGE de 0,5% para 0,7%. Essa perspectiva é ainda mais animadora em Mato Grosso do Sul, onde se estima crescimento real de 2,4% para este ano.
O agronegócio tem sido o peso predominante nessa balança e o resultado animador provém justamente da safra recorde de grãos. O campo também foi, em anos anteriores, responsável por segurar dados positivos no mercado de trabalho. Mas, no mês passado, acabou fechando em baixa, com 600 postos de trabalho extintos. Consequência da entressafra, com a lacuna da colheita do milho safrinha até início do plantio da próxima safra de soja, para o qual o preparo da terra já foi iniciado, mas aguarda-se a chegada da chuva.
Obviamente, fatores sazonais influenciam no mercado de trabalho. As construções de grandes fábricas em Três Lagoas impulsionaram as vagas de trabalho naquela cidade, que, em meio à recessão econômica nacional, foi recordista de empregos. Recentemente, o término de algumas obras e a suspensão de outras “pesaram” na redução de contratações na construção civil no País. No entanto, estratégias foram usadas para tentar garantir ânimo ao mercado, a exemplo da liberação dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O poder público ainda precisa ampliar seu trabalho de estímulo ao empreendedorismo e organização para novas ações baseadas no potencial econômico de cada região, avaliando aquelas que ainda não são mais bem aproveitadas.
Em momento de crise, é preciso tirar lições das falhas que contribuíram para os problemas econômicos. Obviamente, a correção exigiria o combate e rigor contra a corrupção, algo que ainda custamos a acreditar. Mas também demonstra que a força econômica não pode ser concentrada nos grandes investidores, como ocorreu com a JBS, com forte apoio dos governos. Distribuir oportunidades traria mais segurança, repartição de renda e propiciaria crescimento mais igualitário à sociedade. Os desafios ainda são enormes.