O empresário otimista tem planos que ajudam a todos. Ele pensa em aumentar seus estoques, vislumbra vender mais e, por consequência, contratar mais gente.
Otimismo e pessimismo, duas palavras antagônicas, que dizem muito sobre uma crise, e como sair dela. Elas influenciam diretamente a atividade econômica. Em uma situação difícil, de desemprego, demissões e perda do poder de compra da população, como se encontra o Brasil atualmente, o fato de o empresário ter boas perspectivas para o médio prazo, é uma notícia excelente.
Pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul (Fecomércio) aponta essa retomada do otimismo. Nos últimos 13 meses, como detalhamos em reportagem desta edição, o Índice de Confiança do Empresariado no Comércio (Idec) chegou ao nível 100, o maior desde setembro de 2015, quando atingiu 86,5.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, também trouxe boas notícias. No mês de agosto, o mercado contratou mais do que demitiu. Mais empregos formais foram gerados, como também explicaremos adiante em outra reportagem.
A retomada do otimismo por parte dos empresários está para a economia, como a adrenalina está para um corpo apático, sonolento. Ele é contracíclico, e por ter esta característica, pode fazer a engrenagem do mercado mudar o sentido da rotação.
O empresário otimista tem planos que ajudam a todos. Ele pensa em aumentar seus estoques, vislumbra vender mais e, por consequência, contratar mais gente. Investimento no sentido estrito da palavra. Mais dinheiro circula no mercado.
O capital investido se retroalimenta. O que começa como um reforço de estoque, ou reforma de uma loja, ou a divulgação de seu produto, por exemplo, pode gerar empregos no próprio estabelecimento comercial, em profissões liberais ligadas à construção civil, e também na indústria. Com mais gente contratada e empregada, o consumo aumenta.
Alguns números do mercado ainda poderão ser negativos nos próximos meses. Mas o fim do pessimismo que imperou nos últimos três anos pode significar que a economia está emergindo, saindo do fundo do poço em que estava e nadando rumo à superfície.
O economista grego Yanis Varoufakis, em seu livro “Minotauro Global”, que explica os motivos que levaram à crise de 2008, analisa os ciclos econômicos e conceitua o fenômeno econômico do “paradoxo da profecia”: se cada um fizer uma previsão de bons tempos, bons tempos virão e previsões otimistas se confirmarão. Mas se profetizarem maus tempos, maus tempos virão, validando o pessimismo original. O trabalho de Varoufakis, é um dos livros mais vendidos e falados do planeta atualmente.
É este “paradoxo da profecia” que age como desestabilizador dos cálculos exatos de economistas ligados ao mercado financeiro. Por mais que os números falem por si, a imprevisibilidade do comportamento humano gera as crises, e nos tira delas. Estas variáveis podem ser chamadas de pessimismo e otimismo.
Que os bons ventos soprem para quem empreende. São as demandas futuras que fazem a economia melhorar no presente. A concretização de planos, leva o empresário a aplicar recursos agora, com a expectativa de ter o seu retorno mais adiante. Esse dinheiro desembolsado agora, aumenta a liquidez, e é uma excelente notícia, pela perspectiva que gera.