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Confira o editorial deste domingo:
Medidas extremas

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Medidas extremas

Redação

19/02/2017 - 03h00
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Todos os esforços são necessários e bem-vindos para tirar o Estado do vermelho, hoje, com deficit mensal de aproximadamente R$ 60 milhões

As expectativas de recuperação da economia brasileira ainda se mantém, porém, a avaliação geral de economistas é que não será em 2017 que o Brasil vai sair da crise. Por isso, as medidas de contenção de gastos do Governo do Estado são prementes. O sinal de alerta ganhou tons desesperadores com a abrupta queda da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre o gás boliviano, que passou R$ 79,3 milhões este ano, média arrecadada em 2016 para os atuais R$ 38,6 milhões.

Para Mato Grosso do Sul, um baque nas contas. Por ano, R$ 600 milhões deixaram de entrar no caixa estadual, com a redução na compra do gás boliviano pela Petrobras. 

O pedido de socorro feito pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao presidente da República, Michel Temer, na última semana, foi tentativa de reverter a situação nas negociações com a estatal. Ainda não há resultado prático dessa intermediação, mas é alento de que, aparentemente, há disposição em  se resolver o problema. Também foi oportunidade de se mostrar a união da bancada federal de MS que, na quarta-feira passada reuniu-se com Azambuja para discutir como viabilizar a recomposição dos índices de arrecadação do ICMS. Vê-se um esforço, apartidário, em prol do Estado, o que às vezes é comprometido com interesses ou linhas de atuação diferenciada dos partidos.

O cenário é tão preocupante que, mesmo a notícia sobre a nova rodada de regularização de ativos, representa apenas um tapa-buraco. O projeto foi aprovado na Câmara de Deputados e a matéria segue agora para o Senado. A previsão, de acordo com o governo estadual, é de injeção de R$ 100 a R$ 150 milhões, porém, com a queda nos valores do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o recurso, quando for liberado, mal compensará essa perda. Nas palavras do secretário-adjunto de Governo e Gestão Estratégica, Jader Julianelli Afonso, uma “frustração gigantesca”.

Por isso, também, da urgência da reforma administrativa. Fusão de secretarias, demissão de cerca de mil funcionários e até cancelamento de contrato de aluguéis de prédios pelo Estado estão entre as medidas já divulgadas. Outra que ainda  será formalizada, mas é tida como certa é a saída de Sérgio de Paula da secretaria da Casa Civil, justamente porque a pastar irá se fundir com a secretaria de Governo.

Todos os esforços são necessários e bem-vindos para tirar o Estado do vermelho, hoje, com deficit mensal de aproximadamente R$ 60 milhões. Mesmo quando, e se, a administração chegar a resultado razoável, as medidas de contenção precisam e devem ser mantidas. Há, obviamente, ações que serão radicais, de cortes extremos, mas necessários, porém, também não deixa de ser readequação para se tirar “as gorduras”, das contratações de apadrinhados políticos e gastos sem planejamento. Muitas vezes, é na dor que se aprendem lições, neste caso, de administração austera e responsável.