Essa “nova oferta” forçará todos a buscar melhorias aguardadas e até acabar com a imposição de preços classificados como injustos.
A polêmica com a chegada do serviço de transporte privado, por meio do aplicativo Uber, já era esperada em Campo Grande, seguindo o que ocorreu em praticamente todas as cidades onde a empresa instalou-se. Taxistas, obviamente, queixam-se do que denominam concorrência desleal.
O atual prefeito Alcides Bernal e o prefeito eleito Marcos Trad já declararam a necessidade de regulamentar a atividade, mas esses detalhes ainda não foram discutidos. Certamente, as normas são necessárias. É imprescindível que essa revisão seja ampliada para todos os prestadores de serviços, considerando as frequentes queixas sobre os altos preços das corridas de táxi, com várias denúncias sobre monopólio das concessões.
Qualquer decisão precisa priorizar as vantagens aos campo-grandenses e já ficou evidente que a concorrência pode trazer benefícios, principalmente em relação aos preços. Esse é justamente o principal atrativo de quem opta pelo Uber. Comparando-se alguns trajetos, o valor pode cair pela metade. O aspecto segurança trouxe preocupações, mas todo percurso feito é registrado pelo aplicativo e é possível até compartilhar o trajeto para ser acompanhado em tempo real.
Há ainda relatos positivos em relação à qualidade dos veículos. Ficam explícitas, assim, as vantagens ao consumidor. De repente, essa “nova oferta” forçará todos a buscar melhorias aguardadas e até acabar com a imposição de preços classificados como injustos.
Ao poder público, cabe propiciar condições para que essa “competição” conte com critérios equânimes e tenha resultados positivos, possibilitando geração de empregos em tempo de crise e criando opções para que a população também possa contar com preços mais acessíveis. Infelizmente, muitos problemas são anteriores à chegada do Uber.
Sabe-se de casos em que um mesmo permissionário tem vários alvarás em seu nome ou de familiares, restando aos auxiliares (chamados de curiangos) dirigir os veículos e arcar com diárias que podem chegar a R$ 200, além de ter de entregar o carro limpo e com tanque cheio. Inevitável, portanto, que o valor cobrado acabe mais ficando mais alto. O lucro acaba ficando nas mãos de poucos.
Há anos existe a reivindicação para novos táxis na cidade e o serviço oferecido pela Uber acaba atendendo essa demanda. Sem dúvida, a quantidade de alvarás emitida precisaria acompanhar o crescimento da Capital, mas até projetos nesse sentido renderam discussão, envolvendo os taxistas titulares e auxiliares. Em várias capitais, como São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS), o serviço foi regulamentado, inclusive criando cobranças de taxas - as quais podem ser revertidas para investimentos no trânsito.
Lamentavelmente, antes disso até casos de violência foram registrados. O caminho é buscar o consenso e, para isso, a interferência do poder público torna-se fundamental.
Em qualquer atividade, a concorrência - quando aplicada de forma igualitária - pode estimular qualidade e reduzir preços, trazendo melhorias aos consumidores. Essa deve ser a preocupação dos gestores ao cumprirem com a função de regulamentar o serviço. Certamente, com ampla discussão e muita clareza.