Na grande maioria dos automóveis em circulação, R$ 200 já não são suficientes para encher um tanque com gasolina.
O s constantes aumentos no preço dos combustíveis já reduzem, consideravelmente, o poder de compra dos cidadãos brasileiros. Em Campo Grande, por exemplo, a gasolina ficou, em média, R$ 0,31 mais cara desde julho, quando a Petrobras passou a adotar a política dos reajustes frequentes, repassando várias variáveis do mercado, como oscilações no preço do petróleo e de demanda pelo órlo no Brasil e no mundo. O resultado disso, para continuar no exemplo da gasolina, foi em um custo com combustíveis 9,1% maior em um período de três meses.
Se o consumidor não sentiu os sucessivos reajustes quando eles ocorreram, agora, quando se deu conta, percebeu o impaco violento das altas consecutivas em seu bolso. Em grande parte dos veículos automotores em circulação, R$ 200 não são suficientes para encher o tanque. Há algum tempo, o preço médio de um tanque cheio oscilava entre R$ 150 e R$ 170. Em reportagens publicadas em edições de hoje, e da última sexta-feira, muitos consumidores demonstram saudade desta época recente. Os donos de postos combustíveis já revelam queda no volume comercializado. Nas distribuidoras, as vendas de etanol são 30% menos. As de gasolina, estão praticamente estagnadas e o diesel, também vende menos.
Vale frisar que as últimas administrações têm sua parcela de culpa neste descontrole do preço dos combustíveis. Nos governos petistas, de Lula e Dilma Rousseff, a Petrobras, estatal que detém a grande maioria das refinarias, absorveu por muitos anos todas as oscilações no mercado mundial de petróleo. A empresa foi utilizada para tentar - sem sucesso - controlar a inflação. Por causa desta política, enquanto a corrupção da Petrobras era desnudada por operações policiais como a Lava Jato, o valor das ações que a estatal negocia no mercado despencava.
Agora, sob Michel Temer, a Petrobras também dá sinais de estar sendo usada politicamente. Embora agrade totalmente o mercado financeiro, porque repassa todas as oscilações no preço do petróleo, tal ato aborrece o consumidor, com as constantes altas no preço. Vale lembrar que neste ano, para aumentar a arrecadação o governo federal elevou a alíquota do PIS/Cofins sobre a comercialização de combustíveis. Portanto, toda a vez que o preço do combustível sobe, a União arrecada mais, aliviando, assim, as contas públicas.
Sobre a política de repasse das variações de preço do mercado, cabe ao governo Temer, ou a diretoria da Petrobras, explicar porque os poços do pré-sal, que produzem cada vez mais, não ajudam a reduzir o impacto destas altas nos preços. O petroleo que sai do mar brasileiro é devidamente taxado? Os royaties provenientes desta exploração, são corretamente repassados?
Enquanto estes pontos não são esclarecidos pelas autoridades, o consumidor improvisa como pode. Alguns, aderem a promoções, que dão descontos progressivos a cada abastecimento. Outros, usam menos seus automóveis, e até apelam para motocicletas, veículo mais econômico, porém, bem mais inseguro. E como o petróleo ainda é a grande matriz energética do Brasil, o custo de vida, está cada vez maior.