O poder público não pode ser indiferente a tantos problemas. A Cidade Morena chega ao aniversário de 117 anos com a expectativa de ter mais fatos a comemorar.
O intuito de progresso e desenvolvimento está intrisicamente arraigado à fundação de Campo Grande. Recapitulando aspectos históricos, observa-se a evolução evidente nas ruas, nos prédios, nas casas, nos novos hospitais, escolas e, ainda, em um fluxo migratório praticamente ininterrupto desde a chegada de José Antônio Pereira e sua comitiva, vindos de Monte Alegre, Minas Gerais.
Além dos mineiros, o município atraiu pessoas de praticamente todos os estados do Brasil e de outros países, características que contribuíram para formação cultural. Construiu-se identidade marcada por várias facetas dessa riqueza de sotaques e costumes que se entrelaçam ao cotidiano do campo-grandense. As visíveis oportunidades de crescimento serviram de impulso para quem escolheu a capital sul-mato-grossense como lar. Por isso, a preocupação para que essa trajetória de progresso não seja interrompida.
Campo Grande ainda tem muito a evoluir em vários aspectos, algo que depende diretamente da contribuição dos seus moradores e também da eficiência administrativa. Quem paga seus impostos espera retornos que, infelizmente, não acompanham nem as necessidades mais básicas. Nos últimos quatro anos, novos projetos deixaram de ser idealizados e a atual gestão patina para tirar do papel obras que iniciaram ainda na gestão passada, mas que acabaram interrompidas ou simplesmente engavetadas.
Na lista há novas unidades de saúde, escolas, Centros de Educação Infantil, a revitalização às margens do Rio Anhanduí - cuja erosão avança cada vez mais para Avenida Ernesto Geisel, a conclusão do Centro de Belas Artes, finalização do Anel Rodoviário, recapeamento de ruas e avenidas, a obra do Porto Seco, entre outras.
Novidades nesse período? Algumas vias recapeadas e uma luta incessante para tentar garantir direitos básicos, como merenda nas escolas, uniformes, limpeza das ruas, serviço de tapa-buraco nas vias ou reajuste salarial de servidores. Isso sem contar a gravíssima situação do desemprego, consequência também da grave crise econômica nacional.
O município, infelizmente, deixou de atrair indústrias e enfrenta estagnação no setor de construção. Fatores que “pesaram” para agravar o quadro de 1.992 postos de trabalho fechados apenas no primeiro semestre deste ano. Campo Grande, que outrora atraía moradores de todos os cantos do País, deixou de ser “terra de oportunidades” para muitos de seus moradores, que se frustraram ao se depararem com o retrocesso. Há, inclusive, pessoas desassistidas, que foram obrigadas a morarem em barracos depois que foram demitidas.
Parece contrassenso que hoje o slogan ao lado de obras (ainda paralisadas) seja recuperando Campo Grande. Só recupera-se algo que foi perdido ou que precisa ser refeito. No caso específico, busca-se reaver o desenvolvimento e recuperar a cidade devastada pela administração malfeita. O poder público não pode ser indiferente a tantos problemas.
A Cidade Morena chega ao aniversário de 117 anos com a expectativa de ter mais fatos a comemorar. Talvez, essa busca por reverter as diversas mazelas tenha sido a motivação para que, pela primeira vez, tenha tantos candidatos a prefeito: 15 disputam votos. Ao eleitor, caberá a missão de avaliar as propostas, pensando no percurso de avanços que precisam ser continuados.