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Confira o editorial desta sexta-feira: "Novidades são bem-vindas"

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Redação

24/11/2017 - 03h00
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Em meio ao senso comum de que as estradas públicas são ruins, é importante valorizar iniciativas que buscam uma melhor qualidade das rodovias, como é feito na MS-156.

Existem algumas constatações que, de tantas vezes repetidas, integram o senso comum do brasileiro e tornam-se frases prontas. Uma delas é de que a infraestrutura do País é péssima. A afirmação é praticamente incontestável, apesar das exceções. Até mesmo as origens de nossas rodovias, portos e estradas de ferro ruins tornaram-se conhecidas por todos as obras de qualidade duvidosa, com contratos e uso dos recursos públicos mais suspeitos ainda. 

Transitar nas rodovias brasileiras é uma aventura. Quem diz isso são as pessoas que, a passeio ou a trabalho, precisam dirigir em nossas estradas. Como se não bastassem os muitos buracos e a sinalização precária – sobretudo em boa parte das vias mantidas pelo poder público –, os condutores vivem desafios constantes em meio aos excessos de velocidade e à imprudência, tão frequentes nas pistas. 

No Brasil, as rodovias concedidas à iniciativa privada tornaram-se (apesar de algumas exceções) sinônimo de boa conservação e de segurança para os motoristas. Não era para ser esta a regra, pois o mínimo que o poder público deveria fazer é garantir uma boa manutenção da estrutura existente. 

Em meio a estes lugares-comuns, de que as estradas públicas são ruins, é importante valorizar iniciativas que buscam uma melhor qualidade das rodovias. A mais recente é do governo de Mato Grosso do Sul, que experimenta em trecho de 74 quilômetros da MS-156, que liga as cidades de Amambai e Caarapó, no sul do Estado, técnica de pavimentação que utiliza concreto na base de toda a pista. 

Esse projeto, muito conhecido entre os engenheiros, mas praticamente inédito nas obras estaduais, pode, entre vários pontos positivos, dobrar a vida útil da rodovia. No caso da MS-156, o tempo médio do período de boa conservação do asfalto, que normalmente é de 5 anos, poderá chegar a 10 anos, conforme mostra reportagem publicada nesta edição. A adição de concreto na base do pavimento poderá elevar o índice que mede a resistência da pista da média atual de 60% para até 140%.

Que a iniciativa tenha sucesso, e que as previsões dos engenheiros da Agência Estadual Gestão de Empreendimentos (Agesul) se concretizem. Quando as ações são diferentes, os resultados tendem a ser outros, oxalá, melhores. O que estamos precisando no setor da infraestrutura é sair do senso comum. Até porque o que foi feito nas últimas décadas não deu certo. Estão aí várias rodovias esburacadas e em condições ruins de tráfego para provar.

Esperamos que nossos gestores ousem mais. Saiam do lugar-comum. As ações típicas dos políticos parecem não agradar mais. Prova disso são as pesquisas de opinião pública, além da grande rejeição da classe exposta nas ruas e nas redes sociais. O administrador que quiser ser “curtido” pelo público deverá fazer o que seus antecessores não fizeram antes, e de uma maneira diferente.