Gestores eficientes não aparecem apenas no momento de comemorar indicadores positivos.
A dramaticidade do cenário de crise econômica apresenta-se de forma mais intensa no mercado de trabalho. A reação ainda é lenta. As oscilações na criação ou fechamento de vagas, conforme relatório do Caged do Ministério do Trabalho, mostram a instabilidade da economia. Mato Grosso do Sul vivencia as duas vertentes dessa realidade. Até pouco tempo, “ostentava” o título de primeiro colocado no ranking de geração de vagas na comparação com outros estados, considerando o período de abril de 2016 a março deste ano. Agora, amarga a terceira pior colocação no número de oportunidades criadas, decorrente do fechamento de 1,8 mil postos no mês de julho.
O resultado nacional foi positivo, com 35,9 mil empregos criados no mês passado. Nada que compense as perdas acumuladas nos meses anteriores e nesses quase dois anos de recessão, decorrentes de erros na condução da política econômica nacional. As variações constantes e o alto índice de desemprego, que permanece sempre na média de 13 milhões, evidenciam o longo e árduo caminho para superar este momento de dificuldades. Ainda falta confiança para garantir que empresários voltem a investir no País. Ilusão acreditar que o fato de a Câmara dos Deputados ter impedido as investigações do presidente Michel Temer por corrupção garantiria a esperada estabilidade. Permanece, obviamente, a falta de credibilidade e a incerteza se os planos – baseados em reformas e até mesmo na alta de impostos – alcançarão os resultados esperados.
As brechas positivas precisam ser aproveitadas. A inflação de 2,71%, menor para o período em 18 anos, favorece o consumidor, que passa a ter maior poder de compra. Assim, há reflexos no comércio e na indústria. Há sinalização, ainda tímida, de avanços em setores que amargam indicadores negativos frequentemente. As dificuldades econômicas refletem nos cofres públicos. Governos não conseguem fechar as contas, diante da árdua tarefa de equilibrar queda na receita e aumento considerável de demandas na área social decorrente da perda de renda da população brasileira, que não consegue colocação no mercado de trabalho.
A deterioração da economia resulta em: aumento de pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), mais pessoas foram forçadas a sair do aluguel e entraram na fila da moradia ou até mesmo ampla demanda por auxílio dos benefícios sociais para garantir sobrevivência. O colapso financeiro impede que essas necessidades sejam atendidas. O sentimento de insatisfação e indignação é potencializado pelos recorrentes escândalos de corrupção, algo que dificulta ainda mais a retomada da credibilidade.
As reações ainda são lentas e a superação das dificuldades dependerá de esforços também dos representantes públicos. Gestores eficientes não aparecem apenas no momento de comemorar indicadores positivos. Pelo contrário, mostram-se presentes para adotar medidas diferenciadas, buscando novas vertentes econômicas que possam proporcionar a reação necessária ao crescimento. Mato Grosso do Sul precisa dessa resposta para voltar a contar com números positivos.