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Confira o editorial desta sexta-feira:
"Concorrência e otimismo"

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"Concorrência e otimismo"

Redação

17/11/2017 - 03h00
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O ressurgimento de pequenos frigoríficos, ao que tudo indica, isso é só o começo da retomada de um mercado mais pulverizado e sadio.

A abertura anunciada de 10 novos frigoríficos em Mato Grosso do Sul neste ano, nenhum deles ligado ao grupo JBS, mostra que, aos poucos, o mercado de carne bovina no Estado vai retomando a estabilidade e, de uma forma muito mais saudável que a prevista nos últimos meses, em meio a crise causada pelas Operação Carne Fraca da Polícia Federal, e as delações dos executivos da JBS. Reportagem publicada na edição de ontem mostra que estas novas unidade elevarão a capacidade de abates em até 1 mil reses por dia. Ao que tudo indica, isso é só o começo da retomada de um mercado mais pulverizado e sadio.

Durante quase toda a década atual, a pecuária local - uma das que têm a melhor estrutura e qualidade de produto do Brasil - ficou nas mãos do JBS, o maior grupo de produção e comercialização de proteína animal do mundo. A relação, que sempre foi desigual por causa do tamanho desta multinacional, agora tende a ser mais estável, até porque, com mais concorrência, o produtor rural deverá encontrar condições melhores de negociações, e com um preço mais estável.

Mesmo trabalhando com uma escala de abates muito inferior a de grandes grupos como JBS e Marfrig, neste ressurgimento, as pequenas unidades frigoríficas encontrarão cenário bem diferente daquele de vinte anos atrás. A evolução das técnicas de manejo, a aplicação de tecnologia de ponta em todas as etapas de produção, e sistemas de controle sanitário e fiscal muito mais eficientes que o que existiam nos tempos de outrora, serão favoráveis a operação dos pequenos frigoríficos. A desvantagem deles, em relação aos grandes abatedores, tendem a ser muito menores desta vez.

Há várias boas possibilidades pairando no ar. As pequenas plantas, por exemplo, poderão se unir para ganhar escala de abates suficiente para honrar grandes contratos de exportação. A arrecadação com impostos também tende a estabilizar-se, depois dos escândalos envolvendo o não cumprimento de termos de ajustamento de regime especial (Tares) e de denúncia de pagamento de propinas que tinham como lastro, o benefício fiscal concedido. Até nisso, o aparente monopólio de uma só grande empresa no setor era prejudicial à economia local.

É importante ressaltar que, durante esta transição na organização dos abates de bovinos em Mato Grosso do Sul, o produtor rural não deve baixar a guarda. É fundamental que ele mantenha os rigorosos padrões de qualidade do rebanho, no que se refere à alimentação dos animais e às condições sanitárias. Não menos importante é o trabalho sério que os entes governamentais vinham fazendo no sentido de catalogar as reses e rastreá-las. Tudo isso deve ser mantido, inclusive o investimento em pesquisa.

Se o Brasil é um dos maiores produtores de carne do planeta, Mato Grosso do Sul ganhou fama por produzir uma das carnes de melhor qualidade do país. Com grandes ou pequenos abatendo, o dever de governo e produtores. é que todo o trabalho dos últimos anos seja mantido.