Para que todo esse anúncio de novos leitos seja revertido em benefícios aos sul-mato-grossenses, será preciso contratar novos profissionais, comprar equipamentos...
Há muito tempo, depender de atendimento na rede pública de saúde transformou-se em sinônimo de drama e sofrimento para muitos pacientes. Nos postos de saúde, horas de espera por uma simples consulta. Já para conseguir exames ou cirurgias, pode-se levar anos. Infelizmente, nem em casos de emergência essa agonia é minimizada. Quem mora no interior do Estado depara-se com estrutura precária para atendimento e precisa enfrentar peregrinação até conseguir vagas em hospitais de Campo Grande, insuficientes até para a população local. Não há como apontar apenas um culpado por esse quadro caótico, que remonta há décadas de negligência do poder público. Há, porém, a convicção unânime de que providências precisam ser tomadas para revertê-lo, com a máxima urgência. Caso contrário, mais vidas poderão ser perdidas.
Obras de ampliação ou construção de cinco hospitais em Campo Grande não irão resolver esses problemas, mas, ao menos podem representar a chance de minimizar o colapso na saúde. A previsão é de 549 novos leitos hospitalares até o fim deste ano. Inclui-se na lista 312 vagas na rede pública nos hospitais Regional, do Trauma e do Câncer. Há ainda, outras 237 nos hospitais da Unimed e da Cassems, que estão sendo construídos na cidade. Esse “peso” da deficiência na rede pública, inevitavelmente, sobrecarrega as unidades particulares, com atendimento a pacientes ligados a convênios. Quando os serviços deixam a desejar na esfera pública, apesar dos altos impostos pagos, aquele que tem melhores condições financeiras acaba recorrendo às opções particulares, como ocorre em outros setores, como transporte e segurança.
Os investimentos na estrutura física das unidades eram bastante aguardados. Somente o prédio que irá abrigar o Hospital do Trauma acumula, em sua história, pelo menos duas décadas de expectativas de conclusão frustradas. Agora, para que todo esse anúncio de novos leitos seja revertido em benefícios aos sul-mato-grossenses, será preciso contratar novos profissionais, comprar equipamentos e bom gerenciamento para manutenção da qualidade do serviço. Hoje, esse dissonância ocorre no momento em que o Governo Federal disponibiliza recursos para construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), mas não presta qualquer auxílio aos municípios com recursos financeiros para manter as novas estrutura. Assim, os pacientes contam com prédios mais bonitos, mas, na prática, não sentem a diferença no atendimento, que seria o mais importante. Os investimentos tornam-se quase nulos no resultado final.
Pelos anúncios dos gestores, esse erro não será repetido em relação aos hospitais e o investimento completo já está assegurado. Ansiosos, os moradores aguardam pelas melhorias. A Caravana da Saúde, encerrada ontem, demonstrou a enorme demanda de pacientes aguardando por exames e cirurgias. Desde de o início, foram 40 mil operações, a maioria na área de oftalmologia. Além disso, há legado de benefícios em algumas cidades, a exemplo de Coxim que passou a contar com setor para hemodiálise. Espera-se que sejam apenas os passos iniciais de uma série de necessidades na saúde que ainda precisam ser atendidas para transformar ações pontuais e urgentes em algo permanente.