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Confira o editorial desta segunda-feira:
Engodo das subprefeituras

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Engodo das subprefeituras

Redação

18/09/2017 - 03h00
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A inoperância infere o caráter de empreguismo de correligionários do prefeito, com salários de R$ 8,4 mil mensais

A iniciativa do prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, em criar as subprefeituras nos distritos de Anhanduí e Rochedinho seria louvável e benéfica aos moradores,  caso não passasse de puro engodo, sem efeitos significativos. Reportagem do Correio do Estado esteve nos dois locais onde funcionam essas novas “repartições”, com intuito de simplesmente mostrar como funcionavam, quais projetos foram desenvolvidos e como ocorre a integração com as demais secretarias que poderiam auxiliar a resolver as demandas. Os resultados, como pode ser conferido na edição de hoje, foram nulos. Por isso, várias críticas de moradores que sequer conhecem o representante e até agora não notaram qualquer melhoria. Pura decepção! É importante que a atual gestão tome providências para rever ou alterar diretrizes administrativas ineficazes, que acabam contaminando os demais pontos positivos do trabalho que está sendo desenvolvido. 

A inoperância infere o caráter de empreguismo de correligionários do prefeito, com salários de R$ 8,4 mil mensais para comandar as subprefeituras. O problema não se resume a essas indicações com caráter político. Os nomeados simplesmente não cumprem expediente. A crítica em Rochedinho é porque o subprefeito Silvio Ferreira, conhecido como Silvio Santos, sequer mora no local e comparece, geralmente, às terças e quintas-feiras para receber os moradores numa sala do posto de saúde. Ele mesmo não vê necessidade de ir mais vezes ao distrito por considerar “tempo perdido”. No entanto, não esclareceu quais são suas atribuições nos demais dias da semana para aproveitar melhor esse tempo e fazer jus ao salário mensal. Em Anhanduí, também há insatisfação com o trabalho do Professor Ernesto, o que motivou até abaixo-assinado. Ele contesta o documento e disse que as manifestações referem-se a um pequeno grupo. 

Trad precisa dialogar com as comunidades desses dois lugares para verificar essas insatisfações. A presença dos subprefeitos, certamente, trouxe expectativa enorme para a população que sente no dia a dia as dificuldades do isolamento na capital sul-mato-grossense. Sem investimentos, o sentimento é de decepção. Obviamente, os subprefeitos não iria resolver todos os problemas desse distrito, pois dependem da liberação de recursos pela prefeitura. Mas, é inevitável questionar por que esse cargo foi criado, se não há nenhuma estrutura para desenvolver o trabalho. Se a ideia era angariar apoio e prestígio perante essas comunidades, a estratégia está equivocada e o resultado tem sido oposto. 

Sabe-se que a atual gestão recebeu herança de dificuldades, com dívidas que até hoje não foram quitadas, arrecadação em queda afetada pela recessão econômica, obras paralisadas, postos de saúde sem medicamentos ou materiais para exames e ruas repletas de buracos. Em meio a percalços, algumas metas vem sendo cumpridas e hoje já é possível ter alta na receita, em virtude de trabalho para cobrar inadimplentes. Há, porém, necessidade de corrigir os elementos que destoam nesse cenário, os quais comprometem a credibilidade e a eficiência administrativa. Sem diálogo com a população, os reais interesses sociais não serão alcançados.