Empreiteiras tentam corrigir os estragos e evitar problemas maiores, pois, certamente, ainda há muito a ser apurado diante de tantas estradas novas em condições precárias.
Rodovias estaduais nem tinham sido inauguradas e já apresentavam problemas. Buracos e asfalto esfarelando compõem o cenário de vias com pavimento novo, mas que parecem ter sido executadas há décadas. Total precariedade! Agora, sob pressão dos desdobramentos da Operação Lama Asfáltica, as empreiteiras que executaram o serviço malfeito começam a procurar o Governo do Estado e aceitam formalizar acordo para consertar os estragos que deixaram para trás. Tudo sem qualquer ônus à gestão estadual. Afinal, as obras ainda estão no prazo de garantia e as empresas poderiam ser responsabilizadas por entregar um trabalho totalmente incompatível com o dinheiro recebido. Ainda mais, diante de algumas irregularidades que já começam a ser comprovadas.
Em janeiro de 2015, o Correio do Estado mostrou em reportagem a precariedade de algumas rodovias, a exemplo da MS-436, que liga Camapuã a Figueirão e Alcinópolis. Desde então, a situação só piorou. O Governo do Estado fez auditoria e notificou as empresas para que refizessem o trabalho. Ainda havia resistência. A empresa Sanches Tripoloni, com sede em Maringá (PR), chegou a refazer alguns trechos da via, mas o trabalho novamente foi malfeito e já começa a apresentar problemas. Agora, enfim, a promessa é de executar nova pavimentação em partes da via que estão completamente destruídas. Nem tapa-buraco resolveria mais, diante da dimensão dos estragos.
Essa empresa, que também executou outras obras de rodovias no Estado, foi alvo de mandado de busca e apreensão durante a Fazendas de Lama, segunda etapa da Operação Lama Asfáltica, deflagrada neste mês. Outro trecho da MS-436 foi executado pela Proteco, de João Amorim, que está preso e é acusado de comandar o esquema de superfaturamento de obras, desvio de verbas e lavagem de dinheiro que ocorria na Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul). Nesse caso, não podemos ter muitas expectativas sobre as correções do rastro de estrago deixados por essa empresa, o que também atinge outras rodovias com pavimento novo, mas visivelmente precário. Um verdadeiro lamaçal de corrupção e deficiências, que prejudicaram duplamente os sul-mato-grossenses: pela péssima qualidade das estradas e pelos milhões desviados dos cofres públicos.
Com tantas falcatruas, a qualidade das obras foi ainda mais negligenciada. O objetivo parecia ser apenas executar os serviços básicos, quase uma maquiagem para alcançar o intuito maior de vencer licitações direcionadas, formalizar contratos e conseguir angariar recursos para proveito próprio. Com os milhões, o grupo comprou fazendas, casas, veículos e joias. Desfrutava de recursos, enquanto a população ficava “na lama”.
As empreiteiras tentam, agora, corrigir os estragos e evitar problemas maiores, pois, certamente, ainda há muito a ser apurado diante de tantas estradas novas em condições precárias. Governo segue com auditorias. Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público continuam com investigações. O asfalto em péssimas condições comprova que há irregularidades.