Entusiasta do Aquário do Pantanal ou não, o morador de Campo Grande que passa pela Avenida Afonso Pena e vê a obra abandonada lamenta por não vê-la concluída.
O contrato para a construção do Aquário do Pantanal, firmado em 2011 entre a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) e a empreiteira Egelte, foi rescindido ontem (leia mais sobre o assunto em reportagem nesta edição). Tal notícia, que em um primeiro momento pode soar como mais um entrave para a conclusão do megaempreendimento, tem tudo para ser, na verdade, o ato que faltava para que a obra seja concluída de vez.
O momento para discutir a necessidade da construção do Aquário do Pantanal já passou há muito tempo, apesar de alguns ainda insistirem em temas como o uso dos recursos destinados a ele em outras áreas, e considerar o empreendimento desnecessário. Com mais de 80% da obra concluída, o mais saudável para os cofres públicos, e também para a cidade de Campo Grande e o Estado de Mato Grosso do Sul, é que o Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira (nome oficial do aquário) fique pronto logo.
Foram três anos de muita espera, desentendimentos financeiros entre governo de Mato Grosso do Sul e a Egelte, além de um terceiro envolvido, a Proteco, empreiteira subcontratada em 2014, e que no ano seguinte foi alvo da Operação Lama Asfáltica da Polícia Federal. Investigação que desidratou esta última empresa, cujos proprietários são suspeitos de cometer vários crimes, e travou de vez a obra, que já seguia em ritmo lento.
Projeto ambicioso, de construir o maior aquário de água doce do planeta, e ainda com a pretensão de tornar-se a principal atração turística de Campo Grande e da Região Centro-Oeste, o Aquário do Pantanal sempre sofreu com a torcida contrária. Seja por seu alto custo, ou mesmo por não gostarem da ideia. Certamente, toda a repercussão e polêmica gerada pela iniciativa atrapalharam e muito sua conclusão. Houvesse convergência e unanimidade quanto a sua construção, o empreendimento já estaria pronto.
Entusiasta do aquário ou não, o campo-grandense, que passa pela Avenida Afonso Pena e vê a obra abandonada dentro do Parque das Nações Indígenas, lamenta por não vê-la concluída. O aquário já custou muito aos cofres públicos: aproximadamente R$ 170 milhões, e não deve ficar pronto por menos de R$ 71 milhões, conforme indica orçamento recente elaborado pela Agesul. No entanto, deixá-lo abandonado como está é criar mais um monumento ao desperdício de recursos públicos.
Ainda que seja uma obra inacabada, o Aquário do Pantanal existe, e o momento é de ter boa vontade com o empreendimento. A rescisão de contrato com a Egelte poderá representar um sinal de que, enfim, ele poderá ficar pronto e, no futuro, gerar receita para o Estado e o município.
Que os gestores que conduzirão a nova licitação para o Aquário do Pantanal conduzam a execução da obra assim como o médico Ricardo Ayache faz com os empreendimentos da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos de Mato Grosso do Sul (Cassems) no Estado. A julgar pelos modernos e elogiados hospitais de Campo Grande e Corumbá da instituição, talvez Ayache seria um dos poucos capazes de dar ao aquário a beleza e o status que ele merece. Que isto sirva de exemplo.