Não se combate o tráfico de entorpecentes no Brasil, sem uma ação mais contundente em Mato Grosso do Sul.
Que Mato Grosso do Sul é uma das maiores - se não a principal - rota de escoamento de maconha e cocaína não só para o restante do Brasil, mas para destinos da Europa, África e parte da Ásia, praticamente todos sabem, mesmo os que não se interessam muito pelo assunto. A constatação não é de hoje, nem tampouco de ontem. É de pelo menos duas décadas.
Quem acompanha diariamente o noticiário policial, percebe que praticamente todos os dias são relatadas apreensões, em grande volume, de entorpecentes que saíram do Paraguai ou da Bolívia, e passaram por Mato Grosso do Sul rumo a seu destino. Isto nos leva a uma outra constatação: a de que nos últimos vinte anos, muito pouco - ou quase nada - foi feito para mudar esta realidade.
Por mais que as apreensões de maconha e cocaína representem algum prejuízo para o traficante que pretendia comercializar o produto ilegal, a frequência destas retenções também demonstra que o fluxo de drogas é contínuo. Aparentemente, combater o tráfico nas rodovias do Estado é como enxugar gelo: tudo o que é feito, por mais que haja intensa demonstração de esforço por parte de policiais, sempre parecerá insuficiente.
As forças de segurança, se é que sabem como se combate o tráfico de drogas de forma veemente, deveriam executar ações mais incisivas contra o crime organizado. Diga-se de passagem, o que as autoridades têm feito muito nos últimos anos, são reuniões. A julgar pelo resultado delas, muitas são improdutivas.
Mais um destes encontros de cúpula está marcado. No próximo dia 27, estarão juntos o presidente da República, Michel Temer, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, e o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira. O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, também está convidado para a reunião, prevista para ocorrer em Rio Branco (AC).
O que mais se espera deste encontro é que uma das deliberações resultantes dele, sejam menos reuniões e mais ações práticas. O que se viu, nos últimos anos, foi justamente o contrário.
Ações outrora pensadas para estancar o tráfico em Mato Grosso do Sul devem ser executadas. De que adianta as forças de segurança contarem com scaners de automóveis e caminhões, se eles não são usados? Porque se promete há anos o reforço do efetivo policial - estadual e federal - na região de fronteira, e as delegacias e unidades continuam vazias? Não se combate o tráfico de entorpecentes no Brasil, sem uma ação mais contundente em Mato Grosso do Sul.
Depois deste encontro de cúpula, será importante que programas que prometem milagres, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), apresentem seus resultados. Também aguardaremos ansiosos pela ajuda do governo federal para custear presos de outros estados e países, flagrados com droga em território sul-mato-grossense, e que geram custos ao sistema penitenciário local.