Na infraestrutura, essa imprevisibilidade aparece de forma ainda mais escancarada no período de chuvas.
Sem planejamento, ações promovidas pelo poder público estarão fadadas ao fracasso. Esse é um preceito que pode ser aplicado a praticamente qualquer segmento. O resultado inevitável da desorganização será o desperdício de dinheiro.
Na saúde, gasta-se mais com tratamentos caríssimos e longas internações do que com as políticas de prevenção, pois marcar consultas ou exames ainda exige longa espera. Na segurança, a fiscalização falha e criminosos conseguem agir livremente, entrando com drogas e armas no País, gerando outros problemas no campo social. Na infraestrutura, essa imprevisibilidade aparece de forma ainda mais escancarada no período de chuvas, quando enxurradas voltam a se repetir nos mesmos pontos ou ruas ficam repletas de buracos.
No último domingo, os campo-grandenses tiveram breve amostra dos problemas que poderão enfrentar nesse fim de ano, quando começa o período de chuvas fortes. Novamente, trecho da Rua Jerônimo de Albuquerque, no Bairro Nova Lima, ficou intransitável. Dessa vez, abriu cratera na pista com rompimento de um duto. No começo do ano, o asfalto havia sido levado nesta mesma via. Infere-se a possibilidade de falhas na obra, algo que precisa ser devidamente apurado pela prefeitura. Em vários bairros, é preciso conviver com a lama em ruas não asfaltadas ou com alagamentos nas vias pavimentadas, mas onde faltou drenagem. Até mesmo em avenidas novas, a exemplo da Avenida Lúdio Martins Coelho, inaugurada em 2011, problemas apareceram.
Logo mais, já se pode antever a volta dos alagamentos na rotatória da Rachid Neder, nas ruas do Bairro Santo Antônio, na Gury Marques e o risco de novos desmoronamentos na Avenida Ernesto Geisel, às margens do Rio Anhanduí. Obras para resolver os problemas nesses pontos estão sendo postergadas há bastante tempo. E, se depender da previsão orçamentária para 2017, infelizmente, muitos transtornos podem voltar a se repetir. A previsão é aplicar R$ 54 milhões para contenção de enchentes, quantidade pífia diante da herança de dificuldades que será deixada para o próximo gestor. Obviamente, a crise financeira impôs limitações para que esses investimentos pudessem ser ampliados. Assim, mais transtornos devem surgir e recursos consumidos para intervenções em caráter emergencial.
O mesmo ocorre em vários municípios da região Sul do Estado, onde os moradores ainda enfrentam sufoco com os estragos do temporal do começo do ano. Neste caso, há o agravante da falta de recursos, reflexo da crise econômica. Várias rodovias estão intransitáveis, a exemplo da MS-156 que liga Caarapó a Amambaí. A situação, obviamente, vai piorar com a volta do período de chuvas mais intensas. E assim neste e nos próximos anos, os reparos acabarão ficando mais caros justamente pela falta de manutenção e pelos adiamentos de vários gestores.
A “fatura” da estagnação de investimentos continuará a ser cobrada nos anos seguintes, com preço majorado quando houver necessidade de reparos urgentes.