Equívocos não podem ser repetidos, pois as finanças brasileiras não suportariam novos desfalques.
É preocupante que as já deterioradas contas públicas possam ser ainda mais impactadas por medidas irresponsáveis, motivadas pela “guerra” política que ocorre no País. Há informações de que a presidente da República, Dilma Rousseff, poderá anunciar no domingo, Dia do Trabalho, o reajuste dos benefícios do Bolsa Família. Entretanto, o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, já adiantou que não há espaço fiscal (recursos no orçamento) para conceder o aumento, que seria de 5%. Assim, o vice-presidente Michel Temer encontraria ainda mais dificuldades para superar a recessão econômica ao, eventualmente, assumir a gestão no caso de Dilma ser afastada pelo Senado, no decorrer do processo de impeachment.
Temer já começa a montar sua equipe e centra esforços justamente no núcleo econômico. Com a possibilidade iminente de assumir a gestão ainda na primeira quinzena de maio, precisa já ter nomes fortes e estratégias definidas para tentar resultados positivos no enfrentamento à recessão. Não há dúvidas acerca da herança desastrosa da gestão de Dilma Rousseff, mas teme-se que possa piorar ainda mais em razão do descontrole de gastos num período em que está evidente a necessidade de conter despesas. Tanto que Temer já promete a redução de ministérios, dos atuais 32 para 20 como uma das primeiras medidas. Reformulações são urgentes, principalmente nas áreas Previdenciárias e Trabalhistas.
O mercado econômico não vê grandes possibilidades de reversão do vexame financeiro com a permanência de Dilma Rousseff na Presidência, que já não têm mais condições de governabilidade. Por mais que economistas estejam esperançosos que a mudança política possa ser encarada como prenúncio para retomada do crescimento, já estamos “condenados” a uma série de dificuldades. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter um “tombo” ainda maior, com retração de 3,88% neste ano, o maior encolhimento em 26 anos, piora em relação à redução já registrada no ano passado. Essa é a principal medida do comportamento do mercado e reflete diretamente estagnação produtiva, com empresas fechadas levando ao retrocesso no campo industrial
A consequência do legado de prejuízos ficou evidente ontem em mais um índice que desaponta os brasileiros. Já são 11 milhões de pessoas a procura de emprego. Em apenas três meses, a fila de desempregos ganhou 2 milhões de pessoas, conforme comparativo da pesquisa do IBGE referente aos três primeiros meses deste ano com o último trimestre de 2015. Forçosamente, essa famílias são obrigadas a economizar. Assim, reduzem o consumo e retornamos ao ciclo que vem inviabilizando o País: a produção é reduzida e algumas empresas acabam tendo de fechar as portas.
A agenda da presidente Dilma foi estrategicamente elaborada nos últimos dias para tentar demonstrar que ainda há condições de investir. Na prática, porém, está cada vez mais impossível tentar mascarar os problemas. Equívocos não podem ser repetidos, pois as finanças brasileiras não suportariam novos desfalques, com a velha prática de gastar acima do que se arrecada. Esse, certamente, não é o caminho para tentar converter a opinião pública e nem consertar os estragos.