Eu sou do tempo em que ser honesto era obrigação. Credencial para que as pessoas fossem colocadas não no rol da fama, mas no rol das pessoas de respeito e, por isso mesmo, respeitáveis. Administrador público, obrigatoriamente, tinha que ter alto grau de honestidade, vez que lidava com dinheiro do erário. Dinheiro suado do povo, pobres ou ricos.
Hoje, aos 67 anos de idade e a caminho do ano 68, surpreendo-me a cada dia com o aumento da desonestidade entre os políticos não apenas de Campo Grande e do Mato Grosso do Sul, mas do Brasil como um todo. Vejam os escândalos do mensalão do PT e do Petrolão, na Petrobras, por exemplo. Simplesmente estarrecedores, vergonhosos. Ex-presidentes deram os piores exemplos. Transformaram-se em agentes subornadores, para obterem vantagens pessoais.
Deixando de lado os escândalos nacionais, são de causar repugnância os escândalos que se registram no meu amado Mato Grosso do Sul e em Campo Grande. E as denúncias feitas no passado, de pouco serviram, pois os administradores continuaram, com muita tranquilidade, a executar ações danosas contra a população. Outrora, o Ministério Público era sempre o guardião dos interesses do povo. Abria procedimentos, investigava e, pelo menos, assustava os administradores. Hoje, nem isso.
A administração do erário anda a níveis tão vergonhosos, imorais e escandalosos, que pessoas de bem ficam em dúvida, hoje, se educar os filhos deve ser no rumo do bem. Ou no rumo do mal. Olha a que ponto chegamos. Se Rui Barbosa fosse vivo, hoje, provavelmente enforcaria a si próprio em praça pública. Rui, a Águia de Haia, já na sua época, dizia que se revoltava por assistir o triunfo dos maus e o fracasso dos homens de bem. Esteja onde estiver e se puder olhar aqui para nós, depois de quase um século, certamente ficará feliz por ter morrido.
Os últimos dois anos da administração de Nelson Trad Filho caracterizaram-se por ações curiosas. Cancelou uma licitação das empresas de ônibus e abriu outra, concedendo às mesmas empresas 25 anos de mando absoluto. Licitou a coleta de lixo, também por 30 anos, de forma avassaladora e destinada a beneficiar parentes. Prorrogou a exclusividade de administração de águas e esgotos para uma empresa paulista, por mais 18 anos. E por aí foi. Com a mais absoluta segurança de que qualquer abuso daria em nada. Deu para médicos amigos seus, por 25 anos, a benesse da exploração de vistorias serviços técnicos. Um anestesista e um cirurgião plástico. Que devem entender, como ninguém, de vistorias veiculares...
O advento Bernal foi um dos maiores crimes contra Campo Grande. Um desastre, uma tragédia. Ficou rico em um ano. Comprou um apartamento por quase dois milhões de reais, hoje mora em uma belíssima casa, avaliada em mais de quatro milhões, promoveu licitações fraudulentas e nada aconteceu. Um ótimo exemplo do que Rui Barbosa afirmava: triunfam os incompetentes e os honestos...
Entrou Olarte, o homem que diz falar em nome de Jesus. Incompetência e eminências mais do que pardas, a comandarem em benefício próprio os destinos da Prefeitura. E olha o escândalo da operação tapa-buracos fantasmas. Hoje, mais do que nunca, não sei mais se devo ensinar os netos a serem honestos. Olha a que ponto chegamos!