Um homem foi ao encontro de um filósofo com informação que julgava ser de seu interesse:
- Sócrates, preciso contar-lhe sobre alguém. Você não imagina o que me contaram sobre...
Nem chegou a terminar a frase e Sócrates, que lia um livro, tranquilamente, lhe fez uma pergunta: - O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
-Que peneiras? A primeira é a da VERDADE. O que você vai me contar é absolutamente verdadeiro?
-Como posso saber. Sei o que me contaram, o que me falaram, respondeu o homem.
-Então, suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos, então, para a segunda, que é a da BONDADE. O que você vai me contar gostaria que outros dissessem a seu respeito?
- Não, Sócrates. Absolutamente não!
- Então suas palavras vazaram também a segunda. Vamos agora para a terceira, que é a da NECESSIDADE. Acha mesmo necessário me contar esse fato ou passá-lo adiante? Ajudará alguém? Melhora alguma coisa?
- Não Sócrates. Passando pelo crivodas três peneiras, compreendi que nada tenho a contar.
E Sócrates concluiu: se passar pelas três peneiras, conte! Todos iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos... Lembre-se de que pessoas sábias falam sobre ideias. Pessoas comuns falam sobre coisas. E pessoas medíocres falam sobre pessoas.
Abro meus comentários de hoje citando, resumidamente, essa estorinha que me foi passada ontem. E qual a razão? Porque se trata de uma lição que todos devemos aprender.
Diariamente, na redação do Correio do Estado, deparo-me, com informações enviadas pelo Ministério Público, abrindo procedimentos para investigar pessoas, tornando essas mesmas investigações em fatos públicos.
Baseando-se em denúncias, na maioria das vezes, anônimas e irresponsáveis. Mas envolvendo pessoas que acabam tendo seus nomes enxovalhados sem qualquer prova de que tenham cometido atos criminosos. E os procedimentos prolongam-se indefinidamente e, mesmo sem base, são transformados em inquéritos. No fim, ninguém fica sabendo mais de nada. Muito menos de eventual condenação, pois tratam-se das tais fofocas.
Foi assim, por exemplo, quando o MPE abriu investigação e a levou a público, quase acusando uma pessoa honrada de estar se beneficiando financeira e pessoalmente de um hospital de caridade. Nada apurado, de verdadeiro, até hoje. Virou notícia, virou manchete. Hoje, vi a abertura de investigações contra um médico que estaria se beneficiando do mesmo hospital, indevidamente.
Nos dois casos, as duas personalidades tiveram seus nomes divulgados e maculados sem provas. Apenas com base em denúncias. As tais fofocas às quais Sócreates se referiu. Quero, muito, que essa estorinha de Sócrates seja levada aos jovens promotores de justiça de Campo Grande para que antes de saírem divulgando suspeitas contra as pessoas, passem as informações sob o crivo das três peneiras.
Não se julguem como donos de mão divina, abençoados simplesmente por terem passado em um concurso público que lhes teriam concedido o direito de achincalhar pessoas, muito mais em busca de promoção midiática.
Nessa tal Operação Coffee Break (que falta de criatividade para o nome desta malfadada investigação) não há provas concretas de crime, à exceção de apenas UM ÚNICO caso mais específico. Milhares de horas e dinheiro gastos investigando supostas compras de votos de vereadores.
E introduzindo, no processo, fatos que nada tem a ver com a apuração de araque. Para o MPE, atualmente, todo mundo é criminoso, todo mundo é ladrão e todo mundo é corrupto. Eles? Não. Eles não. O fato de que pessoas tenham mansões no Dahma, por exemplo, não as tornam criminosas, ainda que não se saiba (e por que eu deveria saber?) de onde veio o dinheiro para comprá-las.
Nem seus jaguares, BMWs e outros super carros e motos. Eu penso que compraram tais bens trabalhando. Honestamente. Não deveria ter o direito sequer de pensar que os recursos tiveram origem em atos criminosos. Ou será que tenho? Se for pelo critério do MPE, tenho sim.
Como diria meu guru predileto, o inesquecível Jorginho da Purunga, arre égua!