Depois da vida, que resulta em uma dádiva divina, o ser humano tem na liberdade o seu mais precioso direito a ser usufruído durante a sua peregrinação terrena. Não interessa a sua condição econômica ou social. Pode ser o mais miserável que vive nos barracos e nas palafitas, como o mais abastado que vive nas mansões e nos palácios luxuosos. O valor da liberdade não tem preço.
Em qualquer quadrante do nosso planeta, a reação humana é a mesma. Ela que impulsiona todos a terem uma vida digna e honrada. E respalda sempre suas ações bem propositadas para legar à sua prole essa conquista preciosa. É sob esse ângulo que queremos levar o leitor a reflexionar sobre temas importantes que podem ser retirados do conteúdo da carta libelo produzida e assinada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Dos seus termos bem fundamentados e construídos a nação inteira tomou conhecimento. Não há necessidade de decliná-los novamente.
O que queremos é extrair dela alguns questionamentos da nossa vida diária. Eles estão relacionados com as mágoas, os ressentimentos, a dor intensa, a humilhação, o constrangimento, a fidelidade e a força da palavra oral e escrita. A amizade é a pedra angular. São esses temas que queremos submeter ao juízo de valor do nosso leitor. O primeiro deles é o efeito devastador das palavras. Elas podem reservar surpresas agradáveis e desagradáveis para quem as pronuncia. Uma vez tornadas públicas resultam em algo irreversível. Não existe fórmula mágica para dar outra interpretação à sua literalidade. Sua força devastadora é capaz de destruir amizade antiga. Nesse sentido, ninguém é bobo para não entender o caráter da difamação, da injúria e da calúnia.
Outro tema está relacionado com a fidelidade. Esse vínculo fortíssimo que precisa existir nas relações entre as pessoas merece melhor apreciação. Elas precisam resultar construídas com ações enriquecedoras. De bons propósitos, sobretudo. Os momentos alegres, festivos e descontraídos e sempre acompanhados do dinheiro fácil e do luxo ostensivo não são garantia da manutenção desse vínculo. A fidelidade para se consolidar precisa de algo mais forte e substancial. É assim que se constrói a fidelidade. A amizade é algo decorrente dessa relação. Podemos considerá-la como a sua irmã gêmea. O reverso da moeda pode tornar áspero esse relacionamento.
A amizade vira inimizade, a fidelidade se transforma em infidelidade. O que era luz se transforma na mais angustiante escuridão. Esse o retrato fiel do quadro retratado. Na desgraça, no desespero, na angústia, na dor intensa, na perda temporária da liberdade, a infidelidade solta o seu mais angustiante gemido. Pode se constituir na mais forte expressão da fraqueza humana.
Nesse contexto, a ingratidão dá o ar de sua graça. Entre a infidelidade e a ingratidão não é possível avaliar qual delas produz um efeito mais devastador nas relações pessoais. As duas são perversas. Na adversidade, o ser humano não reconhece a fidelidade, a gratidão e a amizade. Nada disso lhe interessa. O interesse particular e próprio de cada pessoa dita as regras desse tipo de comportamento.
A história da humanidade está repleta desses fatos. Ele é bíblico. Pedro traiu o Cristo em três oportunidades. Recebeu dele o perdão. Não foi apenas um indicativo divino. Foi a própria fraqueza humana que ditou a regra daquele comportamento humano. A passagem bíblica, trazida à baila, é apenas para enriquecer o debate. Ele pode vislumbrar outras perspectivas para a consolidação de entendimentos. Pode também não vislumbrar. São esses os principais temas que extraímos da carta libelo. Um verdadeiro desafio para a nossa inteligência. Uma advertência dura para as nossas ações impetuosas.
As interpretações subjetivas precisam ser respeitadas. Elas engrandecem o ser humano. Respaldam a nossa liberdade de expressão e também de opinião consagradas pela nossa Constituição. De outro vértice essas ações enriquecem o debate, constroem ideias e consolidam os entendimentos. O exercício ativo da cidadania ganha notoriedade.
Esses temas preciosos precisam ser levados para as nossas escolas. Os nossos educadores e educadoras saberão com os instrumentos adequados conduzir o bom debate. É assim que se constrói uma sociedade altiva, digna e respeitada. Uma sociedade com esses predicados é o prenúncio de uma Pátria forte e livre.
O ato de debater, opinar, contestar, construir alternativas e apontar os erros e os acertos dos fatos que se vivenciam, no dia a dia, reflete também a sua própria grandeza. É assim que se exercita esse princípio sagrado. É dessa forma que construímos o futuro próspero da Pátria. Esse é o nosso propósito. Não pode existir outro maior!