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Antonio Carlos Siufi Hindo: "Da gritaria das ruas ao silêncio da toga!"

Promotor de justiça aposentado

Redação

18/11/2017 - 01h00
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Alguém disse alhures que a homenagem aos santos se presta no silêncio dos altares, e para os homens públicos a gritaria do povo nas ruas é o espaço precioso para essa homenagem. Trata-se de uma verdade inexorável. Resulta recheada de certeza. Os verdadeiros homens públicos e as lideranças políticas seguem na mesma direção. São amados e odiados pelos seus iguais. Essas ações podem estar acompanhadas do entusiasmo, da esperança e da fé democrática que lhes são tributados pela elegância de seus propósitos.

Mas não se pode olvidar também que surgem os vitupérios, as ofensas e outras tantas ações que em nada contribuem para a boa convivência social. É assim em todos os cantos do mundo democrático. Para o homem público não pode existir nada mais jubiloso do que constatar a gratidão do seu povo exteriorizado nas ações de carinho e de respeito.

Aqui talvez resida a sua grande perturbação. Trocar a gritaria das ruas pelo silêncio da toga. Outros interesses que não precisam ser declinados podem apontar para essa direção. Nesse contexto, o nosso Tribunal de Contas recebeu, dias atrás, dois novos Conselheiros. São políticos e homens públicos experientes e com uma bonita folha de serviços prestados aos seus municípios e também ao Estado. Conhecem a administração pública e os mecanismos corretos para a boa aplicação dos recursos públicos. São credenciais importantes para as novas funções. 

A conquista dessas cadeiras vitalícias resultaram em um verdadeiro prêmio. Souberam construir suas carreiras vitoriosas sem a eiva da discórdia, da desavença e das acusações infundadas. Apostaram suas ações na concórdia, no equilíbrio, no respeito às ideologias políticas e nas diferenças que são grandes nas disputas políticas. Mas essas ações seriam inócuas se não houvesse um ato de grandeza do governador Reinaldo Azambuja. Sem o seu aval, os propósitos dos postulantes não avançariam.

O governador exteriorizou a sua gratidão àqueles que, em épocas recuadas, foram os seus soldados fiéis nos campos da batalha política. Lutaram como gigantes para respaldar sua carreira política igualmente exitosa. Essa virtude não pode ser subtraída do governador. Ela é muito difícil de ser encontrada nos meandros sempre problemático da política. Essa angústia e ansiedade não são difíceis de ser entendidas e interpretadas. Os seus protagonistas nunca estão satisfeitos com a fatia do bolo que lhes são entregues. Sempre querem mais. Quando não são atendidos, apontam para a ingratidão. Nesse contexto de ganância extrema e também de cumplicidade dúbia, os desdobramentos das ações resultam sempre imprevisíveis. Os fatos políticos que todos os dias assistimos pelos jornais televisivos chancelam essa verdade. São elas, a toda evidência que conseguem valorar a dimensão, os efeitos e o alcance desses propósitos. 

Os novos desafios dos novos integrantes da nossa Corte de Contas são singulares. No silêncio dos seus gabinetes haverão de lavrar os seus votos para apontar os erros, os acertos e sobretudo os rumos corretos para a boa aplicação do dinheiro público. Marisa Serrano, em sua efêmera passagem por esse sodalício, deu essa prova evidente. Reuniu-se com a prefeita de Dourados e apontou os desencontros das ações praticadas pela administração passada, especialmente na área da Educação. E apontou para a nova gestora pública o caminho correto para não incorrer no mesmo erro. Esse é um exemplo a ser seguido. Um norte seguro para as grandes decisões da Corte. 

Ações simples que refletem a grandeza de propósito do julgador. O brilho da inteligência, alinhado à experiência da vida pública dos novos Conselheiros, engrandecerá, sobremaneira, o nosso Tribunal de Contas do Estado.