Professores em greve! Está acontecendo em todo país. Será que enlouqueceram? Será que são vagabundos? Será que querem se aproveitar desse momento de instabilidade econômica?! Não! Estamos (porque me incluo nessa luta) de paciência esgotada! O que mais incomoda é perceber que a sociedade, de uma forma geral, está ignorando essa importante paralisação. O professor é um profissional de 1ª categoria, que me perdoem os juízes, desembargadores, promotores que recebem um salário “módico” de até 40 mil reais e ajuda moradia de mais de 4 mil..., com a justificativa (só pode ser) de que precisa “cabeça fresca” para julgar! Por acaso alguém sabe que o salário médio do professor no Brasil é de R$ 1.874?! Que outras categorias com curso superior ganham, em média, R$ 29 por hora trabalhada, o professor brasileiro da educação básica recebe apenas R$ 18?! A pergunta é: dá para ele suprir suas necessidades básicas - Moradia, luz, água, telefone, comida, remédio?...Não!!!!!! Dá para ser um profissional competente, estudioso, cheio de paciência e afeto com seus alunos, isto é “cabeça fresca”?!!! O número de professores afastados por atestado médico só tem aumentado!
Um estudo realizado pela Education at Glarce de 2014, que procura mapear dados sobre a educação dos 34 países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e 10 parceiros incluindo o Brasil, um professor em início de carreira que dá aula no Ensino Fundamental em instituições públicas, recebe em média 10.375 dólares por ano no Brasil. Em Luxemburgo, país que paga o maior salário para docentes, ele recebe 66.085 dólares. Entre os países membros da OCDE, a média salarial do professor é de 29.400 dólares/ano. Nos países da América Latina como Chile e México, os professores ganham em média um salário de 16.000 dólares/a (valores de 2012, com dólares reajustados pela paridade do poder de compra - PPC). No Brasil o salário médio do docente do ensino fundamental em início de carreira é o terceiro mais baixo do mundo, no universo de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Aqui em Campo Grande alguns professores continuam em greve, resistindo com muita garra e coragem, lutando pelo óbvio - o cumprimento da lei municipal 5.411/14 e lei federal 11.738/08 que estabelecem a aplicação da correção anual do piso nacional ao piso dos professores municipais. Esse valor de 13,01%%, que segundo o presidente da ACP “já foi estabelecido em janeiro e a prefeitura sabia desde antes do anúncio da correção, que deveria aplicá-lo na nossa data base.” A desculpa esfarrapada é que não existe dinheiro na Prefeitura. Mesmo com o direito garantido em lei, os professores demonstraram capacidade de flexibilizar e ceder, admitindo receber a correção em várias parcelas. O que não existe é reconhecimento, valorização, respeito ao trabalho dessa categoria, que sempre foi e é explorada nos governos da atualidade, seja de que instância for – federal estadual e municipal. Um país que escolhe como lema de governo – Brasil Pátria Educadora – e que desrespeita esse profissional, base de todo o ensino, é motivo de deboche!
A sociedade precisa apoiar essa greve justa. Não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada valorização, formação e participação de professores.
Os professores que resistem estão de parabéns, estamos juntos! “Por uma educação que nos ajude a pensar e não que nos ensine a obedecer”.
Falaremos da greve nas Instituições federais de educação em seguida.