Único tamanduá-bandeira albino conhecido no mundo e monitorado desde 2022 pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres, é flagrado caminhando pelo cerrado de Mato Grosso do Sul
O tamanduá-bandeira Alvinho, que chama atenção pela pelagem albina, o que torna o animal único no cerrado sul-mato-grossense e no mundo, passou por exames para verificar o estado de saúde.
O Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) monitora o animal desde agosto de 2022, quando ele foi encontrado em uma propriedade rural no município de Três Lagoas, aos oito meses de idade, pelos pesquisadores, e passou a usar um colar GPS.
À época, a veterinária Débora Yogui pontuou que esse era o segundo indivíduo com albinismo localizado na mesma região.
O primeiro indivíduo, um tamanduá-bandeira juvenil, registrado pela Polícia Militar Ambiental (PMA) em agosto de 2021, foi encontrado morto e com sinais de predação pelos pesquisadores do ICAS.
“Quando nós chegamos lá, ele já estava em óbito, mas conseguimos coletar amostras genéticas que foram enviadas para análise em laboratório. E agora, um ano depois, apareceu uma fêmea com um filhote pequeno (Alvin) nas costas, que também apresentava características de albinismo, e, dessa vez, conseguimos chegar até o animal para colocar um colar de monitoramento. Isso vai possibilitar a realização de um estudo inédito sobre essa característica rara nesses animais”, explicou Débora.
Com isso, Alvinho, até o momento é o único com essa característica conhecido e vivo.
O avistamento de Alvin, compartilhado no perfil do Instagram do ICAS (veja o vídeo abaixo), pegou de surpresa a trainee Aurora, que estava em sua primeira missão em campo.
Caminhando com tranquilidade, o animal demonstrou toda a sua beleza em contraste com a vegetação.
Exames
O espécime recentemente passou por exames que avaliaram o seu desenvolvimento, incluindo ultrassom para verificar os órgãos reprodutores, que nos tamanduás são internos, e avaliar se ele está pronto para a reprodução.
Também foi feito um exame de termografia, que auxilia os pesquisadores a entender de que forma a ausência de cor na pelagem influencia a termorregulação do animal.
“Estamos aguardando os resultados de ambos os exames! Por enquanto, o colar está bem posicionado e com tamanho adequado”, informou o instituto por nota.
Albinismo e adaptação
O albinismo é uma desordem genética que limita a produção de melanina, gerando animais com pelagem de coloração clara ou aloirada.
Todos os tamanduás são naturalmente sensíveis a temperaturas extremas e precisam de áreas com vegetação mais densa para se abrigar do frio ou do calor extremo.
Isso pode ser um desafio ainda maior para um tamanduá albino vivendo no Cerrado, bioma que mais sofre com o desmatamento de suas áreas nativas, diminuindo drasticamente o habitat da fauna silvestre.
Característica
Os tamanduás-bandeira normalmente possuem pelagem marrom-acinzentada com uma grande faixa preta nas costas.
Essa coloração é de extrema importância para a sua sobrevivência, pois ajuda na camuflagem contra possíveis predadores e também filtra os raios solares, proporcionando conforto térmico e protegendo esses animais do sol e do calor típicos do Cerrado.
Você sabia?
Apesar da história contada para crianças de que “formigas fazem bem para os olhos”, os tamanduás não possuem visão muito boa, ao contrário do olfato extremamente apurado, que pode ser até 40 vezes mais poderoso que o nosso.
Deste modo, com o treinamento da equipe para evitar que o animal perceba a presença humana, Alvinho, que havia feito check-up em outro encontro, desta vez seguiu seu caminho sem notar que estava sendo monitorado, caminhando em paz pela mata.
Veja o vídeo
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