Política

DELCÍDIO DO AMARAL

Sozinho, PT não consegue construir projeto

Sozinho, PT não consegue construir projeto

ICO VICTÓRIO

03/07/2011 - 00h00
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Dono da maior votação individual da história de Mato Grosso do Sul, com 826.848 votos na reeleição, o senador petista Delcídio do Amaral, tem uma certeza em mente: o Partido dos Trabalhadores sozinho não vai chegar a lugar algum, em 2012, em especial no embate para tomar o comando da Prefeitura Municipal de Campo Grande, principal reduto eleitoral do PMDB, se quiser levar adiante projeto para voltar a administrar Mato Grosso do Sul, a partir de 2014. "Nós vamos enfrentar máquinas importantes, não só do governo do estado mas, no caso especifico de Campo Grande, a máquina da prefeitura. A participação dos aliados vai ser fundamental", analisa o senador, que não esconde o sonho de administrar Mato Groso do Sul. Antes, porém, pretende retribuir à população do Estado, a confiança depositada nas urnas, em outubro de 2010. "Vou continuar trabalhando muito para honrar o compromisso com o meu povo". Delcídio aposta na Educação para alçar o Estado ao patamar sonhado pelo Movimento Divisionsta, responsável pela separação do então Mato Grosso uno.

Como o senhor avalia o quadro sucessório municipal para 2012? O senhor não acha que, para vencer as duas principais máquinas administrativas (Governo e prefeitura da Capital), o PT deve abrir janelas para formar ampla coalizão?
O quadro sucessório de 2012 é muito favorável ao PT e seus aliados em Campo Grande e também em Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Porã, Coxim, e nas cidades pequenas e médias. Eu não tenho dúvida de que nós temos reais condições de eleger não só prefeitos, prefeituras, vice-prefeitos e vice-prefeitas, como também vereadores e vereadoras. Mas é claro que o PT sozinho não consegue construir um projeto para 2012, que vai ser fundamental, inclusive, para 2014. Nós vamos enfrentar máquinas importantes, não só do governo do estado mas, no caso especifico de Campo Grande, a máquina da prefeitura. A participação dos aliados vai ser fundamental. E temos que nos preparar para fazer não só uma campanha de opinião, com projetos e propostas, mas uma campanha inovadora, criativa, tratando de investimentos em obras e a geração de empregos, mas focando também a cultura, o esporte, as políticas sociais e de inclusão, a qualificação de mão-de-obra, além do apoio para as minorias". Vamos para uma disputa limpa, como o povo sul-mato-grossense espera de todos nós. As perspectivas são as melhores possíveis , inclusive no sentido de vencer as eleições em Campo Grande.
Como estão as negociações?
Nós temos conversado muito, não só internamente com as várias correntes do PT, mas com os partidos aliados. O objetivo é a construção de um leque de alianças que vai se refletir não só nos municípios, mas possivelmente na eleição para governador do estado, em 2014. É um trabalho paciente que, mais do que nunca, exige muito diálogo, humildade e serenidade, para criar as condições de se fazer uma grande disputa, com o PT entendendo onde será e onde não será cabeça de chapa. Também temos que ter claro as cidades onde é importante elegermos uma bancada de vereadores e vereadoras, fortalecendo os aliados, que não podem ser tratados como acessórios mas, acima de tudo, como parceiros de um grande projeto para o nosso estado.
Antes de pensar em candidaturas, o PT precisa decretar paz interna, se quiser voltar a dominar parte das prefeituras de Mato Grosso do Sul. O que o comando petista está fazendo nesse sentido?
O comando do partido tem trabalhado intensamente. Há um diálogo franco entre todas as correntes e o PT, por ser o partido mais bem aceito pela população, inclusive em Campo Grande, tem responsabilidade com a sua militância e, acima de tudo, com o povo de Mato Grosso do Sul. Portanto, o PT caminha para uma harmonia interna compatível com a importância e com o projeto do partido. Estamos promovendo reuniões não só para compatibilizar projetos e discutir as nossas divergências, mas encontros regionais em vários municípios do estado, com lideranças dessas cidades e das cidades do entorno, com a militância, a direção partidária e os parlamentares, exatamente para construir um projeto onde o partido, sem dúvida nenhuma, marchará unido.
Passada a eleição, como está a sua relação com o ex-governador Zeca do PT?
O PT é o partido de maior densidade eleitoral em Mato Grosso do Sul. Qualquer pesquisa atesta o que eu estou dizendo. E tanto o Zeca quanto eu entendemos muito bem isso, assim como a nossa responsabilidade no processo político dentro do PT e junto aos nossos aliados. Portanto, agora, nós precisamos mostrar nossa união através de gestos. Política se faz com gestos. Isso é o que nós vamos fazer ao longo dos próximos meses, mostrando a nossa força. A vida anda e todos nós compreendemos esse momento que o PT vive.
Dono da maior votação da história de MS, o senhor se considera candidato natural ao Governo em 2014?
Em primeiro lugar, eu tenho responsabilidade com o meu mandato de senador. Tenho que corresponder às expectativas da nossa gente, a tudo aquilo que a população espera do meu trabalho. Hoje, estou focado em fazer um bom mandato de senador. Continuo a ajudar os municípios e o estado, fazendo uma política que deixa de lado as disputas partidárias e, acima de tudo, privilegia o interesse do cidadão, da cidadã sul-mato-grossense. Agora, é claro, com a votação que eu tive, a maior que um político já conseguiu na história de Mato Grosso do Sul, trabalho também para, um dia, me tornar governador. Qual político não quer ter a honra de governar o estado em que nasceu? Um corumbaense, um pantaneiro que já andou pelo Brasil inteiro, que andou pelo mundo, e que acaba comandando sua terra natal. É claro que isso está no meu projeto e vou trabalhar nesse sentido. Se for em 2014, melhor ainda.
O que o senhor pretende fazer para tirar, definitivamente, o Estado do isolamento econômico-social que vive desde a Divisão, em 1977?
Mato Grosso do Sul já evoluiu bastante. Hoje, é um estado com uma economia mais diversificada, não só focada basicamente na soja e no boi, que são segmentos importantes e continuarão sendo, mas nós vamos expandir. Estão aí o etanol, o açúcar, a floresta plantada, as fábricas de papel e celulose, os projetos turísticos, de mineração e siderurgia, o gás natural, a indústria de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas. É uma nova realidade e nós precisamos, efetivamente, investir em infraestrutura para fazer frente a esses grandes projetos e tornar Mato Grosso do Sul um estado moderno, com ferrovia em bom estado, com rodovia, hidrovia, boa oferta de energia, usinas hidrelétricas e a gás natural, como as já existentes, com produção de energia a partir de biomassa que é uma geração limpa. Um projeto que crie novas oportunidades de negócios e empregos mas que também respeite o meio ambiente, promovendo o desenvolvimento sustentável. Queremos um estado que venha a se integrar não só com os países mnvizinhos, pela posição geopolítica excelente que MS ocupa na America do Sul, como também com os principais estados da federação. Costumo dizer que Mato grosso do Sul tem que ter uma mentalidade de atravessar o Rio Paraná. uma visão pluralista, ecumênica, uma visão de mundo, para compreender o seu papel e preparar a sua gente para o grande futuro que nos espera.
Na primeira década do Século XXI Mato Grosso do Sul ficou anos-luz atrás do irmão, o Mato Grosso. O que fazer para recuperar o tempo perdido e, ao menos, tentar chegar perto do sucesso econômico de MT?
Sem dúvida nenhuma, além dos aspectos abordados anteriormente, é preciso investir muito em educação. Estão chegando aqui as escolas técnicas. É preciso ampliar também as universidades e adotar políticas que olhem a questão da inclusão social , fator fundamental para garantir cidadania no nosso estado. Vamos desenvolver políticas de gênero, políticas de minorias, promover uma reforma agrária que contemple o verdadeiro trabalhador rural, buscar a solução definitiva das questões indígenas que afligem o dia-a-dia não só das etnias, mas também dos produtores rurais; e promover a cultura, o folclore. Nosso estado é muito rico em cultura e, infelizmente, isso está meio engavetado como pauta importante no nosso dia-a-dia, na nossa vida. Quem não respeita a sua história não garante o seu presente e muito menos o seu futuro. E eu não tenho dúvida, até por tudo o que Mato Grosso do Sul representa, que nós vamos mostrar que o nosso estado vai ocupar a posição que nós esperávamos quando da divisão do antigo Mato Grosso.
Como executivo o senhor desempenhou cargos no alto escalão de grandes estatais brasileiras. Essa experiência pode ser aplicada em um virtual governo seu no nosso estado?
Com certeza, porque um governo é composto de um segmento político – importante em qualquer projeto - e também da meritocracia. Ou seja, temos que ter quadros executivos competentes. E é dentro desse aspecto que pretendo trabalhar , com planejamento de longo prazo, um plano diretor competente, com a questão ambiental, de sustentabilidade sendo priorizada, com a preservação do Pantanal e a recuperação do Rio Taquari. Vamos trabalhar, acima de tudo, com metas, exatamente para aferir o desempenho de cada área e, importante, fazendo mais com menos. Esse é o grande desafio. Nós não podemos, de forma nenhuma, considerar que governo é uma coisa e gestão empresarial é outra. O governo traz no seu conjunto essas duas vertentes fundamentais: a política e a gestão. E até pela minha vivência, pela minha experiência, o assunto gestão será absolutamente prioritário se um dia eu tiver a honra, se Deus me ajudar e o povo quiser, de governar o meu estado. Vamos investir na meritocracia, incentivar aquelas pessoas que se prepararam, que estudaram, para prestar um bom serviço a quem vive aqui.
O senhor não acha que o PT de MS está desgastado com o Governo Dilma por não conseguir emplacar indicações em cargos do segundo escalão?*
Absolutamente não. Não há nenhum tipo de desgaste, até porque não foi feita nenhuma indicação para segundo escalão também nos demais estados brasileiros. Através de uma decisão da própria presidente Dilma, ela vai começar a fazer esses movimentos a partir de agora. Nas audiências que tive com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, e com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, isso ficou muito claro. Portanto, não há nenhum desgaste do PT e isso precisa ficar muito claro.
Como vão as negociações com a Petrobrás para a liberação do ICMS (R$ 107 milhões) referentes ao gás boliviano?
As negociações vão muito bem. Estive com o governador André (Puccinelli) e o secretário Carlos Alberto Menezes (Meio Ambiente) há algum tempo no Rio de Janeiro. Tivemos uma boa reunião com a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, não só para discutir os critérios de cobrança do ICMS do gás, que o Estado começou a recolher na minha época, quando fui diretor da Petrobras, e que nós trabalhamos muito para que Mato Grosso do Sul fosse privilegiado com a cobrança do ICMS, ao entrar o gasoduto em Corumbá. Discutimos também o que faltava para completar toda essa arquitetura que garante mais de R$ 50 milhões/mês em arrecadação ao nosso estado e que, portanto, gera uma grande riqueza, além das usinas a gás, da fábrica de fertilizantes e outros consumos em que o gás natural será aplicado , como a siderurgia e projetos industriais. Depois de meses de discussão, a empresa compreendeu que a nossa proposta é justa. Ela vai garantir de R$ 5 a R$ 7 milhões adicionais/mês, somando-se aos R$ 50 milhões que já recebemos mensalmente. Além do mais, ainda no mês de julho, receberemos R$ 107 milhões relativos ao passivo da Petrobras para com o estado.
Com as commodities em alta, qual será o papel de Mato Grosso do Sul nos próximos anos?
Mato Grosso do Sul é um estado que vai continuar produzindo commodities, mas hoje já existe a preocupação de se agregar valor a muitos produtos primários. Então, seremos um mix de commodities e também de manufaturados, de produtos nos quais vamos agregar valor através dos insumos que produzimos. Vamos ter uma logística compatível pela posição privilegiada de MS e, acima de tudo, reunindo as condições para aproveitar a nossa mão-de-obra, que será qualificada para tornar o nosso Estado uma das unidades da Federaçãode ponta no Brasil, ocupando o espaço que todos nós sempre sonhamos.
 

CÓDIGO DE CONDUTA

CNJ proíbe juiz coach e limita participação em eventos e cursos

Conselheiro da OAB-MS no CNJ, Mansour Karmouche explicou que a medida foca quem faz promoção pessoal

13/12/2025 08h00

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF)

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF) Divulgação

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em setembro e entrou em vigor este mês a Resolução nº 650/2025, que regulamenta em todo o Poder Judiciário como os magistrados podem atuar como docentes e participar de eventos, reforçando limites para evitar conflitos com o expediente forense e com a independência judicial.

Pelo texto, magistrados da União e dos estados continuam proibidos de exercer outro cargo ou função, ainda que com disponibilidade, com exceção do magistério.

Mesmo assim, a atividade docente fica condicionada à compatibilidade de horários com o trabalho no fórum.

A regra vale também para o ensino a distância (EAD), que deverá seguir os mesmos princípios do formato presencial, incluindo a exigência de conciliação com o expediente forense.

A resolução determina ainda que cada tribunal deverá regulamentar o limite máximo de carga horária semanal dedicada à docência de EAD, levando em conta “peculiaridades locais”.

Além disso, fica vedado ao magistrado exercer cargo administrativo ou técnico em instituição de ensino, com exceção de funções como coordenação de curso, projetos de pesquisa e extensão, ou atividades em escolas de aperfeiçoamento dos próprios tribunais e entidades vinculadas.

Um dos pontos centrais é a proibição explícita da prática de coaching e atividades similares para preparação de candidatos a concursos, mesmo quando envolvam conteúdos jurídicos.

O CNJ estabelece que esse tipo de serviço – descrito como treinamento organizado e oneroso voltado a “objetivos predefinidos”, como aprovações e ganhos – não é considerado docência e, por isso, é vedado a magistrados.

A norma equipara ao coaching a assessoria coletiva via mídias e redes sociais quando houver monetização digital ou captação de clientela para venda de produtos e serviços.

Há, porém, uma ressalva: mentoria gratuita, individual ou coletiva, direcionada a alunos de políticas afirmativas construídas no âmbito do CNJ e voltada à pluralização do perfil da magistratura, não é tratada como coaching, mas deverá ser formalmente comunicada ao tribunal competente, em registro eletrônico.

Para atividades regulares de docência em instituições de ensino, o magistrado terá de registrar eletronicamente no tribunal informações como entidade, horários e disciplinas ministradas, preferencialmente no início de cada semestre, mantendo os dados atualizados.

O CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça farão acompanhamento periódico dessas informações.

A resolução também amplia o conceito de atividade docente para fins de controle: participação de magistrados como palestrantes, conferencistas, moderadores, debatedores, integrantes de comissão organizadora, membros de bancas de concurso e de comissões de juristas (inclusive instituídas pelo Legislativo ou o Executivo) passa a ser considerada docência.

EVENTOS

Uma exceção é criada para participações virtuais breves e não remuneradas: eventos online (ao vivo ou gravados) de até 20 minutos, em horário compatível com o expediente, ficam dispensados do registro eletrônico.

No capítulo sobre eventos, o CNJ estabelece que congressos, seminários, simpósios e encontros similares promovidos, realizados ou apoiados por conselhos e tribunais devem observar princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O texto permite patrocínio de empresas com fins lucrativos até o limite de 30% do custo total do evento e autoriza patrocínio parcial ou total por entidades filantrópicas e fundações de direitos humanos, desde que compatíveis com o tema.

Já quando o evento for promovido ou subvencionado por entidade privada com fins lucrativos e houver custeio de transporte e hospedagem, a participação de magistrados fica limitada a papéis específicos, como comissão organizadora ou atuação como palestrante, moderador e debatedor – com exceção para eventos custeados exclusivamente por associações de magistrados.

A resolução ainda prevê a possibilidade de magistrados receberem premiação da administração pública ou de entidades sem fins lucrativos por obra jurídica ou prática inovadora de interesse da administração judiciária, desde que não haja comprometimento da independência funcional.

Também admite o recebimento de itens de cortesia em situações específicas, desde que o valor patrimonial não descaracterize o caráter simbólico.

ANÁLISE

Segundo Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e conselheiro federal no CNJ, essas restrições aos magistrados foram o último ato do ministro Luís Roberto Barroso, antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida foca os magistrados que costumam promover e oferecer cursos paralelos de mentoria e coaching, e, a partir de agora, essa prática foi completamente vedada. A proibição está alinhada a um código de conduta para magistrados, com o magistério ainda sendo aprovado, mas não podendo mais participar das redes sociais na capacidade de empreendedores”, detalhou.

Mansour Karmouche reforçou que a resolução chega em um momento de necessidade de mais transparência no sistema judicial brasileiro e foca a preocupação sobre potenciais conflitos de interesse dos magistrados.

“A partir de agora, todos os magistrados que participam de eventos precisam registrar e comunicar informações, incluindo valores recebidos e patrocinadores. Isso é importante para a segurança da sociedade, porém, infelizmente, a resolução se aplica apenas até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o STF está fora do alcance das regulamentações do CNJ”, pontuou.

O conselheiro federal da OAB no CNJ destacou que o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do STF, pela limitação do conselho, propôs uma resolução específica para disciplinar a participação dos magistrados do Supremo.

“Essa proposta surgiu, em parte, após uma viagem controversa do ministro Dias Toffoli, que gerou grande polêmica”, recordou.

Fachin tem apresentado a ministros da Corte a intenção de criar um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, como na Alemanha, onde o Tribunal Constitucional elaborou um código de conduta em 2017.

São 4 artigos e 16 itens no total, que são um conjunto de regras para os integrantes da Corte considerada a guardiã da Constituição alemã e que tem inspirado o ministro Fachin.

O primeiro artigo do Código de Ética alemão diz que: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”.

O texto afirma que precisa existir um “zelo para que não surja qualquer dúvida quanto à neutralidade perante grupos sociais, políticos, religiosos ou ideológicos”. Ele cita também o cuidado com as “relações pessoais”.

O código tem, ainda, um parágrafo sobre a ética de aceitar presentes: “Juízas e juízes só aceitam presentes e benefícios de qualquer tipo apenas na medida em que isso não possa gerar dúvidas sobre sua integridade pessoal e independência”.

Diz também que os magistrados podem “receber remuneração por palestras, pela participação em eventos e por publicações somente e apenas na medida em que isso não prejudique o prestígio do Tribunal nem gere dúvidas quanto à independência, à imparcialidade, à neutralidade e à integridade de seus membros” e que “os rendimentos obtidos em atividades extrajudiciais devem ser divulgados”.

Por determinação do Código de Ética alemão, esses dados são públicos e ficam liberados para consulta. A tabela de 2024 é a mais recente disponível.

Mostra exatamente o quanto cada integrante do Tribunal Constitucional da Alemanha ganhou em atividades fora do Judiciário – publicação de livros e artigos, palestras, participações em eventos independentes.

O código também determina que os magistrados da Corte não podem emitir pareceres sobre questões de direito constitucional nem fazer previsões sobre o resultado de processos pendentes ou que podem vir a ser decididos pelo Tribunal.

O texto prevê ainda regras para depois do término do mandato. Fala, por exemplo, que os juízes não podem assumir atividades de consultoria nem emitir pareceres técnicos no primeiro ano fora do Tribunal e que, mesmo depois desse período, está vedada a atuação em casos da Corte para não dar a impressão de utilização indevida de conhecimentos internos.

O Reino Unido também tem código de ética para magistrados de tribunais superiores.

O documento determina que os juízes são expressamente proibidos de aceitar remuneração por atividades extrajudiciais e tem uma parte específica que fala o que é preciso ser levado em conta para que um magistrado se declare impedido de julgar uma determinada ação.

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte adotou um código de ética em 2023, depois que reportagens revelaram que juízes ocultaram ter recebido presentes e benefícios de empresários. Um dos magistrados é Clarence Thomas, que está na Corte desde 1991.

Segundo investigações de agências de notícias do país, ele aceitou, durante anos, viagens de luxo pagas por um bilionário texano, que comprou uma casa do juiz. A transação não foi informada às autoridades. O código americano estabelece, por exemplo, que juízes precisam explicar os motivos de se declararem impedidos de julgar um caso.

Logo no início, o texto afirma: “A ausência de um código levou à falsa impressão de que os juízes desta Corte se consideram imunes a regras éticas. Para acabar com essa percepção enganosa, estamos publicando esse código, que representa uma codificação dos princípios que nós sempre respeitamos”.

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advogados e juristas

Prerrogativas homenageia Tebet e a convida para integrar chapa lulista em SP

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou Simone depois de ser convidada para mudar domicílio eleitoral para SP

13/12/2025 07h23

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

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Uma homenagem do grupo Prerrogativas a Simone Tebet (MDB), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) voltou a flertar com a possibilidade de ter os três ministros em uma chapa em São Paulo como palanque de Lula na eleição do ano que vem. Atualmente, o título eleitoral de Simone Tebet está em seu Estado natal, o Mato Grosso do Sul. 

Em evento com tom de campanha eleitoral, os três foram citados pelo coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, como representantes da frente ampla que deu a vitória a Lula em 2022 e como trunfos para a eleição de 2026. O Prerrogativas é formado por advogados e juristas pró-PT e ampliou sua influência no governo com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Nós vamos ganhar em São Paulo e no Brasil, em todos os Estados. Essa é a aliança pela democracia que vai vencer as eleições em 2026", disse Carvalho. Em uma referência indireta às crises recentes envolvendo o Congresso, ele também afirmou que Lula é o único adulto na sala e não quer "abocanhar" as competências dos outros Poderes.

"É um luxo para São Paulo ter três opções. É uma chapa que representa a união da direita civilizada, da centro-direita, centro-esquerda e esquerda em torno das instituições e da defesa da democracia", disse Carvalho ao Estadão.

Questionado se a ministra do Planejamento estaria disposta a mudar o domicílio eleitoral para São Paulo, respondeu: "Eu acho que ela estava esperando o chamado. Hoje nós fizemos o chamado para ela se apresentar à população de São Paulo. O Prerrogativas dá sorte". O grupo fez parte da articulação que levou Alckmin a vice de Lula em 2022.

Apesar de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ter lançado sua pré-candidatura à Presidência há poucos dias, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue sendo alvo preferencial do PT e foi citado pelo menos duas vezes em discursos no palco.

Haddad lembrou a declaração de Lula direcionada ao governador mais cedo nesta sexta-feira, de que os prognósticos de especialistas para a economia não se concretizaram. Marco Aurélio também fez críticas à gestão de Tarcísio em São Paulo.

"Hoje o presidente Lula falou uma coisa muito importante. Ele falou olhando pro governador de São Paulo: ‘Você viu Tarcísio que todos os prognósticos feitos por economistas não deram certo?’", disse Haddad. "Não é comemorar que o caras que apostaram contra o Brasil estavam errados. É comemorar que nós demos certo", continuou.

Haddad resiste a ser candidato novamente. Nesta semana, ele disse em entrevista ao jornal O Globo que pode deixar o ministério para ajudar na campanha de Lula no ano que vem, mas que já avisou ao presidente que não quer disputar uma nova eleição.

O petista é cotado tanto para disputar o governo de São Paulo quanto o Senado pelo Estado. Ao ser questionado novamente por jornalistas na noite desta sexta-feira, Haddad disse que já havia falado sobre o tema na entrevista.

Ex-presidente do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann afirmou a jornalistas no evento que ainda não há uma definição.

"É óbvio que qualquer lançamento de nome, de composição, a gente tem que conversar. Não se faz de uma hora para a outra. Mas, com certeza, são 3 nomes muito potentes, muito importantes na política nacional e local aqui em São Paulo", afirmou.

Apesar de seu partido, o MDB, ainda não ter definido qual caminho seguirá em 2026, Tebet foi taxativa e disse que estará no palanque de Lula. A ministra do Planejamento recebeu aplausos da plateia ao dizer que Lula é maior presidente que o Brasil já teve. O MDB já teve José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer como presidentes.

Para estar no palanque de Lula em São Paulo, ela teria que deixar o Mato Grosso do Sul e mudar de partido, já que o MDB paulista apoia Tarcísio. Tebet é cotada para uma vaga ao Senado, mas ao final de seu discurso algumas pessoas na plateia gritaram "governadora".

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou.

No caso de Alckmin, a prioridade é repetir a chapa com Lula para o Palácio do Planalto. Ele afirmou que o petista salvou a democracia ao derrotar Bolsonaro em 2022 e foi o orador mais aplaudido ao iniciar seu discurso cumprimentando a plateia com "companheiros e companheiras", marca do presidente.

Além dos três, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), já manifestou o desejo de ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Ele não compareceu ao evento.

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