Milhares de romeiros percorreram a pé centenas de quilômetros à beira das estradas do Pará, sob um calor de 35ºC, na última semana.
Eles ignoraram os pés esfolados para pagar promessas a Nossa Senhora de Nazaré e participar da tradicional festa do Círio, que começa hoje, em Belém.
A padroeira da Amazônia é homenageada no principal festejo religioso do Norte do país. Para os moradores da região, o Círio chega a ser mais importante que o Natal.
Belém, que sedia a festa mais tradicional, espera 17 mil romeiros. A estimativa é que 2,2 milhões de pessoas participem. Os 11 mil leitos de hotel da capital paraense estão completamente lotados.
Os grupos de romeiros vêm de municípios como Castanheira (74 km de Belém), Capanema (164 km) e Bragança (211 km).
Eles dormem nas cidades que cruzam pelo caminho, mas não pagam hotéis: são acolhidos pelos moradores.
A viagem demora dias. Um grupo de 32 pessoas que saiu de Magalhães Barata (160 km da capital paraense) na segunda-feira à tarde só chegou a Belém anteontem. Duas mulheres não aguentaram e desistiram no caminho.
A empregada doméstica Altamira Monteiro da Silva, 46, capitaneava o grupo mesmo com as pernas trêmulas. "Dói, mas agora que está perto eu não desisto", disse.
A Folha encontrou o grupo de Altamira a 30 quilômetros de Belém. "Alcancei uma graça para meu filho e prometi vir andando nos próximos quatro anos", disse ela.
Quando os romeiros chegam, na sexta ou sábado, são acolhidos por voluntários na basílica de Nazaré, onde recebem alimentação e cuidados como massagens nos pés.
A festa começa às 5h, com uma missa na Catedral da Sé. Por volta das 6h30 sai a procissão com a imagem do Círio de Nazaré, que percorre um trajeto de 3,6 quilômetros.
As ruas ficam lotadas, ao ponto de ser impossível transitar. No ano passado, a procissão durou seis horas.
Carro ficou completamente destruído. Foto: divulgação


