Pessoas vestidas de branco, atabaques e cantos. Duas senhoras passam pelo centro da Praça Ary Coelho e fazem o sinal da cruz, apertando o passo. É justamente essa imagem que os seguidores dos cultos afro-brasileiros querem quebrar na manifestação que está acontecendo esta manhã na Capital. “Somos um povo de fé, temente a Deus, como outras religiões”, exalta Lucas Junot, babalorixá de candomblé, também chamado de zelador de orixá ou popular e erroneamente conhecido como pai de santo.
Um dos principais motivos para a manifestação é o recente caso de um falso pai de santo que abusava sexualmente de crianças e fazia sacrifícios de cães e gatos em rituais. “Esse caso foi um choque para nós, porque é uma religião de muitos princípios. Não aceitamos alteração de consciência, cultuamos a natureza, lidamos com o cuidado das pessoas”, explica a Yalorixá, Mãe Zilá.
Regulamentação
Com 25 anos de existência, a Fecams (Federação dos cultos afro-brasileiros e ameríndios de Mato Grosso do Sul), afirma que em Campo Grande existem 600 terreiros registrados e em Corumbá o número chega a 1.200. “A Lei estadual 910, de 1989, fala que a liberdade de culto está sujeita à fiscalização e que quem determina se a pessoa é ou não pai de santo, é a federação”, afirma Irbs, presidente do órgão.
Para regulamentar o funcionamento de um terreiro é necessário levar o histórico e o endereço do local até a Fecams para receber o alvará. Há ainda o disque-denúncia, para desarticular o charlatanismo, o 3380-1005.


