O estouro de ponto de venda de drogas na rua General Dutra, no Bairro Maria Leite, feito por equipes do Serviço de Investigações Gerais (SIG) do 1º Distrito de Polícia Civil de Corumbá, mostrou que os envolvidos com o tráfico estão buscando uma especialização de suas ações. A constatação é do delegado titular do 1º DP, Gustavo Bueno, que comandou a operação realizada no início da noite de ontem (07) que prendeu duas pessoas e apreendeu quatro tipos diferentes de entorpecentes.
No local funcionavam dois depósitos onde ficavam estocadas mercadorias provenientes de contrabando e descaminho, originárias da Bolívia. Foram apreendidas cerca de 10 toneladas de contrabando, entre roupas; produtos eletrônicos e alimentos. A Receita Federal foi acionada para executar a apreensão do material. Todo o carregamento foi levado para o depósito da Receita onde será periciado e o que houver de perecível - no caso alimentos - será doado para instituições de filantropia.
"Chamou atenção a preocupação deles em se especializar. Havia preocupação em se especializar na questão mercadológica. Apreendemos livros que visam a boa administração, como lidar no comércio e como se portar diante de uma situação contábil. Denota que o crime está se especializando. O flagrado é de vasta experiência no crime e sabe como trabalhar nessa questão, mas agora foi preso pelo SIG", afirmou o delegado Gustavo. Na casa, os policiais encontraram os livros "Grande enciclopédia de administração empresarial, contabilidade e prática comercial" e uma versão compilada do "Código Comercial; Código Tributário Nacional e Constituição Federal".
De acordo com o responsável pelas investigações, o flagrante destruiu o "mito que se tem de que é formiguinha o tráfico de bocas de fumo". Segundo o delegado, a boca estourada pelos policiais civis tinha arrecadação diária de cerca de R$ 4 mil. "Isso reforça que por trás das bocas que estamos estourando há visão comercial. A droga hoje não custa um real. Cada pacotinho é dez reais, justamente para aumentar a lucratividade", afirmou Gustavo Bueno apontando os papelotes de pasta base e cocaína apreendidos. "Não existe ‘boquinha' humildezinha não. Estão destruindo famílias e virando negócio", complementou.
Outra constatação mostra que havia toda preocupação, por parte dos envolvidos, em disfarçar a grande movimentação no local. "Tinha uma mercearia, que é dele, e era usada como cobertura, como fachada para disfarçar o movimento", afirmou o titular do 1º DP.
"É uma demonstração para a população que os crimes estão todos conexos. Tráfico de drogas; descaminho, contrabando e outras modalidades. Pela primeira vez a Polícia Civil de Corumbá consegue apreender quatro tipos de drogas diferentes [num só local]. Temos a pasta base de cocaína; maconha, crack e o cloridato de cocaína pura", destacou o delegado. "Apreensão de quatro tipos de drogas dá a dimensão que de formiguinha não tinha absolutamente nada", argumentou.
Dois presos
Na casa da rua General Dutra duas pessoas foram presas em flagrante. O homem apontado como dono do ponto, José Luiz Pareja Urquidi, 56 anos, tinha atuação ligada ao tráfico há pelo menos 25 anos. A primeira prisão dele teria sido entre os anos de 1988 e 1989. Dessa vez, deve ser autuado por tráfico de drogas, contrabando e descaminho. "Ele está há muito tempo no crime, esse senhor, já foi preso três vezes. Essa foi a quarta [prisão] por tráfico de drogas", informou Gustavo Bueno.
A outra prisão foi de Viviane Freire de Jesus, 33. "Ela foi encontrada com uma grande quantidade de maconha. Estava em livramento condicional e recebeu a voz de prisão por tráfico na sala do imóvel. Ela estava lá dentro", contou o delegado.