De dezembro de 2010 para cá – 13 meses - 47 ovelhas, uma média de um animal por semana, foram abatidas por onças pardas na fazenda Modelo, da Embrapa Gado de Corte, perto do Indubrasil, a 30 km de Campo Grande.
Os ataques dos predadores têm prejudicado as pesquisas ali desenvolvidas por estudiosos especializados em bovinocultura e ovinocultura.
A área mede 1,6 mil hectares e no pasto vivem duas mil cabeças de gado e 180 carneiros (reprodutores machos) e ovelhas (reprodutores fêmeas).
Até agora, ainda não se sabe a causa do avanço dos ataques registrados nos últimos cinco meses, quando foram anotados 27 abates, mas uma das prováveis explicações, segundo o zootecnista do órgão, Fernando Alvarenga Reis, teria a ver com um espécie de treinamento entre os felinos.
Isto é, as onças matam as ovelhas para ensinar a estratégia de ataque aos seus filhotes. Depois do golpe, geralmente na jugular das ovelhas e carneiros, o animal abatido é abandonado.
De todas as investidas contra as ovelhas, a carcaça de apenas uma foi arrastada para a mata, no caso, para ser devorada pelos felinos, segundo Reis.
A última investida ocorreu perto do curral de manejo dos ovinos, a uns 30 metros de uma vila de 11 casas habitadas por empregados da fazenda, entre elas crianças.
"Ficamos preocupados com isso, além de prejudicar as pesquisas, existe o risco de os felinos avançarem sobre os funcionários", disse o zootcnista.
Na fazenda é desenvolvido um estudo experimental acerca da incidência de verminose que afeta o rebanho, doença que pode matar os bichos.
A pesquisa é realizada desde o início de 2006, mas os casos dos abates ocorrem desde dezembro de 2010, segundo o zootecnista.
De setembro para cá, com o aumento nos casos de abates, os empregados que tratam dos animais, por orientação do zootecnista, à noite, passaram a encurralar o rebanho no centro de manejo, como meio de protegê-los.
Para o desfecho do estudo experimental, ovelhas e carneiros deveriam ficar soltos o tempo todo.
A onça parda, rápida até para caçar aves, tem hábitos noturnos.
O zootecnista disse que a Embrapa pediu orientação ao Ibama para ver como poderia agir para conter os ataques. O órgão federal recomendou o aumento da iluminação, eletrificar o cerco da área e usar protetor de tela no curral.
Com o avanço dos ataques dos predadores o órgão adquiriu um maremano, cão de raça italiana, acostumado a conviver com rebanho de ovinos.
No último ataque, ocorrido no dia 30 de janeiro, o cachorro deu o alerta, mas quando um empregado chegou ao local, o ovelha já havia sido abatida. Perto dali, foram enxergadas sinais das patas de uma onça adulta e uma pequena.
Ainda segundo o zootecnista, as onças abateram também bezerros que vivem no pasto da fazenda da Embrapa.
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