Cidades

Entrevista da semana

'O consumo de álcool é grave
e a sociedade fecha os olhos', alerta o médico José Roberto

'O consumo de álcool é grave
e a sociedade fecha os olhos', alerta o médico José Roberto

montezuma cruZ e JAKSON PEREIRA

10/03/2013 - 18h30
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A juventude que bebe demais, pais, mães, parentes e amigos estão convocados para o Dia do Bem, no próximo dia 23 de março.

Em palestras, workshops (reuniões de trabalho) e atividades diversas, a Casa da União pretende lançar uma semente de consciência contra o perigo do excesso de álcool entre os jovens. “O Brasil é hoje o país com o maior número de jovens dependentes alcoólicos em todo o mundo”, alerta o médico José Roberto Campos de Souza, na entrevista a seguir:

Correio Pergunta – O que é o Dia do Bem?
José Roberto – O Dia do Bem é uma ação cívico-social desenvolvida pelo Centro Espírita União do Vegetal, através do seu braço assistencial, que se chama Casa da União. Em Campo Grande será no sábado, dia 23 de março, mas nós pretendemos estender as atividades até maio. Este ano, o foco é a juventude, principalmente, no que diz respeito ao uso de drogas.

Quem sofre mais: o homem ou a mulher?
Hoje temos crianças de 11 ou 12 anos, grávidas, e numa grande parte desses casos existe envolvimento alcoólico. Em função do seu metabolismo, da sua estrutura, a mulher é mais vulnerável ao álcool, em função de algumas alterações bioquímicas. Estudo recente publicado nos EUA mostrou uma incidência de cerca de 70% das jovens com atividade sexual, portando HPV (sigla em inglês para papiloma vírus humano). Álcool, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce preocupam demais.

O custo é alto mesmo...
O jovem que foi ao carnaval, embriagou-se e engravidou a menina de 12, 13, 14 anos, acarreta um grande peso social. Se a família não tiver condições de auxiliar a jovem, a sociedade é onerada. A mesma coisa num acidente: se ele for decorrente do álcool e a pessoa fica paraplégica, a sociedade toda paga, seja através de um benefício social ou de uma internação prolongada, que onera os serviços de saúde.

A Casa da União está fazendo a sua parte...
Em 2012, o Dia do Bem Verde voltou-se para ações de consciência ambiental. Fizemos mais de 60 mil atendimentos no Brasil, e a meta este ano é chegarmos a 100 mil. Trabalhamos no Jardim Noroeste e em 2013 pleiteamos o Parque Jacques da Luz, para atender as Moreninhas, onde há comunidades carentes de apoio e orientação. Lamentavelmente, nós temos um Estado omisso, e se nos colocarmos à margem, a situação é cômoda, pouco produtiva. O consumo de álcool é grave, mas a sociedade fecha os olhos. Se você quer saber se uma coisa é boa para sua vida, ligue a TV: se tem propaganda, não presta; a gente não vê propaganda assim: “beba água, chupe laranja”. Quanto mais cara e glamourosa, pior é o produto que ela vende. Arrecadam-se impostos com o álcool e o cigarro, porém, gasta-se uma quantidade multiplicada para tratar doenças do tabagismo. Companhias de álcool e de cigarro tentam seduzir os jovens e garantir um consumidor para o resto da vida, porque o velho que já foi fisgado tem pouco tempo de vida para continuar consumindo os produtos.

Como será a mobilização?
Nosso foco se chama agenda negativa de trabalho: o crack, por exemplo. Segundo relatos de significativa parcela de usuários, usou a primeira vez, fica escravo. Nosso zelo é alertar a juventude: não use a primeira vez, porque você não sabe se vai sair.

Há parcerias? Quem pode colaborar?
Buscamos a participação de clubes de serviço, entidades, escolas públicas e particulares, Maçonaria e igrejas para uma agenda positiva: mostrar formas saudáveis de engajamento social, de inclusão nos esportes, na música, em grupos assistenciais. Nos EUA, um jovem até 21 anos não pode comprar bebida alcoólica. Existem leis rígidas, e elas são cumpridas. Não se pode usar bebida alcoólica em público. Nos filmes, vemos o indivíduo sair com um saco plástico e até beber, porém, escondido. A lei garante o direito à privacidade, então, o policial sem mandado judicial não pode fiscalizar o que ele está levando, a menos que haja motivo para suspeita. Mas o menor não pode adquirir bebida alcoólica, nem consumi-la. Se for pego, as sanções são severas.

No Brasil, a Lei Seca funciona?
Ela endureceu. Este ano tivemos uma diminuição de quase 20% dos acidentes no carnaval, e perto disso, do índice de mortes. Imaginemos que fosse1%, e esse percentual fosse o teu filho, teremos outra dimensão. Uma das maiores especialistas no Brasil em dependência química, a professora Helena Gasparini alerta: não podemos fechar os olhos para a hipocrisia da sociedade, que prega contra as drogas com um copo de cerveja numa das mãos e o cigarro na outra. O álcool é a única droga com a qual a pessoa, sob o domínio dela, faz coisas que não faria em sã consciência. Ele age no lobo frontal, a sede da consciência, da noção do errado e do certo, por isso, o jovem tímido, retraído, quando bebe fica desinibido, depois perde a noção do limite e do respeito, começa a falar alto, fica valente, e chega ao bloqueio completo da inibição. Aquele que mamou uns gorós a mais, como diz o povo, daqui a pouco está fazendo strip-tease em cima da mesa do bar. Porque o álcool bloqueia exatamente esse centro, que é a noção da ética e da moral.

Bebe-se em todo lugar?
Os jovens começam a beber cada vez mais cedo, em torno dos 16 anos; hoje essa média caiu para 12. Tem criança bebendo! Quase na totalidade dos casos, começam a beber dentro de casa, ou na casa do amigo, com incentivo, ou no mínimo, a omissão dos pais. No mundo inteiro civilizado, apesar dos lobbies, da corrupção, do dinheiro derramado para afrouxar as leis, onde existe um pouco mais de consciência, elas têm apertado, e uma delas é exatamente contra a combinação álcool-direção.

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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