O passageiro abre a porta do táxi e encontra uma mulher ao volante. Já “indignado” por ter vindo em um avião, cujo piloto não era homem, destila seu preconceito: “Não acredito, outra mulher! O lugar de vocês é na cozinha!” E falou sério, como se tivesse razão. O comentário, ouvido há uma década, permanece com bom som nas lembranças de Valéria Cristina Pacheco, 40 anos e taxista desde os 20, conforme reportagem do jornal Correio do Estado.
De lá para cá, dois movimentos inversos ocorreram: o número de mulheres taxistas aumentou e o preconceito – embora, em ritmo mais lento – diminuiu. Aos poucos, a atividade deixa de ser reduto masculino e a mulher na direção de um táxi se torna algo comum. Atualmente, há 115 profissionais do sexo feminino com cadastro ativo na Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) de acordo com a Prefeitura de Campo Grande. Quando Valéria ingressou nesse mercado, havia apenas quatro mulheres. “E a cada ano aumenta mais”, observa.
Valéria conta que muitas mulheres entram na atividade por terem pai ou marido taxista. Mas depois permanecerem por se identificarem com o serviço e pelo retorno financeiro. Com Valéria foi assim. “Meu pai era taxista. Comecei por esse motivo e acabei gostando. Trabalhei como auxiliar, mas hoje já tenho alvará”, conta.
A reportagem do Correio do Estado mostra que ter o alvará faz diferença acentuada no faturamento do táxi, mas também exige maiores responsabilidade e gasto do profissional. Antes, segundo conta a taxista, os alvarás eram comercializados por valores expressivos, que chegavam a R$ 300 mil. Atualmente, é cedido pela prefeitura ao taxista que esteja há anos na área.
Por essa razão, quem pretende entrar na atividade, irá trabalhar, por bom tempo, como auxiliar, cujo retorno alcança R$ 2 mil – para o titular do alvará, a renda média é de R$ 5 mil. A matéria é assinada por Osvaldo Júnior.


