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Indústria: a consciência ecológica já chegou por lá

Indústria: a consciência ecológica já chegou por lá

BRUNA LUCIANER

22/02/2011 - 08h03
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A Política Nacional de Resíduos Sólidos já deve imprimir mudanças de hábitos e conceitos dentro da sua casa, imagine o que ela fará com o processo produtivo de empresas e indústrias. Este, aliás, é um dos principais pontos da nova lei: produzir de maneira eficiente e pensar  na logística reversa dos resíduos inutilizáveis.

A adaptação das grandes indústrias é, hoje, o menor dos problemas. A consciência a respeito dos benefícios que a preservação dos recursos naturais traz para o meio ambiente e, claro, para a imagem da empresa, já faz parte do processo produtivo há um certo tempo. O difícil, mesmo, é “ser ambientalmente correto” sem que o Estado proporcione o mínimo de condições para isso. 

Pense no caso de Campo Grande: uma indústria metalúrgica separa e coleta quase 30 toneladas de materiais recicláveis por mês. E aí? Se ela não pagar para uma empresa especializada coletar esses materiais e dar a destinação correta, o caminhão do lixo simplesmente descarta no lixão, velho conhecido, e a possibilidade de reciclagem – e preservação de recursos, e geração de renda – vai por água abaixo.

Esse é o caso da Soprano, indústria de montagem de fechaduras e ferragens para móveis instalada em Campo Grande há seis anos e localizada no anel viário da BR-262, saída para Aquidauana. Da produção e comercialização de 28 mil fechaduras por dia, sobram aproximadamente seis toneladas de metal, 14 toneladas de papelão e oito toneladas de plástico todos os meses. Um funcionário portador de necessidades especiais, deficiente auditivo, trabalha exclusivamente na separação e prensagem desses resíduos, que são vendidos para empresas recicladoras.

A ação não dá lucro, nem prejuízo, mas já imprimiu um novo ritmo de trabalho à empresa e seus 360 funcionários. “Seria muito mais simples deixar tudo ali na frente, misturado. O lixeiro recolheria do mesmo jeito. Mas essa não é a política da empresa e a gente sabe da responsabilidade que nos compete”, resume Maísa Passos de Azevedo Jorge, técnica de segurança de trabalho da Soprano. A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos não preocupa a direção da empresa. “As adaptações necessárias são mínimas. Já fazemos o que a Lei preconiza há muito tempo”, declara Maísa.

Ramo da alimentação

E os bons exemplos não param por aí. Some à preservação do meio ambiente a necessidade de produzir alimentos com eficiência e qualidade e chegue ao frigorífico Friboi, do Grupo JBS. Localizado no Bairro Nova Campo Grande, a indústria precisou investir tempo e dinheiro para otimizar o sistema produtivo e chegar a um método de trabalho que impactasse minimamente a natureza e incomodasse o menos possível a vizinhança.

Chegaram a um estágio de gerenciamento de produção que começa na captação e tratamento de toda a água utilizada na indústria em uma Estação de Tratamento própria; passa pela “lavagem de gases”, que reduz as substâncias odoríferas e a geração de gases de efeito estufa; e termina nas três lagoas de decantação que tratam os efluentes e os devolvem ao local de onde saíram, o córrego Imbirussu.

Todos os novos funcionários passam por um treinamento de integração ao serem admitidos na empresa, o programa “5 S”, de Senso de utilização, de ordenação, de limpeza, de saúde e de autodisciplina. Os resíduos sólidos também são coletados, prensados e enviados para a reciclagem. “Também estamos trabalhando em projetos de reuso de água”, adianta a bióloga Fabiana Néri, responsável pela análise da água que entra e sai dos processos industriais.

Para Fabiana, o Grupo JBS está pronto para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e deixa clara a preocupação socioambiental em todas as atividades que realiza. Mais uma prova de que quem precisa se adaptar é justamente a parte responsável pela aplicação da lei: o Estado.

Contra o aquecimento global

Entre os compromissos do Grupo JBS com a sustentabilidade, está a redução de emissões de gases do efeito estufa. Repare na fumaça saindo do maquinário na foto ao lado: de nada lembra aquela fumaça escura que caracterizou o céu da Revolução Industrial no século 18.

“Funcionamos no meio de um bairro, com vizinhos por todos os lados. Todas as nossas atividades precisam levar esse ponto em consideração. O lavador de gases (foto), além de reduzir a geração de gases de efeito estufa, reduz consideravelmente o mau cheiro resultante do processo produtivo”, detalha Eduardo Azzi, gerente comercial da unidade campo-grandense do Friboi.

Uma escola localizada a poucos metros do frigorífico, que já sofreu com odores e descartes inadequados da indústria no passado, comemora a parceria com o Grupo e, hoje, elogia cada uma das ações socioambientais praticadas e defendidas pelo JBS. 

‘Falta atitude de todos’ 

Um dos principais pontos da Política Nacional e, hoje, uma das mais difíceis aplicações na realidade campo-grandense, é a disposição ambientalmente adequada dos resíduos. O texto explica esse termo como “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”.

Pois é, ainda não temos aterro. O espaço está lá: cavado e impermeabilizado. Mas isso não basta: é preciso providenciar a Usina de Processamento de Lixo (UPL), as instalações para captar chorume e queimar os gases, gerando energia, sem falar em toda uma reforma social na área do entorno do atual lixão.

Aí se esbarra novamente na necessidade urgente de adaptação por parte do poder público, um dos principais responsáveis por todo esse processo. “Na verdade falta atitude e responsabilidade de todo mundo. Há empresas que já estão prontas, outras não. Também falta incentivo do poder público para  a instalação de empresas que trabalhem com reciclagem, por exemplo”, declara Alexandre Raslan, promotor de justiça do meio ambiente.

Para ele, os órgãos ambientais deveriam emitir licenças ambientais com ênfase na questão do gerenciamento dos resíduos sólidos, assunto hoje secundário nos documentos. 

PREVISÃO

Domingo em MS será de chuvas que podem chegar até 100mm, diz Inmet

Previsão coloca todos os 79 municípios do Estado em alerta amarelo e laranja de chuvas intensas

14/12/2025 10h40

As previsões são de chuva para este domingo (14)

As previsões são de chuva para este domingo (14) FOTO: Paulo Ribas/Correio do Estado

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Seguindo a tendência da última semana, este domingo (14) em Mato Grosso do Sul deve ser chuvoso, com precipitação que pode chegar até os 100 milímetros (mm), de acordo com os alertas emitidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Assim como grande do País, o Estado também está dentro do aviso de perigo potencial (amarelo) para chuvas intensas no decorrer do dia, e deve seguir até às 10h desta segunda-feira (15). Sem exceção, os 79 municípios sul-mato-grossenses estão inseridos neste alerta.

Em sua descrição, o Inmet avisa para chuvas entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, acompanhadas de rajadas de vento de até 60 km/h. Mesmo diante disso, a entidade diz que há “baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”.

Das cidades de Mato Grosso do Sul que estão inseridas neste alerta amarelo, 19 estão em outro de um patamar mais elevado de perigo, o nível laranja. Para estes municípios, o Inmet fala que há chance alta de precipitação de entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, com ventos intensos de até 100 km/h. Confira abaixo as cidades de MS presentes neste aviso:

  • Anaurilândia
  • Aparecida do Taboado
  • Bataguassu
  • Batayporã
  • Brasilândia
  • Eldorado
  • Iguatemi
  • Itaquiraí
  • Japorã
  • Jateí
  • Mundo Novo
  • Naviraí
  • Nova Andradina
  • Novo Horizonte do Sul
  • Paranaíba
  • Santa Rita do Pardo
  • Selvíria
  • Taquarussu
  • Três Lagoas

Nas orientações, o instituto sugere à população destas cidades a não se abrigar debaixo de árvores, pois há riscos de descargas elétricas, além de desligar aparelhos elétricos e quadro geral de energia. Em caso de emergência, contatar a Defesa Civil (telefone 199) e o Corpo de Bombeiros (telefone 193).

Estragos

Nesta sexta-feira (12), a cidade de Paranhos, a 462 km de Campo Grande, foi alvo de um forte temporal que deixou um rastro de destruição no município.

Conforme registrado pelo Inmet, a região registrou, entre as 4h e as 18h de ontem, uma precipitação acumulada de 181,6 mm.

A intensidade das chuvas causou a queda da ponte de madeira que passa sobre o Rio Destino e dava acesso ao Assentamento Beira Rio e às aldeias Ypo`i e Sete Cerros na zona rural do município.

Em outro ponto do mesmo rio, uma ponte de concreto foi completamente carregada pelas águas. A estrutura dava acesso à Fazenda Itapuã e ao Assentamento Vicente de Paula e Silva.

Para acessar a cidade, moradores de ambas as regiões afetadas pela queda das pontes terão dar a volta pela Rodovia MS-165, pela linha internacional que separa Brasil e Paraguai.

Com o grande volume de chuva, o Rio Iguatemi chegou a transbordar encobrindo uma ponte, na altura que liga a cidade de Paranhos a Rodovia MS-156, entre Amambai e Tacuru,

Outra inundação ocorreu na zona urbana de Paranhos, onde o Lago Municipal encheu por completo.

*Colaborou Mariana Piell

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ALERTA

Sífilis continua em ritmo acelerado de crescimento no país

Situação é mais grave entre mulheres jovens e gestantes, diz médica

14/12/2025 10h15

Sífilis é uma doença infecciosa que evolui lentamente em três estágios

Sífilis é uma doença infecciosa que evolui lentamente em três estágios Foto: Ministério da Saúde

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Dados do Ministério da Saúde, divulgados em outubro deste ano, mostram que a sífilis continua em ritmo acelerado de crescimento no Brasil, acompanhando uma tendência mundial. A situação é mais grave entre as gestantes: entre 2005 e junho de 2025, o país registrou 810.246 casos de sífilis em gestantes, com 45,7% dos diagnósticos na Região Sudeste, 21,1% no Nordeste, 14,4% no Sul, 10,2% no Norte e 8,6% no Centro-Oeste.

A taxa nacional de detecção alcançou 35,4 casos por mil nascidos vivos em 2024, o que revela o avanço da transmissão vertical, quando a infecção passa da mãe para o bebê.

Segundo a ginecologista Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, membro da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a luta para controlar os números da sífilis congênita se estende desde a década de 1980.

“Na realidade, sempre tivemos problema com a questão da sífilis no Brasil. Ainda não conseguimos encarar a redução dessas cifras há muitos anos”, disse à Agência Brasil.

Apesar de ser uma doença mais fácil de diagnosticar, rastrear e barato de tratar, em relação ao HIV, por exemplo, ainda não conseguimos o enfrentamento adequado para a redução significativa entre as mulheres jovens e também em fetos recém-nascidos.

"Então, temos um problema sério no Brasil, tanto com relação à população adulta jovem e,  consequentemente, na população em idade reprodutiva, e daí o aumento na transmissão vertical." Para a médica, a sífilis é um desafio que ainda não conseguiu resultados positivos, diferentemente do que foi conseguido em relação ao HIV.

Subdiagnóstico

Helaine apontou que, “infelizmente”, a população da área da saúde subdiagnostica a infecção. O exame que se realiza para fazer a identificação da sífilis através do sangue é o VDRL (do inglês Venereal Disease Research Laboratory), teste não treponêmico, mais usado no Brasil.

Ele não é específico do treponema, mas tem a vantagem de indicar a infecção e acompanhar a resposta ao tratamento. Outro teste é o treponêmico, que fica positivo e nunca mais negativo.

A ginecologista explicou que o que tem acontecido, na prática, é o profissional da saúde ao ver o exame treponêmico positivo e o não treponêmico negativo, assumir que aquilo é uma cicatriz e não precisa tratar.

“Esse é o grande erro. A maioria das grávidas estará com um teste não treponêmico ou positivo ou com título baixo. Aí, ela mantém o ciclo de infecção que infecta o parceiro sexual e seu feto dentro do útero”. A interpretação inadequada da sorologia do pré-natal tem sido um problema, segundo a médica.

Outro  problema é o não tratamento da parceria sexual.

“Muitas vezes, os parceiros ou são inadequadamente tratados ou não tratados,  e aí as bacatérias continuam circulando na gestante e no parceiro que não foi tratado e ele reinfecta a mulher grávida e, novamente, ela tem risco de infectar a criança.”

O não diagnóstico adequado, a não valorização da sorologia no pré-natal acabam levando ao desfecho de uma criança com sífilis congênita.

A Febrasgo promove cursos de prevenção e tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) aos profissionais de saúde, além de produzir vários materiais técnicos de esclarecimento da população de médicos para que abordem de modo adequado as pacientes. 

Helaine Martinez participa ainda do grupo de transmissão vertical do Ministério da Saúde, que tem, há muitos anos, protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da transmissão vertical de sífilis, HIV e hepatites virais. O material está disponível online para qualquer pessoa que queira acessá-lo.

“A gente fala que não é falta de informação. Mas precisa aplicar e estudar para ter o conhecimento adequado. Hoje a ocorrência de sífilis congênita é um dos melhores marcadores da atenção pré-natal”.

Infectados

A população que mais infecta agora por sífilis e HIV no Brasil é a situada entre 15 e 25 anos e também a terceira idade. “A população jove, porque caiu o medo em relação às infecções sexualmente transmissíveis, e acabou abandonando os métodos de barreir. Quanto ao HIV, não existe mais aquele terror, porque é uma doença crônica tratável. Isso fez com que os adultos jovens baixassem a guarda na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis”.

Já a terceira idade, com o consequente aumento da vida sexual ativa, com uso de remédios como o Viagra, que melhora a performance sexual dos homens mais velhos, e a falta do receio, porque não tem o risco de gravidez, contribui para o abandono dos métodos de barreira.

Um problema sério no Brasil é que a maioria das mulheres grávidas, mais de 80%, não tem sintoma da doença durante a gestação. Elas têm a forma assintomática, chamada forma latente. Com isso, se o exame não for interpretado da maneira adequada, a doença não será tratada e ela vai evoluir para a criança infectada.

Helaine Martinez afirmou que o homem também tem grande prevalência da doença assintomática atualmente. A partir do momento em que o indivíduo entra em contato com o treponema, ele desenvolve uma úlcera genital, que pode também ser na cavidade oral. Aí, esse cancro, na maior parte das vezes, aparece no órgão genital externo, na coroa do pênis. Já na mulher, a lesão fica escondida no fundo da vagina ou no colo do útero. Não é comum ela ficar na vulva. Portanto, ela passa despercebida para a mulher.

Riscos

O que acaba acontecendo é que no homem, mesmo sem tratar a sífilis, a lesão desaparece. Se ele não tiver agilidade e buscar atendimento, a lesão pode desaparecer, ele acaba não sendo tratado e acumula alto risco de transmitir para sua parceira sexual. 

Tanto a lesão da parte primária, que é o cancro, desaparece sem tratamento. Pode aparecer uma vermelhidão no corpo todo que também desaparece mesmo sem tratamento. O grande problema da sífilis é que a doença tem um marcador clínico de lesão na fase primária e secundária, mas a parte latente é assintomática e, mesmo nessa fase, o homem transmite a doença. A maioria desses homens não tem sintoma e, se não fizerem exame, não são identificados, indicou a especialista.

O único método que identifica o paciente é raspar a lesão e fazer a pesquisa do treponema porque, na fase inicial, os exames laboratoriais do sangue do paciente podem ser negativos. Mas eles positivam em média em duas ou três semanas.

Carnaval

A ginecologista afirmou que com a proximidade das festas carnavalescas, o contágio por sífilis é uma ameaça constante, porque as práticas sexuais com proteção nem sempre são utilizadas nessa época do ano.

“O abandono dos métodos de barreira tem feito crescer, infelizmente, as infecções sexualmente transmissíveis”.

Ela lembrou que, atualmente, já existe um recurso para o HIV, que é a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). Trata-se de um medicamento antirretroviral tomado por pessoas sem HIV 24 horas antes de a pessoa se expor a uma relação de risco, para prevenir a infecção. O medicamento reduz o risco em mais de 90% quando usado corretamente, através de comprimidos diários ou injeções, sendo ideal para populações-chave em maior risco e disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

Sem tratamento, a infecção pode evoluir para a fase secundária, caracterizada por um exantema difuso (manchas na pele), que atinge inclusive as palmas das mãos e as plantas dos pés. A doença também pode provocar alopecia em “caminho de rato” e condiloma plano (lesão genital).

“A fase secundária apresenta grande quantidade de treponemas circulantes (altos níveis da bactéria no sangue). Em gestantes, a chance de acometimento fetal chega a 100% quando a gestante apresenta a sífilis recente, o que torna o diagnóstico e o tratamento ainda mais urgentes”, destacou a médica. 

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