Já foi expedido o mandado de prisão do falso pai de santo que realizava rituais sexuais e abusou de três crianças, inclusive a própria filha, no Bairro Montevidéu, em Campo Grande. Ele está foragido e teve a casa incendiada no sábado (2); por isso a família entrou em contato com a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e o Adolescente) pedindo medidas de proteção e garantia de que o acusado, de 35 anos, fique em cela individual caso venha a se entregar.
A delegada responsável pelo caso, Regina Mota, já ouviu os depoimentos das crianças, que estão recebendo acompanhamento psicológico e médico em um abrigo. Duas filhas de 6 e 8 anos dos vizinhos e a própria filha de 5 anos de idade do falso religioso eram obrigadas a tocar os órgãos genitais dele para que “adquirisse força”. Ele também afirmava incorporar entidades e realizava sacrifício de cães e gatos, que pertenciam às crianças, deixando-as ainda mais perturbadas.
Os pais das meninas de 6 e 8 anos foram indiciados por abandono de incapaz e corrupção de menores, mas responderão em liberdade. Foi provado que eles não levavam as meninas para os rituais, que elas escapavam e iam por si sós até o local.
Religião
A Federação de Candomblé de Campo Grande não reconhece essa prática como parte dos rituais da religião. “O candomblé abomina esse tipo de comportamento, nossa sociedade desconhece essa pessoa como sendo Pai de Santo, ele não consta em nossos registros. A única coisa que explica esse comportamento é loucura e insanidade, isso não é religião”, afirma Mãe Zilá, diretora do conselho da federação. Quanto aos sacrifícios de animais, o candomblé realmente realiza, mas de maneira ritualística e não com cães e gatos, mas com animais aproveitados para alimentação posterior.
Nos trabalhos feitos pelo acusado, a intenção seria unir os casais e dar mais força para o homem. As pessoas ficavam nuas e ele colocava álcool nos órgãos genitais femininos, pedindo que as mulheres se beijassem. Quando as crianças foram ouvidas, ficou esclarecido que elas não participavam desses trabalhos, mas acompanhavam os pais e viam tudo acontecer, já que a casa era pequena.
O falso pai de santo foi indiciado por estupro de vulnerável e maus tratos a animais e pode pegar até 15 anos de prisão.


