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Fizemos para deixar as amigas 'p. da vida', diz criador do falso app 'Tubby'

Fizemos para deixar as amigas 'p. da vida', diz criador do falso app 'Tubby'

G1

07/12/2013 - 20h00
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O programador Rafael Fidelis, funcionário de uma agência de publicidade em São Paulo e um dos criadores do "Tubby", afirmou em entrevista ao G1 que não esperava que o caso fosse ter tanta repercussão – proibição na Justiça inclusa – e que a ideia inicial era "polemizar" e "deixar as amigas p. da vida".

"O Guilherme [Salles, segundo idealizador do 'Tubby'] me ligou de madrugada uns 10 dias atrás e falou do 'Lulu'", disse Fidelis por telefone ao G1. "A gente não curtiu. É escroto ficar ranqueando e classificando as pessoas".

Anunciado no fim de novembro como um aplicativo, no entanto, o "Tubby" prometia uma "vingança virtual" àqueles que se sentiram ofendidos pelas avaliações feitas no "Lulu", app exclusivo para mulheres classificarem homens e seus relacionamentos com eles.

A proposta do "Tubby" gerou revolta do público feminino, que taxou a ideia do app como extremamente machista e violenta. Na quarta-feira (4), a 15ª Vara Criminal de Belo Horizonte (MG) acatou o pedido de sete coletivos em defesa da mulher e proibiu a disponibilização do "Tubby" em todo o Brasil.

Na sexta-feira (6), dia marcado para o lançamento do aplicativo após um primeiro adiamento, Fidelis e Salles declararam que nunca existiu um app do "Tubby" e que, na verdade, o objetivo da dupla era fazer uma campanha pela conscientização dos riscos da violação de intimidade.

Leia abaixo a entrevista:
No que vocês estavam pensando quando criaram o "Tubby"?
"O Guilherme me ligou de madrugada uns 10 dias atrás e falou do 'Lulu'. A gente não curtiu. É escroto demais ficar ranqueando e classificando as pessoas. Mas aí ele falou 'vamos polemizar com as nossas amigas. Eu fiz uma arte e preciso que você programe'. No outro dia criamos um domínio. Depois de três horas, já tinha 5 mil compartilhamentos no Facebook".
"Fomos aumentar o servidor porque não tínhamos expectativa de nada. Foi essa a brincadeira. As pessoas foram falando que era um 'Lulu' masculino, e a gente já estava meio bravo [com o app feminino]. [Pensamos em] reunir o que puder, fazer todos acreditarem nisso e no final passar uma mensagem boa".

Vocês não chegaram a programar nada?
"Eu não programei nada. Não tive tempo. Meu trabalho é muito corrido. Fiz uma telinha brincando, mas era tudo design. Não tinha nada de programação".

Vocês lançaram o aplicativo na App Store, da Apple, mas a decisão judicial de Minas Gerais proibiu qualquer disponibilização do "Tubby". Você está apreensivo?
"Nem um pouco. Eles vão me sentenciar porque eu lancei um aplicativo com um botão? A decisão não chegou para nós em nenhum momento. Não recebemos nenhuma mensagem de um representante ou mesmo do Ministério Público dizendo que a gente não poderia lançar o app".

A decisão deve chegar na segunda-feira (8).
"Mas até lá já era. Acabou. A gente não está com medo. A gente recorre qualquer coisa, seria ridículo".

Vocês esperavam que o "Tubby" fosse repercutir tanto a ponto de chegar na Justiça?
"Não. A gente achou que ia fazer para deixar nossas amigas p. da vida e quem sabe conseguir uma discussão sobre o quão ruim é expor as pessoas. Colocamos o botão de cadastro e descadastro para mostrar às pessoas o que os aplicativos fazem com elas".

"O Facebook oferece uma URL (endereço de site) em que você só precisa de um ID (nome ou código de usuário) para ter dados básicos. Porque ele oferece seu nome, seu sobrenome seu avatar e uns cinco ou seis dados que dão para montar seu perfil".

Uma mulher está falando no Facebook que participou da criação do "Tubby" e não foi creditada. Ela realmente faz parte da equipe de desenvolvimento?

"Ela é minha amiga e analista de mídias sociais. Depois de registrarmos o domínio, falamos para ela o que íamos lançar. E ela falou que queria participar. 'Quero ser a primeira a postar no Facebook, vamos fazer bombar'. Mas depois tivemos conflitos porque ela estava tomando algumas decisões pela gente e isso não fazia sentido porque ela só entrou para ajudar na divulgação".

Ela diz que vocês receberam uma proposta de uma marca de preservativos. Isso é verdade?
"A gente recebeu uma proposta. Só que tínhamos o princípio de não vender a nossa ideia e não deixar uma marca passar uma mensagem que a gente não queria. Tanto que o vídeo [que mostra que o aplicativo "Tubby" nunca existiu] é a mensagem exata que a gente queria".
"Era uma proposta boa, só que a gente tem 20 anos, um caminho a percorrer e não vai começar fazendo uma coisa que não quer".
"Não posso revelar nomes, mas é uma marca grande. Não vou falar em valores".

O que a marca tinha proposto?
"A gente não conversou com eles. Não trocamos um telefonema, um e-mail. O que a nossa analista de mídias sociais disse é que haveria interesse nessa marca em usar a nossa mídia para conseguir transformar isso em outra coisa comercial. Mas a gente não teve interesse e não falou de valores ou do que eles iriam oferecer".

Vocês queriam mostrar como os dados dos usuários são usados na internet e como é fácil manipular isso. Isso pode te atrapalhar profissionalmente, já que você trabalha com publicidade e hoje em dia esse é um dos setores que mais utiliza dados pessoais para conseguir qualquer tipo de monetização?
"Não. Acho que os dados pessoais devem ser fornecidos sob autorização prévia dos usuários, que é a autorização que você dá para o aplicativo usar o seu Facebook. A ideia não é dizer para as pessoas pararem de passar seus dados, mas tentarem ser mais seletivas. Eles são facilmente usados e isso pode atrapalhar a vida delas".

Você participou do "Lulu"? Você aprova a ideia de um serviço ligado ao Facebook incluir todos os usuários de uma só vez?
"Eu não tive nota no Lulu. Eu desativei logo nos primeiros dias que saiu no Brasil, antes de começar a ter esse 'buzz' (se tornar falado nas redes sociais) no Brasil".

"Não acho legal, mas são as políticas de cada aplicativo. Se o app fornece realmente o passo a passo para as pessoas saírem, não vejo grandes problemas porque o Facebook é isso. Seus dados estão no Facebook e qualquer aplicativo no mundo vai poder usar eles. Não considero uma prática muito criminal, mas não considero muito moral. Os dados estão lá e ninguém pode fazer nada se você cedeu".

Por que mesmo não achando moralmente aceitável essa prática você a incluiu no "Tubby"? Mesmo não existindo, ele incluía as pessoas automaticamente.
"Tudo isso foi para gerar 'buzz'. A gente não cadastrou pessoas e não tem IDs. Não existe isso".

Porque quando você quer se cadastrar no "Tubby", ele fala que receberá seus dados?
Isso é um termo de uso. Temos que deixar claro lá porque se fosse necessário a gente usaria só para marcar a pessoa e o ID dela.

Algumas pessoas que participaram do desenvolvimento disseram que vocês serão parceiros do blog "Não Salvo", que ajudou a divulgar o vídeo do "Tubby", e irão receber dinheiro por isso. É verdade?
"Não confere. A gente é parceiro porque é amigo, não tem dinheiro envolvido".

Novela da saúde

Estado e Município têm 90 dias para apresentar Plano Emergencial para caos na Santa Casa

O hospital enfrenta problemas constantes de superlotação, falta de insumos e falta de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

17/12/2025 17h15

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaço

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaço FOTO: Paulo Ribas/Correio do Estado

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 

DÍVIDAS E GASTOS

Como noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, a Santa Casa de Campo Grande afirma ter gasto, mensalmente, quase R$ 1 milhão a mais do que recebeu considerando as internações de alta e média complexidade durante o ano passado, o que contribui com o deficit alegado em um balanço que foi divulgado este ano – de R$ 98,4 milhões durante o exercício de 2024.

Segundo documento que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o hospital tinha um teto de R$ 46.907.889,12 para ser gasto em 2024 com internações de alta complexidade – serviços e procedimentos que exigem alta tecnologia, alto custo e infraestrutura especializada.

Santa Casa vem enfrentando problemas de falta de insumos, de repasse e de espaçoFeito por Denis Felipe com IA

Porém, a entidade ultrapassou em cerca de R$ 2,5 milhões deste montante, o que resultou em um gasto operacional de R$ 49.484.607,38.

De acordo com o orçamento anual de 2024 do governo do Estado, foram destinados R$ 1 bilhão de recursos somente para internação em unidades hospitalares, o que corresponde a 42,52% dos R$ 2,3 bilhões investidos na saúde ano passado.

Somente para a Santa Casa foram R$ 108,9 milhões no decorrer do ano, o que significou dizer que só ela recebeu 40% do total que foi aplicado para internações em Mato Grosso do Sul.

Para este ano, houve uma redução de cerca de R$ 90 milhões do recurso para internações em unidades hospitalares no Estado, ou seja, diminuiu para R$ 919 milhões. Entretanto, o destinado para a Santa Casa se manteve no mesmo patamar, mas, mesmo assim, a unidade tem reclamado por mais recursos.

Mesmo que o montante extrateto seja considerado alto, equivale a apenas 10,78% do deficit apresentado durante o exercício do ano passado.

De acordo com relatório anual divulgado pelo hospital em março deste ano, 2024 fechou com prejuízo de R$ 98,3 milhões, bem distinto do apresentado em 2023, quando fechou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Ao longo dos anos, o deficit acumulado da Santa Casa soma R$ 514,8 milhões. Outro fator que ajuda a explicar a conta fechando no vermelho são os constantes empréstimos que a instituição faz.

Nos últimos anos, o maior empréstimo realizado foi feito em janeiro de 2024, quando a entidade pegou R$ 248 milhões na Caixa Econômica Federal (com taxa de juros mensal de 1,36%), quantia que foi utilizada para amortizar outros dois empréstimos que foram feitos anteriormente, uma estratégia utilizada para diminuir os juros.

A mais recente foi reportada pelo Correio do Estado no início do mês de novembro, quando foi adquirido R$ 5 milhões para auxiliar no pagamento de uma das cinco folhas salariais atrasadas com os 400 médicos, débito que acumula cerca de R$ 30 milhões.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre governo federal, Prefeitura de Campo Grande e governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Porém, o hospital alega que o valor não seria suficiente para suportar a demanda atual da unidade de saúde, além de não sofrer reajuste desde 2023.

 

*Colaborou Felipe Machado

Campo Grande

Sob multa de R$ 50 mil, dentistas recuam sobre greve na Capital

Decisão favorável à prefeitura postergou possibilidade de paralisação em duas semanas

17/12/2025 16h45

Assembleia da categoria realizada nesta quarta-feira (17)

Assembleia da categoria realizada nesta quarta-feira (17) Foto: Divulgação / Sioms

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Sob pena de multa diária de R$ 50 mil, a greve dos dentistas de Campo Grande, com início previsto para esta quarta-feira (17), foi temporariamente suspensa pela Justiça.  A suspensão do movimento grevista foi deliberada em assembleia realizada pela categoria nesta manhã. 

A paralisação dos cirurgiões-dentistas da rede pública municipal, que suspenderia por 30 dias os atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, foi barrada judicialmente após um parecer favorável à prefeitura na noite desta terça-feira, decisão que sustenta a multa contra os sindicalistas. 

Apesar da interupção temporária do movimento paredista, o desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva confirmou que a Prefeitura de Campo Grande não está cumprindo as decisões judiciais, e a Justiça pode considerar o movimento grevista legítimo, caso a administração municipal não "entre na linha" dentro de 15 dias. Ou seja, na prática, o parecer apenas postergou a paralisação desta semana.

O desembargador confirmou que as decisões judiciais em favor dos sindicalistas não vêm sendo cumpridas de forma célere pela Prefeitura de Campo Grande, com registros de "dilação, advertências judiciais e imposições de medidas coercitivas no juízo de origem". 

“Nossa categoria respeita a Justiça, por isso decidimos suspender a paralisação, isso não significa que abrimos mão dos nossos direitos, nem que vamos recuar. Continuamos em estado de greve, cobrando que a Prefeita cumpra a ordem judicial para fazer o reposicionamento do plano de cargos e carreiras”, informou o presidente do Sioms, David Chadid.

Na ocasião, Chadid reforçou a legalidade do movimento. “Nós temos a convicção de que nosso movimento é legítimo e legal, pois seguimos todos os trâmites que a lei de greve determina, então nosso advogado pediu reconsideração da Justiça, demonstrando por meio de documentos que estamos fazendo o correto”, pontuou.

Imbróglio

No dia 15 de dezembro, o juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Ariovaldo Nantes Corrêa, negou mais prazo para a implementação do reposicionamento do plano de cargos e carreira, determinando que em 15 dias a gestão municipal cumprisse os pagamentos sobre o plano de cargos e carreira da categoria, sob pena de triplicar a multa ao Executivo Municipal em caso de descumprimento, advertindo a prefeita, em caso de desobediência. 

“Ficando desde já advertidos de que o descumprimento injustificado da ordem judicial implicará na incidência das penas de litigância de má-fé sem prejuízo da responsabilização do gestor por crime de desobediência nos termos do que dispõe o artigo 26 da Lei nº 12.016/2009”, advertiu o juiz.

Cabe destacar que, conforme previsto em Diário Oficial, a administração municipal  deve entrar de recesso entre 22 a 26 de dezembro e  29 de dezembro a 2 de janeiro de 2026, em virtude das festividades de fim de ano. As partes tentam um acordo há mais de um mês. 

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