Nesta sexta-feira, o mais jovem bilionário do mundo, Mark Zuckerberg, tem um bom motivo para soprar uma velinha: o Facebook, site criado por ele em 2004, completa sete anos de vida, avaliado em cerca de 50 bilhões de dólares e com mais de 500 milhões de cadastrados. Um dia antes, seu (ex) maior rival, o MySpace, anunciava mais uma vez ao mundo que está com o chapéu na mão. Não é tarde para perguntar: por que as duas redes sociais tiveram destinos tão diferentes? Por que, depois de ser gigante, o MySpace parece estar no chão?
Fundado em 2003 e vendido dois anos depois para a News Corp, do magnata das comunicações Rupert Murdoch, por cerca de 580 milhões de dólares, o MySpace foi um pioneiro no segmento. Chegou a reunir mais de 230 milhões de usuários em todo o mundo. Foi o Facebook do período compreendido enter 2003 e 2006. Grandes empresas como Unilever, Disney, Fox e Pepsi acorreram ao site para alimentar comunidades relacionadas a suas marcas. No entanto, desde 2008, o site perde prestígio continuamente. Ao contrário do Facebook, o MySpace parou no tempo. Ou como resume Danah Boyd, pesquisadora da Universidade de Stanford: “A empresa tem boas propostas, mas não se atualizou e virou coisa de criança”.
Entre 2007 e 2008, tornou-se evidente a mudança de comportamento dos usuário de redes sociais, que passaram a exigir que os sites evoluam na velocidade do seu amadurecimento. A News Corp, contudo, agiu na contramão dessa demanda. À época, o público do MySpace tinha entre 14 e 17 anos e a empresa tratou de investir cada vez mais nesse filão, em lugar de amadurecer com ele.
O Facebook, por outro lado, que nascera focado no público das universidades, tratou de evoluir com o não-universitário que afluiu para sua página. Some-se a esse esforço a decisão de manter, desde 2006, uma API pública, que permitiu que a rede de Zuckerberg ganhasse ainda mais espaço. A partir disso, desenvolvedores independentes passaram a projetar atrações como games para a rede, fazendo receita e atraindo mais usuários. Hoje, só a empresa Zynga, criadora dos games sociais Farmville e Cityville, dois blockbusters, vale mais de 5 bilhões de dólares, cifra superior à da Eletronic Arts, desenvolvedora dos jogos para console de futebol Fifa.
Percebendo que havia água em seu barco, o MySpace decidiu investir na segmentação. De rede social aberta, transformou-se em nicho voltado a interessados em música, um centralizador de bandas e fãs. Ali, por exemplo, surgiu, em 2007, a cantora Mallu Magalhães. O site virou trampolim e vitrine para uma música, digamos, menos comercial. À medida que encarnava o perfil musical, o MySpace perdia adeptos, mais interessados em “conectar pessoas” – não por acaso, lema do rival Facebook. Já era tarde.
Recentemente, o MySpace tentou em um golpe ganhar sobrevida, lançando uma nova versão do site, com novo foco em música e entretenimento, uma tentativa de retomar o prestígio no mercado que ajudou a criar. Não conseguiu. Nesta semana, veio a público dizer que procura um comprador. Enquanto Zuckerberg sopra uma velinha, Murdoch pode derramar uma lágrima.


Reprodução obra "A procura da caça", de Lúcia Martins
“Onça que Chora”, um dos trabalhos inéditos da nova exposição
Reprodução obra Florescer no Pântano, de Lúcia Martins


