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Ex-traficante do Alemão, no Rio, mira carreira de modelo

Ex-traficante do Alemão, no Rio, mira carreira de modelo

folha

05/09/2011 - 05h00
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Quando decidiu se entregar ao perceber que, daquela vez, a polícia finalmente entraria para valer no Complexo do Alemão, Diego da Silva Santos, 26, o "Mister M", fez questão de escolher sua melhor camisa. "Falei assim: Pô, tenho que me entregar na moda, bonitão, com a roupa que eu mais gosto".

Sua prisão teve grande repercussão no meio do noticiário da ocupação do Alemão, em novembro do ano passado, pois fora levado pessoalmente pela mãe, Nilza dos Santos, para a 6ª DP.

Usava uma camisa polo azul, da grife Reserva. Vários jornais estamparam sua foto, em que aparece bem vestido e sorrindo, o que foi interpretado como sinal de deboche.

"Sabe por que eu tava rindo? É que dois fotógrafos chegaram correndo na delegacia, e um tropeçou no outro. Daí todo mundo riu."

Ele chegou à delegacia sem saber o que o esperava. Era suspeito de envolvimento no assassinato de Antônio Ferreira, o Tota, chefe do tráfico no Alemão até 2008. "Foi o Mister M que executou o Tota", diz o refrão de um funk do tipo "proibidão".

"Não sabia o que estava devendo na Justiça, mas decidi me entregar. Pensei: seja o que Deus quiser. E fui. O escrivão puxou minha ficha e falou que eu ia sair rapidinho. Eu perguntei: "vou sair rapidinho?" É. Não tem nada contra você não. Só uma associação [ao tráfico]."

Diego entrou para o crime aos 16 anos. Até os 25, idade que tinha ao se entregar, não saiu do Alemão nem uma vez. Comprava as roupas de grife que gostava por encomenda.

Antes de ingressar no tráfico, já havia abandonado a escola, e trabalhado de auxiliar numa van. Ganhava R$ 150 por semana, das seis da manhã às seis da tarde.

"Era estressante, e o dinheiro não dava pra nada. Voltava pra casa e via os caras com moto, tênis e roupa maneira. Era aquela a vida que eu queria."

Os traficantes lhe ofereceram os mesmos R$ 150 para carregar mochilas e fazer pequenos favores. Aceitou. A vantagem, diz ele, era não ter que sair do morro. Ainda não pegava em armas, mas foi ganhando a confiança.

Aos 18, assumiu a função de segurança do chefe do tráfico, passou a andar armado e a receber R$ 500 semanais. Além do dinheiro, a nova posição lhe trazia status. E mulheres.

"É uma das coisas que mais te prendem lá. Era muita mulher mesmo. Cada dia aparecia uma mais bonita, mais gostosa. Da Barra, da zona sul, de todo o Brasil. Conheci até uma italiana. Me faziam várias propostas. Falavam "vamos, vou te levar comigo. Você vai morar na minha casa. Tu é maneiro"."

A mãe sempre acreditou que ia tirá-lo do tráfico. A ponto de, um dia, ter preparado uma armadilha. Diego tinha acabado de almoçar, quando um amigo avisou que sua mãe lhe esperava no pé do morro.

"Cheguei lá e ela estava com um prato bonitão de macarrão. Mas eu tava já com a barriga cheiona. Só depois, na delegacia, ela me contou que tinha colocado uma parada para eu dormir. Imagina se eu como? Nem sei onde ia acordar", lembra ele, rindo. A mãe confirma.

"A gente ia jogar ele no carro e levar para minha casa. Quando acordasse, não iríamos deixar voltar para o morro", diz ela, que mudou-se para Olaria (zona norte) há quatro anos.

Dona Nilza criou sozinha nove filhos. Apenas Diego virou traficante. "Os outros irmãos brigavam muito, mas ele sempre foi tranquilo. Foi para o tráfico por vaidade."

José Júnior, coordenador da ONG AfroReggae, conheceu Diego há quatro anos. "Tem cara que nasceu para o crime. Não era o caso dele. Sempre quis trazê-lo para o AfroReggae. Quando se entregou, tive certeza de que seria nosso."

Diego deixou o presídio de Bangu 3 há duas semanas. Foi absolvido da acusação. Começou a trabalhar no AfroReggae, e terá uma posição de destaque em um novo projeto que a ONG articula com a grife Reserva, a da blusa azul que ele usava no dia em que foi preso.

A empresa lançará o selo AR. As roupas serão vendidas nas lojas da Reserva, e a renda revertida para o AfroReggae. Ele foi escolhido para ser o símbolo desta parceria. Será modelo. Uma baita reviravolta para quem, até então, só posara para fotógrafos dentro de uma delegacia de polícia.

Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

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Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremessar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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