Os dois emissários enviados pela presidente Dilma Roussef para acalmar fazendeiros e índios da reserva Buriti e evitar novos confrontos firmaram compromissos diferentes em cada uma das reuniões. Sábado (30), termina o prazo que o próprio Governo definiu para compra dos 15 mil hectares reivindicados pelos terena.
Na Capital, o assessor do ministro José Eduardo Cardozo, Marcelo Veiga e o titular da Secretaria Nacional de Articulação Social, Nilton Luiz Godoy Tubino, garantiram aos representantes do Governo e dos fazendeiros, que no dia 11 de dezembro o Ministério da Justiça apresentará definição sobre como será feito o pagamento das propriedades rurais que serão compradas para ampliação da reserva Buriti, situada nos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. E no dia 15 será efetivada a compra de uma área de 15 mil hectares.
Já na sede da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, onde se reuniram com aproximadamente 250 terena, o tom da conversa dos assessores foi outro. Garantiram que não há prazo para conclusão das negociações e foram além: o Governo jamais assumiu o compromisso de que até o dia 30 de novembro estaria concluída a negociação.
Os dois assessores procuraram acalmar os índios que manifestaram preocupação porque os fazendeiros estariam contratando seguranças para retomar as propriedades e garantiram que amanhã (30) policiais da Força Nacional estarão de volta. Os terena se mostraram arredios com a presença da imprensa. Proibiram fotos na propriedade onde aproximadamente 100 famílias se estabeleceram desde o fim do mês de maio, quando houve o confronto com a Polícia Federal, que resultou na morte de Oziel Gabriel, de 35 anos.
Na Capital, onde também estiveram com o arcebispo Dom Dimas Lara Barbosa, os assessores do Ministério da Justiça pediram aos fazendeiros a prorrogação do prazo dado ao Governo Federal para o cumprimento das promessas de avaliação e compra das propriedades pretendidas.
As duas alternativas consideradas pelo Governo Federal para compra das 31 propriedades é o repasse direto dos recursos via Governo do Estado ou repasse via Fundo Estadual para Aquisição de Terras Indígenas (Fepati). “Tivemos a garantia do Ministério da Justiça de que o Governo já tem o dinheiro para pagar pelas propriedades”, afirmou o diretor Financeiro da Famasul, Almir Dalpasquale, depois da reunião.
Segundo Dalpasquale, os laudos com a avaliação das áreas a serem indenizadas já foram concluídos e aprovados por técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Agência de desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer). Em reunião no Ministério, na semana passada, foi formada uma força-tarefa para concluir a avaliação das propriedades. “Foram apresentadas datas definidas e direcionamentos para a conclusão da etapa relativa à Buriti. Vamos dar este voto de confiança”, considerou o diretor da Famasul.
Motoristas de ônibus trabalharam ontem normalmente, mas a partir de hoje entram em greve por tempo indeterminado na Capital - Foto: Marcelo Victor



