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Restauração

Documentos da maçonaria encontrados em saco de lixo em SP

Documentos da maçonaria encontrados em saco de lixo em SP

G1

19/02/2011 - 18h15
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Há um ano, quando pisou no Museu Maçônico do Palácio do Lavradio, no Centro do Rio, com a incumbência de recuperar o acervo, o restaurador Tércio Gaudêncio não tinha ideia de que seu trabalho seria muito maior. Até hoje, ele revira os sacos de lixo onde foram despejados livros e documentos históricos. A maioria traz informações sobre a Maçonaria e o Brasil Império. Gaudêncio conta que, se não tivesse passado pelo depósito do prédio, não teria esbarrado naquele “tesouro”, que agora passa por restauro em São Paulo.

“Estava tudo em 251 sacos pretos de lixo de cem litros. Sem saber o que tinha dentro, fomos abrindo documento por documento e começamos a descobrir coisas fantásticas”, diz o restaurador em sua oficina, na Zona Sul da capital paulista. Entre os documentos recolhidos, o especialista, dono de uma empresa de restauração, aponta raridades. Ele calcula que trouxe em três caminhões para São Paulo cerca de 17 mil documentos, sete mil livros, 30 gravuras e 13 quadros.

Uma das raridades é um decreto do rei português D. João VI, datado de junho de 1823, com, entre outras, a seguinte ordem contra os maçons: "todas as sociedades secretas ficam suprimidas (...) e nunca mais poderão ser instauradas". No acervo, há ainda atas de reuniões da Maçonaria no século 19 e documentos sobre a proclamação da independência do Brasil.

Agora bem guardada em uma caixa está uma Bíblia, que, segundo Gaudêncio, é de 1555 e foi escrita em aramaico, grego antigo e latim medieval. “D. Pedro I ganhou quando se casou. Só existem três edições desta no mundo”, afirma ele sobre a raridade. A publicação ficava exposta aos visitantes em uma vitrine, o que não impediu o estrago. “Jogaram a capa original fora e colocaram outra com uma cola muito ruim”, conta Ruth Sprung Tarasan, uma das coordenadoras do trabalho de restauro.

Irregularidades

Marcos José da Silva, o grão-mestre geral do Grande Oriente do Brasil (ao qual estão subordinadas muitas lojas maçônicas no país), admitiu ao G1 que o prédio onde fica o museu não está em boas condições e sofre com infiltrações, cupim e mofo, entre outros problemas. Ele disse não saber por que parte do acervo estava em sacos de lixo e atribuiu à “falta de uma pessoa habilitada” o fato de o material ter sido acondicionado daquela maneira.

“É desconhecimento, falta de uma pessoa habilitada. Durante muitos anos o acervo não teve a manutenção devida, verificamos em que estado ele estava e resolvemos enfrentar o desafio”, contou ele, sem revelar quem cuidava do museu e quanto custará o trabalho de restauro das peças e de reforma do prédio. A organização, que tem sede em Brasília, assumiu a direção do local em setembro de 2009.

Silva disse preferir acreditar que os livros e documentos históricos não iriam para o lixo. “Acredito que estavam ali para futura apreciação.” As obras começaram em março de 2010 e ele não deu previsão de término.

Da Maçonaria

Por ser maçom e ter muita experiência no ramo, Gaudêncio assumiu a restauração de parte do acervo do Museu Maçônico, o primeiro da categoria na América do Sul. Enquanto ele se debruça sobre livros e papéis destruídos por traças, cupins e mofo, o prédio do museu na capital fluminense passa por reformas.

Parte do material que está sendo recuperada estava nos sacos plásticos pretos. “Ia tudo para o lixo. Dá para imaginar quanta pesquisa a gente podia fazer com isso?”, questiona Ruth, que também é historiadora. “Sou obrigado a ler os documentos e começo a cair de costas porque a história dos livros não é a mesma. Aqui, tenho os originais dos grandes maçons da época. E só quem é da Maçonaria pode mexer nisso”, ressalta Gaudêncio, entusiasmado com o trabalho que teve início em 2010 e que pretende entregar no segundo semestre deste ano.

O processo de restauração inclui encadernar os livros, recuperar o papel destruído e retocar a tinta das palavras. Para garantir a perpetuação do material, Gaudêncio e sua equipe digitalizam o que conseguem salvar. “Já temos 14 mil documentos digitalizados”, diz ele. O G1 esteve no escritório de Gaudêncio e viu quando a restauradora Ana Maria do Prado tentava recuperar a cor original de dois quadros: o do general Osório e do visconde de Sapucaí.

“O desenho tem muito retoque. Muita gente mexeu; o verniz está oxidado”, revela Ana Maria, que põe na ponta do pincel uma tinta especial para restauradores. “Ela é reversível. Sai com qualquer solvente e não ataca a pintura original”, explica. “Hoje em dia, tudo tem que ser reversível. Não se sabe o que vamos achar daqui a 20 anos”, completa Ruth.

De acordo com Luiz Alberto Chaves, integrante do Grande Oriente do Brasil em Brasília, o prédio do museu na Rua do Lavradio foi comprado em 1840 e passou por dois anos de reformas. Foi sede da Maçonaria até 1978, quando houve a transferência para Brasília.

Maçonaria e a Independência

Apesar de o imperador D. Pedro I ser da Maçonaria, para a professora de história Miriam Dolhnikoff, da Universidade de São Paulo (USP), ele não foi tão influenciado pelos maçons quando declarou a independência do Brasil em 1822. “A Maçonaria não teve toda essa importância no processo de independência. Ela era um espaço de debate político entre outros espaços”, explica Miriam.

“Ele (D. Pedro I) foi maçom porque na época todos da elite eram”, completa a professora. Segundo ela, a Maçonaria defendia que o Brasil deixasse de ser colônia portuguesa, por isso, as críticas do rei D. João VI ao movimento.

Cidades

Em meio a greve, vereador sugere regulamentação de vans como transporte coletivo

Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a proposta que prevê as vans como uma alternativa para a população

17/12/2025 18h55

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

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Diante do paralisação dos ônibus que Campo Grande vive nos últimos dias, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul determinou a intervenção da Prefeitura Municipal na gestão do Consórcio Guaicurus. Com esse cenário, o vereador Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a regulamentação do uso de vans como alternativa de transporte. 

"Campo Grande não pode parar. Uma capital desse porte não pode ficar sem transporte coletivo nem por um único dia. O transporte de vans é uma alternativa que é sugerida com recorrência. E, agora, diante da emergência da greve, uma solução provisória para milhares de passageiros que dependem do ônibus, mas que não contam com o serviço neste momento", destacou o parlamentar.

Para o vereador, a medida judicial confirma que a crise no sistema não é pontual, mas resultado de falhas graves e recorrentes. 

"O que foi decidido mostra que o problema é estrutural e exige providências imediatas. A população não pode continuar sendo penalizada. Quando não é pelo alto preço da passagem ou pela má qualidade dos ônibus, o Consórcio provoca situações como uma greve. Além disso, de maneira recorrente, acusa a Prefeitura pelo não pagamento de repasses, mesmo quando a Prefeitura promove a isenção de impostos ou efetua o repasse. Sem falar no descaso com os próprios trabalhadores do Consórcio que alegam estar sem pagamento", afirmou.

Decisão da Justiça

A decisão determina que, em até 30 dias, o Município instaure um processo administrativo de intervenção no contrato com o Consórcio, além de nomear um interventor e apresentar um plano de ação com cronograma para a regularização da situação do Transporte Urbano, sob pena de multa diária de R$ 300 mil. 

A Tutela de Urgência foi deferida pelo juiz Eduardo Lacerda Trevisan, na ação ajuizada pelo advogado e ex-candidato a prefeito Luso Queiroz (PT) em desfavor da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Agência Municipal de Transportes e Trânsito (Agetran), Consórcio Guaicurus SA e Município de Campo Grande. 

Outra alternativa

O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) reforçou que, para melhorar o serviço, é necessário pensar em novos modelos de transporte público, além de novas formas de gestão que possam garantir um sistema mais ágil e eficiente.

Para ele, a implementação do VLT (veículo leve sobre trilho) poderia aliviar o trânsito, diminuir a poluição e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. 

Além disso, Ronilço sugeriu que o município busque novos recursos e parcerias para financiar melhorias no transporte coletivo, como a captação de investimentos por meio de instituições financeiras internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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Educação e ensino

UFGD divulga gabarito preliminar do vestibular 2026; confira

Convocação para as matrículas da primeira chamada está prevista para 14 de janeiro de 2026

17/12/2025 18h18

Divulgação/ UFGD

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A Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) divulgou nesta quarta-feira (17) o resultado preliminar do Vestibular 2026, etapa do processo seletivo aguardada pelos mais de 6,8 mil candidatos que realizaram a prova em 19 de outubro. O resultado final do vestibular e a convocação para as matrículas da primeira chamada estão previstos para 14 de janeiro próximo. 

O cronograma previsto também inclui o período para recursos, que poderá ser acessado nos dias 18 e 19 de dezembro. O Boletim de Desempenho Individual, com a pontuação da redação e o total de acertos, ficará liberado ao candidato durante todo o processo.

No último dia 12 de novembro, o Centro de Seleção divulgou o gabarito definitivo e as respostas aos recursos sobre o gabarito preliminar.

As matrículas serão realizadas pela Pró-reitoria de ensino e graduação (Prograd), com editais e cronogramas próprios, seguindo a ordem de desempenho e o número de vagas disponíveis em ampla concorrência e cotas sociais.

Inicialmente, serão chamados os candidatos que escolheram o curso como 1ª opção, e aqueles que selecionaram como 2ª opção serão convocados apenas se restarem vagas. A lista de documentos pode ser consultada em edital.  

O Vestibular 2026 oferece 984 vagas em 35 cursos presenciais e gratuitos, com provas aplicadas nas cidades de Amambai, Campo Grande, Dourados, Naviraí e Nova Andradina.

Confira a lista preliminar da 1ª opção de curso aqui!

Confira a lista preliminar da 2ª opção de curso aqui!

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