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Descoberta de Deimos completa 135 anos

Descoberta de Deimos completa 135 anos

terra

12/08/2012 - 00h00
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Neste domingo, enquanto a sonda Curiosity explora o solo marciano e investiga a possibilidade de vida no planeta vermelho, completam-se 135 anos de uma grande descoberta: em 11 de agosto de 1877 (no horário dos Estados Unidos, dia 12 no GMT), o astrônomo americano Asaph Hall identificou o primeiro satélite natural de Marte, denominado Deimos. Uma semana depois, ele descobriria o segundo satélite, Fobos. A presença de satélites naturais suscitou a ideia de que poderia existir vida naquele planeta, hipótese remota que o robô da Nasa tenta averiguar agora.

Para o astrônomo Fernando Roig, do Observatório Nacional, do Rio de Janeiro, a descoberta dos satélites Deimos e Fobos foi muito significativa na época e gerou bastante expectativa na comunidade. "Até então, apenas os planetas gigantes gasosos tinham luas conhecidas orbitando em volta deles, além da Terra, claro. Marte tornou-se o primeiro planeta terrestre a ter um sistema de luas", explica o pesquisador.

Descoberta não foi por acaso

Hall não deslindou os satélites naturais de Marte de forma acidental. Segundo o astrônomo Ronaldo Mourão, fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), a descoberta constituiu uma das mais belas conquistas da ciência astronômica, justamente por não ter sido resultado do mero acaso. Hall realizava buscas sistemáticas dos satélites, os quais já haviam sido motivo de especulações por parte do astrônomo alemão Johannes Kepler. Conforme Naelton de Araújo, astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, além de Kepler, outros dois escritores citaram a existência de duas luas marcianas em suas obras antes da descoberta científica: o inglês Jonathan Swift, em Viagens de Gulliver, e o francês Voltaire, em Micromegas.

Mas a concretização dessa busca só aconteceu em 1877, quando Hall utilizou o telescópio refrator de 26 polegadas do Observatório Naval, em Washington, considerado o maior telescópio do mundo então. O astrofísico Enos Picazzio, professor e pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), justifica o porquê do tamanho: "Quanto maior for a abertura do telescópio, maior será a sua capacidade de observar objetos pequenos".

Se há 135 anos as descobertas eram feitas apenas por telescópios em solo, limitados em tamanho e qualidade óptica, hoje existem muito mais recursos para observar e desvendar novos satélites de planetas do Sistema Solar. Inicialmente, o olhar atento do astrônomo era fundamental, entretanto, ao final do século 19 e início do século 20, a fotografia se tornou uma aliada e passou a ser utilizada para obter imagens dos astros. Roig explica que, atualmente, as imagens são captadas por dispositivos eletrônicos chamados CCD (em inglês, Charge-Coupled Device; em português, Dispositivo de Carga Acoplada), semelhantes aos que vêm nas câmeras digitais.

Conforme Araújo, esses dispositivos são acoplados a gigantescos telescópios em terra ou a bordo de naves espaciais não tripuladas. "Várias luas dos planetas gigantes foram descobertas desta forma desde as primeiras sondas espaciais", esclarece. Mesmo com o recurso das sondas espaciais, Roig argumenta que o procedimento para a descoberta de um satélite é basicamente o mesmo. "Tomam-se imagens de diversas partes do céu, em volta do planeta, e procura-se por objetos que estejam se movendo em volta deste", pontua o astrônomo.

Fobos e Deimos: a origem
O Sistema Solar possui, atualmente, 171 desses corpos, cada qual com suas características e particularidades. Mas todos possuem algo em comum, a definição de satélite: "Nome dado a um corpo celeste que gira ao redor de outro", afirma Araújo. Eles são classificados como "naturais" para distingui-los dos satélites artificiais, criados e colocados em órbita pelo homem. "Os satélites naturais podem se originar por formação simultânea com o corpo que orbitam, por captura gravitacional ou por colisão", esclarece Picazzio.

Apesar disso, existe ainda muito debate e controvérsia no que se refere à origem de Deimos e Fobos. Um dos motivos é que nenhum outro planeta terrestre, além da Terra e Marte, possui satélites naturais. Roig explica que Vênus e Mercúrio não os possuem e, no caso da Terra, o tamanho da Lua é muito atípico se comparado aos outros satélites do Sistema Solar. Outro fato levado em consideração são as características dos satélites de Marte, que levam a crer que eles sejam asteroides capturados pelo campo gravitacional do planeta vermelho.

Claudia Vilega Rodrigues, pesquisadora da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), esclarece que Fobos e Deimos, ao contrário da maior parte dos satélites do Sistema Solar, não têm forma esférica. "Eles são pequenos e de forma irregular, como batatas, e são similares a asteroides presentes no Cinturão de Asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter", justifica. Picazzio aponta ainda outras características que fomentam essa teoria: "Eles apresentam figuras de superfície típicas de colisão (crateras, fraturas etc.) e composição química parecida com a crosta dos planetas, isto é, a parte mais superficial", exemplifica. Além disso, o astrofísico argumenta que a composição química deles é muito semelhante à dos asteroides tipo C (ricos em carbono).

Existe ainda outra teoria para a formação desses satélites, semelhante à formação da Lua. "Essa teoria supõe que Marte tenha sido atingido por um corpo relativamente grande. Essa colisão ejetaria material de Marte que se recombinaria em corpos menores em torno do planeta", elucida. Independente da origem dos satélites, ainda há muito a ser descoberto. Existem planos de exploração espacial dos satélites Fobos e Deimos. De acordo com Picazzio, pensa-se, inclusive, que missões futuras a Marte possam utilizá-los como bases para exploração tripulada de Marte.

Investigação marciana
A descoberta de Fobos e Deimos contribuiu para o estudo de Marte e a busca por respostas. Neste momento, essa investigação é materializada na sonda Curiosity, em solo marciano desde a última segunda-feira. Para Araújo, as informações sobre os satélites de um planeta ajudam a entender vários detalhes importantes. "Sabendo como os satélites se movem, podemos saber mais precisamente a massa e a forma do planeta. Por outro lado, saber onde estão as luas marcianas no momento da chegada de qualquer sonda é fundamental, pois há a possibilidade de colisão", explica o astrônomo.

Outra questão levantada pela descoberta dos satélites, conforme Mourão, é que ela originou as histórias sobre os marcianos e a preocupação dos astrônomos sobre a possibilidade de haver vida na superfície de Marte. A presença do robô Curiosity em solo marciano tem justamente esse objetivo. "Essa sonda poderá fazer análises que nunca foram feitas antes. Poderá percorrer distâncias maiores por quase dois anos. Instrumentos poderosos vão revelar muito do passado e do presente de Marte", afirma Araújo.

Segundo Picazzio tudo indica que o planeta já teve condições ambientais (água líquida, temperatura amena, atmosfera, estufa, etc) propícias à formação de uma biosfera - embora tenha sido um período muito curto, quando comparado à Terra. "Será que há outras vidas além da Terra? Será que a vida terrestre surgiu apenas aqui ou veio de fora e aqui se desenvolveu? Será que Marte tem alguma coisa a ver com isso?", questiona o professor da USP.

Colonização
Por enquanto, a sonda Curiosity é a melhor aposta para trazer respostas a esses e outros questionamentos. "Espero de verdade que possamos responder muitas perguntas sobre a existência de água e até vida. Vivemos num momento brilhante da exploração marciana", aponta Araújo. As pesquisas desenvolvidas pela Curiosity poderão, também, servir de base para o planejamento de uma futura missão tripulada a Marte, conforme Roig.

Se existe ou algum dia existiu vida em Marte, ainda é difícil dizer. Mas é provável que, daqui a algum tempo, não será mais. "Não tenho dúvidas de que iremos colonizar Marte e que já existe um projeto de terraformação (processo biológico e geológico segundo o qual seria possível tornar qualquer planeta habitável, à semelhança do que ocorreu na Terra antes do aparecimento da vida)", diz Mourão. Em seu livro, Marte - da Imaginação à realidade, ele ainda questiona: "Será que a presença dos primeiros robôs já não é um início de colonização?".

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Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB

A atividade servirá para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador

12/11/2025 22h00

Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB

Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB Divulgação/Warley de Andrade/TV Brasil

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O Brasil fará seu primeiro lançamento comercial de um veículo espacial a partir do território nacional no próximo dia 22. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o evento marca a entrada do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, abrindo novos caminhos para geração de renda e investimento no segmento.

Trata-se da Operação Spaceward 2025, responsável pelo lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA).

A atividade servirá para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador, garantindo compatibilidade e segurança para o lançamento A integração das cargas úteis no foguete HANBIT-Nano, da Innospace, teve início na segunda-feira, 10, marcando uma das etapas decisivas antes do lançamento, durante a operação.

"Nessa fase, são realizados testes e verificações que asseguram uma conexão correta entre a carga útil - satélites e experimentos - e o veículo lançador, confirmando que cada equipamento está estabilizado e funcional para o momento do voo", explicou a FAB.

A missão para transportar cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por universidades e empresas nacionais e internacionais, simboliza, conforme a Força Aérea, a "entrada definitiva" do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, além de abrir novas oportunidades de geração de renda, inovação e atração de investimentos para o País.

"Essa etapa da operação é uma atribuição conduzida diretamente pela Innospace e pelos desenvolvedores dos satélites e experimentos. A FAB acompanha todo o processo no Prédio de Preparação de Propulsores, infraestrutura especializada disponibilizada pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o que reforça nosso compromisso em prover suporte técnico, coordenação e governança para que cada missão transcorra com integridade, transparência e alto padrão de confiabilidade", destacou em nota o coordenador-geral da operação, Coronel Engenheiro Rogério Moreira Cazo.

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Governo vai alterar prazo para adequação de big techs ao 'ECA digital'

As medidas entrariam em vigor um ano após a publicação da lei no Diário Oficial, mas prazo deverá ser reduzido para 180 dias

17/09/2025 22h00

Criança brincando com o celular

Criança brincando com o celular Foto: Reprodução/EPTV

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O governo federal vai editar uma Medida Provisória para reduzir o prazo para que as big techs coloquem em prática as normas fixadas pelo PL 2628, conhecido como ECA Digital. O projeto aprovado no Congresso estabelece regras para o uso de redes sociais por crianças e adolescentes. As medidas entrariam em vigor um ano após a publicação da lei no Diário Oficial. O governo, no entanto, considerou o prazo longo e decidiu reduzi-lo para 180 dias.

A MP está sendo liderada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e deve ser editada nos próximos dias. Nesta quarta-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sancionar o projeto em uma cerimônia no Palácio do Planalto. Ao alterar o prazo, o governo levou em conta, segundo fontes do Palácio do Planalto, o fato de que a lei entraria em vigor somente próximo da eleição, o que poderia elevar tensões durante o período eleitoral. Há uma visão de que qualquer debate relacionado às big techs está "entranhado" nas eleições de 2026

A aprovação do projeto de lei foi cercada de discussões e gerou reação de parte da oposição, que considerou o novo regramento uma espécie de censura às redes. O governo pesou ainda a possibilidade de que a demora para aplicar o ECA Digital transformasse a nova lei em "letra morta".

A nova direção do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu retomar os planos de oferecer treinamento com as principais plataformas digitais para as suas lideranças. O objetivo é fortalecer a militância digital mirando as eleições de 2026 e a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O "ECA digital" foi aprovado no Congresso no mês passado após intenso debate sobre a exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais. A comoção da opinião pública sobre o tema foi motivada por um vídeo do youtuber "Felca" a respeito do que classificou como "adultização" de crianças. Na publicação, Felca explicou de que forma o algoritmo direciona a pedófilos os conteúdos que expõem menores de idade.

O projeto aprovado estabelece que conteúdos que violem direitos da criança e do adolescente devem ser removidos imediatamente após a empresa ser comunicada pela vítima, por responsáveis ou por autoridades. Estão incluídos nessa regra conteúdos de assédio, exploração sexual, incentivo à automutilação e uso de drogas; entre outros. Além disso, o texto prevê a implementação de ferramentas de supervisão para os pais e determina que as empresas possam ser sancionadas e multadas caso descumpram medidas determinadas pela lei.

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