O Estado poderá perder até 21% de sua área total, cerca de 7,35 milhões de hectares, com a demarcação de terras indígenas, conforme estimativa da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). A entidade alerta para perda da área das principais lavouras, como redução de 60% na da soja e 43% da cana-de-açúcar. O Compromisso de Ajustamento de Conduta (CAC), de 2008, que determinou que à Fundação Nacional do Índio (Funai) elaborasse um estudo de demarcação, aliado a publicação de seis portarias nos últimos dois anos, determinou impacto de expropriação em 26 municípios do Estado.
Ao todo, são 39 áreas, que de acordo com a Funai podem pertencer a indígenas das etnias guarani, kaiwoá e terena. O estudo antropológico preliminar envolve seis bacias hidrográficas no Estado e cerca de um terço do Aquífero Guarani em MS (veja mapa).
"Tudo que for indicado pelo estudo é comprovadamente pertencente aos indígenas. Esses levantamentos reúnem documentos históricos e registros que comprovam que eles foram expulsos de suas áreas, seja por particulares ou pelo Estado", afirmou a coordenadora substituta da Coordenação Geral de Identificação e Delimitação da Funai, Maria Helena de Amorim.
Impacto
Conforme estimativa da Famasul, caso toda a área envolvida no estudo seja confirmada como indígena, o Estado poderá perder 60% da área produtiva de sua principal cultura, a soja - cerca de 1 milhão, do total de 1,73 milhão de hectares hoje com o produto.
E os reflexos não param por aí. Podem ficar comprometidas ainda 43% da área com cana-de-açúcar (cerca de 185 mil hectares); 63% da produção de milho (aproximadamente 504 mil hectares); 57% da área com arroz (20 mil hectares); e, 22% do rebanho bovino total (cerca de 4,84 milhões de cabeças).
Além disso, a situação implicaria a retirada de 28% da população estadual da região, segundo a Famasul, cerca de 670 mil habitantes; e na queda no emprego em torno de 264 mil vagas – 22% dos 1,2 milhão postos de trabalho em Mato Grosso do Sul.
Economia
Como a região sudoeste tem produção significativa destinada às exportações, a demarcação de toda a área apontada pela Funai poderia representar uma queda de 37% no volume em dólares enviado ao mercado externo, redução de US$ 784 milhões, aproximadamente.
E, por conta de todos esses fatores, economicamente, segundo a federação, 25% do Produto Interno Bruto (PIB) ficaria comprometido – quase R$ 6 bilhões dos atuais R$ 23,9 bilhões.


