Dos seis aos dez anos de idade, ele engraxou sapatos, vendeu laranjas e também negociou picolés pelas ruas de Naviraí, cidade distante 370 km de Campo Grande. O que ganhava repartia com o pai, peão de fazenda, depois lavrador e dono de bolicho. Em 1974, o garotinho foi-se embora com a família para Pimenta Bueno, em Rondônia. Levou consigo um experimento que aprendeu a gostar numa escola pública da cidade, onde concluiu o ensino fundamental: estudar seria o único meio de mudar sua história. E mudou. Hoje, aos 52 anos de idade, José Janguiê Bezerra Diniz, o engraxate de outora tornou-se multimilionário, com fortuna estimada em R$ 1,2 bilhão, segundo a Forbes, revista americana que publica os rankings das pessoas mais ricas do mundo.
A história do empresário está publicada na edição deste domingo do jornal Correio do Estado. José Janguiê controla agora um grupo que explora justamente o que mais o atraiu lá atrás, em Naviraí - a Educação. Ele comanda o grupo Ser Educacional, tido como a maior rede privada de ensino superior das regiões Norte e Nordeste do país, entre as quais as faculdades Maurício de Nassau e Joaquim Nabuco.
“Eu comecei a engraxar porque não tinha dinheiro para frequentar as matinês aos fins de semana. Com o dinheiro que eu ganhava engraxando os sapatos, eu conseguia ajudar um pouco em casa e ainda frequentar as matinês como os meninos da minha idade faziam. Com o tempo eu observei que outros meninos que vendiam laranja lucravam mais do que eu, foi quando decidi vender a caixa de engraxate e vender laranjas pela cidade. No entanto, a laranja é uma fruta de temporadas. Então, quando acabou a safra das laranjas, fiquei sem produto para vender. Como no bar do meu pai vendíamos sorvetes, decidi então vender picolé de porta em porta”, disse Janguiê, ao Correio do Estado, por e-mail.
Nascido em Santana dos Garrotes, Janguiê, que mora hoje no estado de Pernambuco, formou-se primeiro em Letras e depois em Direito, ciência em que tornou-se doutor.
A reportagem é de Celso Bejarano.