CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta terça-feira: "Cada vez mais inseguros"

Confira o editorial desta terça-feira: "Cada vez mais inseguros"

31 OUT 2017 • POR • 03h00

Dados divulgados ontem constituem mais uma prova do fracasso do poder público, em todas suas esferas, na garantia do bem-estar do cidadão.

Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, comprova o que muitos percebem há um ano: o Brasil está mais violento e bem mais exposto aos criminosos. No ano passado, período em que a crise econômica atingiu seu auge, as consequências dela foram sentidas especialmente no setor de segurança pública. O tráfico de drogas, por exemplo, se intensificou, e as mortes violentas totalizaram números que caberiam, perfeitamente, na estatística de uma grande guerra.

No ano passado, o País simplesmente teve a maior quantidade de homicídios de sua história, com 61.619 vítimas – média de sete por hora, aumento de 3,8% no total. Para se ter uma ideia da expressividade desse número, ele equivale às mortes provocadas pela bomba nuclear que dizimou a cidade de Nagasaki, em 1945, no Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Outro exemplo de insegurança é a quantidade de latrocínios, roubos em que a vítima é assassinada durante a ação dos bandidos. Foram 2.703 pessoas mortas dessa maneira no ano passado, no Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, onde crimes como esses também ocorrem em grande escala, o grande problema ainda é o tráfico de drogas. O Estado é o terceiro do País na incidência desse crime. Fica atrás somente do Espírito Santo e de Minas Gerais em quantidade de ocorrências. Temos uma média de 117 casos para cada grupo de 100 mil habitantes e com um agravante em relação às duas unidades da Federação que lideram o ranking. Por lá, a proporção de ocorrências envolvendo usuários de entorpecente é mais significativa. Por aqui, é tráfico – e crime organizado – no sentido literal da palavra.

Os dados divulgados ontem constituem mais uma prova do fracasso do poder público brasileiro, em todas suas esferas, na garantia do bem-estar do cidadão. A violência não é somente mais um dos tantos problemas crônicos do Brasil, mas também a causa de muitos deles. Em ambientes inseguros, é mais difícil investir, trabalhar, produzir.

Infelizmente, é previsível a reação das autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que atuam nas áreas criminais. A maioria vai lamentar e deve agendar mais uma daquelas reuniões em que muito é discutido e nada é colocado em prática.

É preciso que os gestores se conscientizem que dinheiro aplicado na segurança pública é investimento. Não é gasto, como pensam muitas autoridades.

Em Mato Grosso do Sul, a gestão do pouco que é aplicado no setor deve melhorar. Exemplo dos escâneres comprados para combater o tráfico de entorpecentes por carros e caminhões e que passam boa parte do tempo encaixotados nas unidades policiais ou outras repartições públicas. Também é necessário o apoio em ações policiais na região de fronteira que, de fato, combatam o tráfico.