Iniciativas de projetos realizados pelo setor agropecuário de Mato Grosso do Sul demonstram que o estado está no caminho certo do desenvolvimento econômico e profissional proposto no relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), publicado nesta segunda-feira (9).
A publicação da organização mundial sugere que os jovens moradores em áreas rurais de países em desenvolvimentos devem aproveitar o cenário atual para se capacitarem e permanecerem nos locais de origem, contribuindo com o crescimento econômico e social.
No texto intitulado “O Estado da Alimentação e da Agricultura no Mundo” é avaliado ainda que regiões com população menor de 500 mil habitantes terão maiores oportunidades de trabalho, em razão da demanda crescente na produção de alimentos.
SUCESSÃO FAMILIAR
O Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS e o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural desenvolvem desde 2014, projetos que estimulam os herdeiros de propriedades rurais a darem continuidade aos negócios da família. O responsável por uma das iniciativas, o médico veterinário, Vidal Subtil explica que diante do cenário atual, o maior desafio enfrentado pelos empresários rurais diz respeito ao choque de gerações e a atualização no modelo de gestão.
“Independente da escala de produção ou da atividade rural, pais e filhos devem trabalhar juntos, se quiserem dar continuidade aos negócios da família. Senti na pele a dificuldade de continuar um negócio iniciado pelo meu pai em Juti, depois de sua morte. Por isso estudei bastante o tema, e participei de um projeto piloto implantado pelo Senar/MS”, revela o profissional, que atualmente é gestor do departamento de projetos da Federação.
Subtil destaca que cabe aos patriarcas conscientizar seus sucessores sobre a importância de aperfeiçoar a atividade, levando em conta a preservação do meio ambiente e a adoção de modelos atualizados de gestão empresarial. “Enquanto representatividade do setor, o sistema Famasul tem procurado sensibilizar a comunidade rural, por meio de palestras, treinamentos e troca de informações. A resposta tem sido muito positiva e por isso, temos duas ações focadas especificamente nas jovens lideranças”, acrescenta.
Uma destas novas lideranças é o presidente do Movimento Nacional dos Produtores (MNP), Rafael Gratão, que pertence a uma família de pecuaristas na região da Nhecolândia, no Pantanal. Ele conta que já é a quarta geração a trabalhar com pecuária e analisa o perfil do jovem produtor rural. “A nova geração possui um perfil altamente tecnológico e inovador, e estão atentos às mudanças econômicas globais. Estes sucessores estão interessados em participar da sucessão familiar e podem contribuir com muita informação e projetos empreendedores”, observa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
O estudo da FAO sugere três linhas de ação para aproveitar o potencial das áreas ruraia. A primeira está relacionada à execução de políticas que garantam que os pequenos produtores possam satisfazer a demanda alimentar urbana – é o caso de medidas como o fortalecimento dos direitos à posse de terra e o acesso a crédito.
Em segundo lugar, o estudo aponta a criação de infraestrutura adequada para fazer a ligação das áreas rurais com os mercados urbanos. De acordo com o levantamento instituição,“a falta de estradas rurais, redes elétricas, galpões de armazenagem e sistemas de transporte refrigerado são um grande obstáculo para os agricultores que desejam aproveitar a demanda urbana de frutas frescas, hortaliças, carne e produtos derivados do leite”.
O relatório conclui também que os centros urbanos menores representam um mercado de alimentos “muito negligenciado”, quando, na verdade, “metade da população urbana de países em desenvolvimento vive em cidades e povoados com menos de 500 mil habitantes”.