Economia

EMPREENDEDORA

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Mulher que sonhava ser ''normalista'' passou de babá
à dona de escola

Ana Maria, que sempre sonhou em ser professora, hoje é dona do "Construindo o Saber"

VÂNYA SANTOS

02/09/2014 - 18h17
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Do sonho de ser professora à realidade de dona de uma escola, o Centro Educacional Construindo o Saber, que hoje conta com quase 500 alunos. A transformação de vida aconteceu com a pedagoga Ana Maria Moura Maia Bernardinelli, 49 anos, que envolveu o marido e os três filhos na implantação da escola. Ela sempre quis ser professora e seu desejo ficou mais aflorado no tempo em que esteve num convento, onde cuidava de crianças. Na época, ao desistir da vida religiosa, também perdeu a oportunidade de fazer um curso chamado Normalista, por falta de dinheiro e tempo. Aos 14 anos, começou a trabalhar no comércio.

“A nossa realidade era assim, crescíamos e casávamos. Eu casei bem nova e depois que tive o terceiro filho senti o desejo de voltar a estudar”. Enquanto cursava o então Magistério, Ana recebeu proposta para trabalhar numa creche e aceitou porque poderia levar sua filha. ”Assim eu me encontrei. Levava todas as propostas que eu conhecia para alfabetização e as mães viam o resultado, só que a creche me dispensou porque não tinha mais como me remunerar”, relembrou.

“Um dia eu estava em casa e a mãe de um aluno da creche bateu na minha porta. Ela perguntou por que eu não ensinava as crianças num horário, na minha casa, e se eu cobrasse barato, as mães me pagariam. Eu achei que ficaria com cinco crianças, que foi a proposta feita. Em uma semana , estava com 20 crianças e no ano seguinte, com 50”, explicou.

Ana passou a cuidar de cinco crianças. Sem recursos, usava a mesa dos filhos fazerem tarefa para trabalhar com os pequenos. Diante da demanda, Edson Bernardinelli, marido da pedagoga, fechou a varanda da casa da família com forro de madeira. Na semana seguinte, a diretora de uma escola doou uma série de mesas quebradas, que foram reformadas e envernizadas pelo casal. Foi então que Ana deu início ao processo de alfabetização, já com 25 crianças. “Eu passava todas as atividades, a mão, no caderninho de cada um”, contou.

“Expulsos de casa”

Ana conta que se sentia uma “moleca” com as crianças. A babá interagia com os pequenos e promovia brincadeiras no quintal de casa. “Eu nunca gostei de tumulto, então usava a sala da minha casa. Era interessante porque de dia funcionava a salinha de aula e eu empilhava tudo num canto. À noite, reposicionava o sofá e o espaço voltava a ser a sala da casa porque pobre já não tinha dinheiro para comprar um sofá novo e se a meninada destruísse o pouco que tinha. Era uma loucura, eu limpava tudo depois que as crianças iam embora. À noite eu estudava e voltava no último ônibus”. Ela conta que seu pai era quem ficava com seus filhos Edson Junior, Ricardo e Juliana até que seu marido retornasse do trabalho.

Ana trabalhou como babá em 1996 e, no ano seguinte, a família criou o centro recreativo. Em 1998, ela foi procurada por uma pessoa da Secretaria Municipal de Educação, que a orientou que, para crescer no empreendimento, deveria elaborar um regimento escolar e estabelecer uma proposta pedagógica. A família então investiu na proposta.

“Nós saímos de casa quando percebemos que culminou aquilo que eu sempre gostei com aquilo que deu certo para a nossa vida financeira. Então, transformamos a nossa casa num ambiente adequado para as crianças”.


Ana Maria Moura Maia Bernardinelli realizou o sonho de trabalhar com educação

Maratona

No começo, Ana desempenhava várias atividades na escola, dentre elas a de faxineira. Diante da necessidade de cursar Pedagogia, ela começou a faculdade em Campo Grande, mas concluiu em Presidente Prudente (SP), para onde viajava de 15 em 15 dias. À época, não podia se ausentar durante a semana porque as mães dos alunos do período integral precisavam que ela ficasse com as crianças até às 19h.

“Eu dividia as crianças de 4 anos numa sala e as de 5 em outra. Enquanto eu passava, a mão, em cada caderno, as atividades adequadas para uma sala, vinha uma tia para recrear, cantar, dançar, pular, brincar de roda, e eu passava para outra sala. A gente alternava”.

União da família

O marido Edson , que tinha noção financeira e administrativa, saiu do trabalho para se dedicar a escola, enquanto Ana cuidava da administração escolar.

“Nós fomos rápido para a marca de 100 alunos e tínhamos a necessidade de ampliar a estrutura. Compramos o terreno ao lado, continuamos morando de aluguel, emprestamos dinheiro de familiar, construímos, depois pegamos dinheiro a juro em banco. Acabávamos de pagar um crédito e já fazíamos outro. Até hoje trabalhamos com a mentalidade de ampliar nossa escola, temos conforto e moramos bem, mas nossa intenção é sempre investir primeiro na escola. Dez anos depois conseguimos sair do aluguel e compramos um imóvel financiado porque o dinheiro está todo na escola”, explicou.


Empreendedora com alguns de seus alunos nos primeiros anos da escola

Estrutura

Quinze anos após a criação, o Construindo o Saber ocupa 11 terrenos na Rua Barão de Limeira, Bairro Jardim das Mansões, em Campo Grande. Conta com 50 funcionários e quase 500 alunos. A instituição oferece do berçário ao 9ª ano, além de atividades, como karatê, futsal, balé, dança do ventre, jazz, teatro e laboratório de Língua Portuguesa para quem sonha em se tornar redator.

“Hoje, eu falo em ampliar o espaço físico, mas no meu coração, não gostaria de ter o ensino médio porque penso que a minha identidade é trabalhar até o 9º ano porque eu me identifico muito com a pré-adolescência”, justificou.

Ex-alunos do Construindo o Saber atualmente estão em cursos como Direito, Psicologia, Nutrição, Educação Física e Veterinária. Ana já foi mencionada em monografia de acadêmico que estudou na escola. Tem ex-aluno estudando nos EUA, um outro hoje é professor na instituição e outros dois são estagiários.

Já uma turma de ex-alunas, que concluiu o 9º ano, mas não quis parar de dançar balé na escola, criou o Grupo Naima, que se apresenta profissionalmente, em setembro, na Argentina, no Festival de Dança do Mercosul.

Sonho realizado

Foi com recurso proveniente da escola que Ana e Edson ajudaram na formação dos filhos. Junior, o mais velho dos três irmãos, é formado em Direito e cursa Medicina no Paraná; Ricardo e Juliana são bacharéis em Direito. “Como pedagoga, eu não poderia hoje ter um filho cursando Medicina porque era um sonho que ele tinha na adolescência e eu não pude oferecer. A gente percebe claramente essa porta que se abriu porque se ele está conseguindo realizar esse sonho é porque eu realizei um outro sonho. A mudança de vida vem acontecendo porque a escola nos proporciona”, ressaltou.

Ana disse que uma de suas maiores gratificações é quando vai a um evento da escola e se depara com o teatro lotado. Os alunos ficam felizes e satisfeitos, pais separados, naquele dia, se juntam. “Sou muito abençoada e faço um dia após o outro. Eu quero para amanhã, mas antes faço só o hoje”, finalizou.

Economia

Invasores do Siafi tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões só no Ministério da Gestão

Criminosos conseguiram desviar ao menos R$ 3,5 milhões, dos quais R$ 2 milhões foram recuperados.

23/04/2024 18h00

Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

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Os criminosos que invadiram o sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na execução de pagamentos, tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões do Ministério da Gestão e Inovação.

Segundo as apurações preliminares, eles conseguiram desviar no mínimo R$ 3,5 milhões do órgão, dos quais R$ 2 milhões já foram recuperados.

A invasão ao Siafi foi relevada pela Folha. O Tesouro Nacional, órgão gestor do Siafi, implementou medidas adicionais de segurança para autenticar os usuários habilitados a operar o sistema e autorizar pagamentos.

Em nota, o órgão confirmou a "utilização indevida de credenciais obtidas de modo irregular" e disse que "as tentativas de realizar operações na plataforma foram identificadas". O Tesouro afirmou ainda que as ações "não causaram prejuízos à integridade do sistema".
Integrantes do governo relatam que os criminosos realizaram três operações Pix a partir dos recursos do MGI, para três bancos diferentes.

Os investigadores conseguiram reaver os valores transferido para duas instituições, mas o maior volume, repassado para uma terceira instituição, não pôde ser recuperado porque o dinheiro já havia sido direcionado para outras contas.

Os valores em questão dizem respeito apenas ao que foi mapeado no âmbito do MGI. De acordo com investigadores da PF, os invasores conseguiram movimentar valores maiores que os R$ 3,5 milhões.

Ainda não há confirmação pública dos montantes envolvidos, nem quais órgãos foram alvo da ação criminosa. A Polícia Federal investiga o caso com apoio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Para conseguir fazer as transferências, os criminosos roubaram ao menos sete senhas de servidores que têm perfil de ordenadores de despesa --ou seja, têm permissão para emitir ordens bancárias em nome da União.

Houve tentativas de pagamento em pelo menos três órgãos: MGI, Câmara dos Deputados e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na Câmara, os criminosos não tiveram êxito porque uma série de barreiras de segurança impediu a conclusão das transações.

Segundo interlocutores que auxiliam nas investigações, gestores habilitados para fazer movimentações financeiras dentro do Siafi tiveram seus acessos por meio do gov.br utilizados por terceiros sem autorização.
As apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF e a senha do gov.br de gestores e ordenadores de despesas para operar a plataforma de pagamentos.

A Polícia Federal disse, em nota, que soube dos ataques em 5 de abril, quando começaram as apurações. As diligências são conduzidas em segredo de Justiça.

O Tesouro realizou uma reunião com diferentes agentes financeiros do governo no dia 12 de abril para comunicar a existência de um ataque ao Siafi e ao gov.br.

Segundo relatos, o órgão gestor do sistema teria informado que no fim de março, nas proximidades da Páscoa, os criminosos conseguiram se apropriar de um perfil com acesso privilegiado dentro do sistema e usaram isso para acessar ordens bancárias e alterar os ordenadores da despesa e os beneficiários dos valores.

O Tesouro chegou a suspender a emissão de ordens bancárias por meio do Pix (OB Pix), instrumento preferencial utilizado pelos invasores para desviar os recursos.

Como mostrou a Folha, a suspeita é que os invasores coletaram os dados sem autorização via sistema de pesca de senhas (com uso de links maliciosos, por exemplo). Uma das hipóteses é que essa coleta se estendeu por meses até os suspeitos reunirem um volume considerável de senhas para levar a cabo o ataque.

Outros artifícios também podem ter sido empregados pelos invasores. A plataforma tem um mecanismo que permite desabilitar e recriar o acesso a partir do CPF do usuário, o que pode ter viabilizado o uso indevido do sistema.

Na prática, os invasores conseguiram alterar a senha de outros servidores, ampliando a escala da ação.

Dadas as características, interlocutores do governo afirmam que se trata de uma ação muito bem articulada, pois apenas alguns servidores têm nível de acesso elevado o suficiente para emitir ordens bancárias em nome da União. Isso indica uma atuação direcionada por parte dos invasores.

Além disso, técnicos observam que o Siafi é um sistema complexo, pouco intuitivo, e operá-lo requer conhecimento especializado sobre a plataforma. Alguns chegaram a mencionar que há fragilidades de segurança no sistema.

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai fazer uma fiscalização para verificar as providências adotadas pelo governo para solucionar o problema.

A corte de contas já vinha realizando uma auditoria no Tesouro Nacional com o objetivo de promover a melhoria na gestão de riscos de segurança da informação, por meio da avaliação dos controles administrativos e técnicos existentes na organização.

Tá na conta

Beneficiários do INSS começam a receber a primeira parcela do 13º salário

Os depósitos referentes à primeira parcela do 13º salário para beneficiários do INSS que ganham até um salário mínimo começam a ser depositados nesta quarta-feira (24) em Mato Grosso do Sul

23/04/2024 17h15

Para saber a data exata em que irá receber a partir desta quarta-feira (24) o beneficiário poderá consultar por meio do extrato de pagamento.  Imagem Arquivo

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Em Mato Grosso do Sul, cerca de 348.217 beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) irão receber a primeira parcela do 13º salário que representa o montante de R$ 314.575.797,47. O depósito da primeira parcela será efetuado na quarta-feira (23) para quem recebe até um salário mínimo.

Para saber a data exata em que irá receber a partir desta quarta-feira (24) o beneficiário poderá consultar por meio do extrato de pagamento. 

Para aposentados, pensionistas que ganham até um salário mínimo o depósito será efetuado entre os dias 24 de abril a 8 de maio, enquanto quem possui renda mensal acima do piso nacional terá o dinheiro em conta a partir do dia 2 de maio.

No Estado, 350.162 beneficiários recebem pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) destes 104.107 correspondem a benefícios assistenciais. Nesta modalidade, que cobre aposentadorias, pensões e auxílios, representam o montante de R$ 68,2 bilhões, mais os R$ 33,4 bilhões que são do pagamento da primeira parcela do 13º salário, chega a R$ 101,6 bilhões.

Ainda, em Mato Grosso do Sul o montante para Regime Geral é de R$ 649.791.870,13 e da modalidade assistencial a quantia representa R$ 146.866.420,43.

Segundo dados do INSS, 27.640.302 pessoas recebem até um salário mínimo, enquanto 2.260.428 ganham acima do piso nacional. Deste número os benefícios assistenciais são de 5.964.306 conforme a folha de pagamento de abril. 

Como consultar

Aos usuários que não tem acesso à internet basta ligar para a Central pelo número 135. Será necessário informar o número do CPF e realizar a confirmação de informações cadastral para inibir possíveis fraudes. 

O horário de atendimento é de segunda-feira à sábado, das 8h às 21h (em Mato Grosso do Sul).

Site INSS

Por meio da internet basta acessar o portal Meu INSS  (https://meu.inss.gov.br/). Após o login clique em "Extrato de Pagamento". 

Nessa página o beneficiário terá acesso ao extrato detalhado sobre o pagamento do benefício. 

Aplicativo Meu INSS

O usuário pode baixar o aplicativo que é compatível com os sistemas Android e iOS. Também será necessário realizar o login e senha. No aplicativo é possível consultar o histórico e informações referentes ao pagamento do 13º salário.

 

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