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Capital prepara mutirão de conciliação
e ação contra grandes devedores

Dos R$ 500 mi cobrados na Justiça, R$ 300 mi são de 10% dos devedores

RENATA PRANDINI

24/09/2017 - 11h47
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Depois de anunciar o Programa de Regularização Tributária (Refis), que em outubro irá oferecer até 90% de descontos em multas e juros de tributos municipais, Campo Grande prepara mutirão de conciliação da Procuradoria-Geral do Município e ação com foco nos grandes devedores.

O mutirão de conciliação da PGM, em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), está previsto no projeto de lei encaminhado à Câmara de Vereadores que institui o Programa Conciliar é Preciso (PCP) e também “Programa para promover o Pagamento de Débitos” (PPD).

No texto, assinado pelo prefeito Marcos Trad, o Poder Executivo justifica que, o PCP, “jamais desenvolvido no município de Campo Grande”, visa aumentar a arrecadação municipal diante da crise econômica e, consequentemente, dar maior celeridade aos processos em curso na Justiça. 

Conforme levantamento apresentado, são cerca de 200 mil ações fiscais em andamento na Justiça Estadual, que correspondem a uma dívida de mais de R$ 500 milhões. Juntos, esses processos também correspondem a 38% do total de ações em tramitação na Justiça Estadual.

“Diante desse contexto, buscar-se-á a parceria com TJMS para conceder descontos àqueles que se enquadrarem no programa, bem como o auxilio na divulgação e no chamamento dos devedores”, informou justificativa para o projeto de lei.

Além do programa de conciliação, o projeto de lei também detalha o Programa Temporário para promover o Pagamento de Débitos (PPD), o Refis, que também vai oferecer descontos de até 90% em multas e juros para o pagamento de tributos municipais.

O mutirão terá duração prevista de uma semana, a partir da publicação por decreto. Nesse período, serão serão realizadas audiências de conciliação e o contribuinte, caso pagamento seja à vista, poderá extinguir na hora a sua dívida. Já o Refis terá duração de três meses. 

A estimativa é que os programas de recuperação de crédito gerem, em curto prazo, uma arrecadação de cerca de R$ 50 milhões, estimou a prefeitura. 

PEQUENOS 

O projeto de lei também propõe alteração na redação da lei de 23 de dezembro de 2009 que, segundo a justificativa, impede hoje a extinção das execuções fiscais de débitos de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1,5 mil.

“É importante registrar que a alteração legal promoverá a correção de uma incongruência normativa, uma vez que apesar de permitir o não ajuizamento de ações fiscais com valor igual ou inferior a R$ 1.500,00, não autoriza o pedido de extinção, com a respectiva baixa na distribuição, para as execuções que se enquadram no critério de não ajuizamento”, destacou.

Com isso, o Poder Executivo espera colocar fim ao grande número de processos que custam mais ao erário do que o recurso a ser recuperado.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), citado na mensagem aos vereadores, diz que o custo médio de cada ação de execução fiscal é, em geral, de R$ 4,3 mil e a probabilidade de recuperação é de 33,9%.

São aproximadamente 80 mil ações fiscais com valores igual ou inferior a R$ 1,5 mil, o que correspondem à 40% do total de processos em curso no sistema judiciário.

GRANDES 

Com a exclusão, ainda segundo o projeto de lei, é, com número menor de ações em andamento, além de tornar o sistema mais célere, poder focar nos grandes devedores.

Com o objetivo de racionalizar a cobrança dos créditos tributários e, por consequência aumentar a arrecadação municipal, também é proposta a criação do Núcleo para o Acompanhamento de Grandes Devedores (NAGD).

Hoje, 60% do valor total dos débitos ajuizados pela Fazenda Pública Municipal, ou seja, quase R$ 300 milhões, concentram-se nas mãos de apenas 10% dos devedores.

“Tal fato, por si só, justifica a necessidade de racionalização da atividade de cobrança do crédito público, com foco nos grandes devedores, o que possibilita o incremento das arrecadação fiscal”, destacou. Pelo projeto, são considerados grandes devedores aqueles com dívidas igual ou superior a R$ 50 mil. O núcleo será composto por servidores indicados pela PGM. 

DESCONTOS

O Programa de Conciliação prevê uma série de benefícios para devedores acionados judicialmente. Entre eles, descontos que vão de redução de 100% dos juros de mora incidente sobre o valor de crédito tributário e 80% do valor da multa e 100% de desconto dos juros de financiamento e dos juros de mora do crédito remanescente objeto de parcelamento para pagamentos à vista.

Também está prevista a redução de 40% dos juros de mora e da multa e redução de 100%  dos juros de financiamento e 50% dos juros de mora do crédito remanescente objeto de parcelamento para pagamento parcelado em até 18 parcelas mensais e sucessivas. 

O projeto de lei, se aprovado pelos vereadores sem alterações, também prevê descontos de 80% sobre juros de mora e 70% da multa para o pagamento até cinco parcelas e a redução de 60% no juros de mora e 50% da multa para o pagamento em até 12 vezes.

“O valor de cada parcela não poderá ser inferior a R$ 80 para pessoas físicas e a R$ 200, para pessoas jurídicas”, concluiu o texto.

No caso de adesão ao programa na modalidade de parcelamento, o processo judicial será sobrestado pelo prazo do parcelamento. Após a quitação do débito ajuizado, a PGM fará o pedido de extinção do feito.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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