Uma combinação de fatores tornou o café da manhã dos campo-grandenses até 25,26% mais caro neste ano. Redução da oferta, com quebra de safra por causa do clima, aumento das exportações e desaquecimento do mercado doméstico ajudam a compreender a inflação da primeira refeição do dia, segundo análise do coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) da Anhanguera-Uniderp, Celso Correia de Souza.
De acordo com os números do Nepes, o queijo muçarela de determinada marca custava, em média, R$ 19,90 em janeiro e, no mês passado, R$ 24,93 – alta de 25,26%. Também apresentaram aumentos (os maiores verificados por tipo de produto): margarina (14,98%, de R$ 3,43 em janeiro para R$ 3,95 em setembro); café em pó (14,52%, de R$ 5,63 para R$ 6,45); leite longa vida (9,73%, de R$ 2,45 para R$ 2,69); presunto (4,28%, de R$ 18,82 para R$ 19,63) e pão francês (3,27%, de R$ 7,42 para R$ 7,66).
O Nepes considerou 24 itens. Apenas seis deles ficaram mais baratos. Entretanto, em um recorte menor, na comparação entre os meses de setembro e agosto, a quantidade de itens deflacionados sobe para 12. A maior queda foi a do açúcar de determinada marca, que reduziu de R$ 3,24 (agosto) para R$ 3,04 (setembro).
Fatores
Mesmo com as quedas mensais, os preços seguem altos se comparados com os valores do início do ano. Esse aumento geral pode ser explicado, em parte, pela desproporção entre oferta e procura. Correia de Souza observa que os pastos estão prejudicados por causa do clima seco. Isso tem reduzido o volume disponível de leite. “O aumento do preço desse produto eleva a de seus derivados, como queijo e manteiga”, analisa.
Quanto ao café, o coordenador do Nepes afirma que também há queda na oferta, no mercado interno. O motivo, neste caso, é o aumento das vendas externas. Conforme o Departamento do Café da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Dcaf/Spae/Mapa), o volume exportado do grão cresceu 17,39% de janeiro a setembro deste ano (26,91 milhões de sacas) na comparação com os mesmos meses de 2013 (22,92 milhões de sacas).
O aquecimento das exportações encareceu o café por duas vias: a da valorização do preço internacional e o da redução do volume disponível do produto no mercado interno.
A reportagem, de Osvaldo Júnior, está na edição de hoje (20) do jornal Correio do Estado.