Economia

CRISE MAIS OU MENOS

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Bradesco vê lucro cair 7,6% no
2º tri e corta projeção de crédito

Banco divulgou que lucro no período foi de R$ 4,161 bilhões

FOLHAPRESS

28/07/2016 - 16h28
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O Bradesco informou hoje que teve lucro líquido recorrente -que exclui efeitos extraordinários- de R$ 4,161 bilhões no segundo trimestre, queda de 7,62% em relação ao mesmo período de 2015. Em relação aos três meses anteriores, houve leve crescimento de 1,17%.

A divulgação ocorre no mesmo dia em que a Justiça aceitou a denúncia contra o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco, em ação que apura fraude fiscal parte da Operação Zelotes.

O lucro contábil -que inclui ganho com eventos extraordinários e reavaliação de ativos- foi de R$ 4,134 bilhões, queda de 7,58% na comparação com o segundo trimestre de 2015 e praticamente estável em relação ao primeiro trimestre do ano (0,32%).

"Considerando o ambiente político desafiador do segundo trimestre, acreditamos que nossos principais indicadores apresentaram desempenho compatível", afirmou Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo do Bradesco.

Para analistas consultados pela reportagem, o desempenho fraco está dentro do esperado pelo mercado.
Efeitos da crise econômica, a redução da carteira de crédito e aumento da inadimplência tiveram impacto expressivo sobre o resultado do banco.

A inadimplência acima de 90 dias registrou forte alta no segundo trimestre. O índice foi de 4,6%, ante 3,7% no mesmo período de 2015 e 4,2% nos três meses anteriores. Foi o sexto trimestre seguido de alta do indicador.

O desempenho foi pior na carteira de micro, pequenas e médias empresas, cuja inadimplência passou de 4,9% no segundo trimestre de 2015 para 7,18% no trimestre encerrado em junho deste ano.

GRANDES EMPRESAS

Na carteira de grandes empresas, a inadimplência melhorou em relação ao mesmo período do ano passado -de 1% para 0,79%- mas piorou em relação ao trimestre anterior, quando o índice foi de 0,43%.
Diante da conjuntura econômica de recessão, os números ruins estão dentro do esperado e sob controle, na avaliação do Bradesco.

A redução da carteira também explicaria em parte esse aumento, ao aumentar a proporção dos clientes com problemas, disse Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado.

"Não só a carteira cresceu pouco, como os clientes foram ficando piores", diz Lenon Borges, analista da Ativa Investimentos.

A expectativa do mercado é que a inadimplência continue crescendo até atingir um pico no primeiro trimestre de 2017, quando a retomada da atividade deve provocar uma inflexão na curva.

O índice de inadimplência de 15 a 90 dias entre pessoas jurídicas também piorou. No segundo trimestre deste ano, esse número foi de 4,57%, contra 3% no mesmo período de 2015 e 3,65% no primeiro trimestre de 2016.

PIORA NOS NÚMEROS

O Bradesco atribui a piora no índice a um cliente corporativo específico, mas não revela qual. No semestre, a empresa de sondas de exploração de petróleo Sete Brasil, fornecedora da Petrobras, e o grupo de telecomunicações Oi entraram com pedidos de recuperação judicial.

O mais provável é que trate-se da Oi, na visão de analistas, uma vez que o impacto da Sete Brasil já teria sido absorvido pelo balanço do primeiro trimestre. "A preocupação é que a Oi ainda tenha impacto no próximo trimestre", diz João Augusto Salles, analista de bancos da Lopes Filho Consultoria.

O mesmo cliente também teve um forte impacto sobre as provisões do banco para perdas com calotes, cujo provisionamento foi de 100%. No trimestre encerrado em junho, essas despesas somaram R$ 31,875 bilhões -alta de 34% em relação ao mesmo período do ano passado e de 4,5% em comparação ao trimestre anterior.

"O Bradesco está muito bem provisionado. Então em termos de risco, o banco está bem adequado. O problema dele é performance, com a queda no lucro e na taxa de retorno", diz Salles.

REVISÃO

A projeção de despesas para perdas com inadimplência de clientes também foi ampliada. A projeção anterior de R$ 16,5 bilhões a R$ 18,5 bilhões foi elevada para entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões.
No primeiro semestre apenas, a conta somou R$ 10,472 bilhões, contra R$ 7,130 bilhões no mesmo período de 2015.

A revisão desse dado foi o principal problema do balanço, afirma Borges, da Ativa Investimentos. "No início do ano os bancos já haviam feito uma projeção muito negativa. Revisar essa expectativa já ruim pesou muito na avaliação do mercado", diz.

Já Evaristo Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating, acredita que a revisão foi positiva. "Isso é o banco se preparando para qualquer piora na carteira", diz.

CRÉDITO

O banco informou ainda que cortou previsões para este ano. A perspectiva de expansão da carteira de crédito foi reduzida para um intervalo de queda de 4% a estabilidade ante 2015. A estimativa anterior era de crescimento de 1% a 5%.

A revisão ocorre após o banco ter registrado recuo de 3,43% na carteira de crédito no segundo trimestre em relação a igual período de 2015, para R$ 447,492 bilhões. A queda frente ao primeiro trimestre foi de 3,39%.

A carteira de crédito consignado do banco cresceu 10,5% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 36,220 bilhões. A de financiamento imobiliário aumentou 25,5% na mesma comparação, para R$ 24,674 bilhões.

No sentido contrário, o crédito para veículos teve queda de 15,1% no segundo trimestre, para R$ 19,662 bilhões. O crédito rural caiu 20,4%, até R$ 7,687 bilhões.

SEGUROS

O desempenho dos seguros de saúde também foi ruim. Na comparação anual, as despesas com aumento de sinistralidade cresceram 16,7%, somando R$ 4,45 bilhões.

O resultado é consequência de aumento do uso do uso dos serviços e da demanda por tratamentos, reflexo da conjuntura econômica sobre a saúde da população.

O Bradesco ainda perdeu 200 mil segurados na categoria, em grande maioria pessoas que possuíam cobertura empresarial e perderam seus empregos, disse Angelotti.

A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido médio, índice que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 17,4%. No primeiro trimestre, havia sido de 17,5%, enquanto um ano antes, fora de 20,8%. A rentabilidade do primeiro trimestre já tinha sido a pior em pelo menos uma década.

O Bradesco, porém, conseguiu avanço de 3,4% nas receitas com tarifas e serviços em relação a um trimestre antes, para R$ 6,624 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2015, o montante subiu 8,3%.

As despesas administrativas e de pessoal somaram R$ 8,152 bilhões, alta de 3,6% sobre o trimestre anterior e alta de 8,1% ante um ano antes.

O resultado do Bradesco foi publicado após o banco ter concluído em 1º de julho a compra do HSBC Brasil, ao pagar R$ 16 bilhões, e emparelhou com o rival Itaú Unibanco na disputa pelo ranking de maior instituição financeira privada do país.

A integração das operações deve ser concluída em outubro, quando todas as agências HSBC Brasil passarão a ter bandeira Bradesco. Até lá, clientes do banco comprado receberão um kit com novos cartões e outras orientações.

O balanço foi divulgado um dia após o rival Santander Brasil ter publicado crescimento no lucro líquido do segundo trimestre.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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